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quinta-feira, 28 de junho de 2018

quinta-feira, 14 de junho de 2018

As 28 crenças fundamentais da igreja de Jesus

As 28 Crenças Fundamentais: 

1.As Escrituras Sagradas, o Antigo e o Novo Testamento, são a Palavra de Deus escrita, dada por inspiração divina por intermédio de santos homens de Deus que falaram e escreveram ao serem movidos pelo Espírito Santo. (2 Pedro 1:20 e 21; 2 Timóteo 3:16 e 17; Salmos 119:105; Provérbios 30:5 e 6; Isaías 8:20; João 10:35; 17:17; 1 Tessalonicenses 2:13; Hebreus 4:12).  

 2. A Trindade Há um só Deus: Pai, Filho e Espírito Santo. Uma unidade de três Pessoas coeternas. Deus é imortal, onipotente, onisciente, acima de tudo, e sempre presente. (Deuteronômio 6:4; 29:29; Mateus 28:19; 2 Coríntios 13:13; Efésios 4:4-6; 1 Pedro 1:2; 1 Timóteo 1:17; Apocalipse 14:6 e 7).  

 3. Deus Pai Deus o Eterno Pai, é o criador, o originador, o mantenedor e o soberano de toda a criação. Ele é justo e santo, compassivo e clemente, tardio em irar-Se, e grande em constante amor e fidelidade. (Gênesis 1:1; Apocalipse 4:11; 1 Coríntios 15:28; João 3:16; 1 João 4:8; 1 Timóteo 1:17: Êxodo 34:6 e 7; João 14:9).

 4. Deus Filho Deus o Filho Eterno, encarnou-Se em Jesus Cristo. 
Por meio dEle foram criadas todas as coisas, e é revelado o caráter de Deus, efetuada a salvação da humanidade, julgado o mundo. Jesus sofreu e morreu na cruz por nossos pecados. Em nosso lugar foi ressuscitado dentre os mortos e ascendeu para ministrar no santuário celestial em nosso favor. Ele virá outra vez para o livramento final do Seu povo e a restauração de todas as coisas. (João 1:1-3 e 14; 5:22; Colossenses 1:15-19; João 10:30; 14:9; Romanos 5:18; 6:23; 2 Coríntios 5:17-21; Lucas 1:35; Filipenses 2:5-11; 1 Coríntios 15:3 e 4; Hebreus 2:9-18; 4:15; 7:25; 8:1 e 2; 9:28; João 14:1-3; 1 Pedro 2:21; Apocalipse 22:20).

 5. Deus Espírito Santo Deus o Espírito Santo, desempenhou uma parte ativa com o Pai e o Filho na Criação, Encarnação e Redenção. Inspirou os escritores das Escrituras, encheu de poder a vida de Cristo, ainda hoje atrai, convence os que se mostram sensíveis e transforma os seres humanos à imagem de Deus. Concede dons espirituais à Igreja. (Gênesis 1:1 e 2; Lucas 1:35; 2 Pedro 1:21; Lucas 4:18; Atos 10:38; 2 Coríntios 3:18; Efésios 4:11 e 12; Atos 1:8; João 14:16-18 e 26; 15:26 e 27; 16:7-13; Romanos 1:1-4). 

 6. Deus é o Criador Deus é o Criador de todas as coisas e revelou nas Escrituras o relato autêntico da Sua atividade criadora. “Em seis dias fez o Senhor os Céus e a Terra” e tudo que tem vida sobre a Terra, e descansou no sétimo dia dessa primeira semana. (Gênesis 1; 2; Êxodo 20:8-11; Salmos 19:1-6; 33:6 e 9; 104; Hebreus 11:3; João 1:1-3; Colossenses 1:16 e 17). 

 7. A Natureza do Homem O homem e a mulher foram formados à imagem de Deus com individualidade e com poder e  liberdade de pensar e agir. Conquanto tenham sido criados como seres livres, cada um é uma unidade indivisível de corpo, mente e alma; e dependente de Deus quanto à vida, respiração e em tudo. Quando nossos primeiros pais desobedeceram a Deus, negaram sua dependência dEle e caíram de sua elevada posição “abaixo de Deus”. A imagem de Deus neles, foi desfigurada, e tornaram-se sujeitos à morte. Seus descendentes partilham dessa natureza caída e de suas consequências. (Gênesis 1:26-28; 2:7; Salmos 8:4-8; Atos 17:24-28; Gênesis 3; Salmos 51:5; Romanos 5:12-17; 2 Coríntios 5:19 e 20). 

 8. O Grande Conflito Toda a humanidade está agora envolvida em um grande conflito entre Cristo e Satanás, quanto ao caráter de Deus, Sua Lei e Sua soberania sobre o Universo. Esse conflito originou-se no Céu quando um ser criado, dotado de liberdade de escolha, por exaltação própria, tornou-se Satanás, o adversário de Deus e conduziu à rebelião uma parte dos anjos. Ele introduziu o espírito de rebelião neste mundo. Observado por toda a Criação, este mundo tornou-se o palco do conflito universal, dentro do qual será finalmente vindicado o Deus de amor. (Apocalipse 12:4-9; Isaías 14:12-14; Ezequiel 28:12-18; Gênesis 3; Gênesis 6-8; 2 Pedro 3:6; Romanos 1:19-32; 5:19-21; 8:19-22; Hebreus 1:4-14; 1 Coríntios 4:9). 

 9. Vida, Morte e Ressurreição de Cristo Na vida de Cristo, de perfeita obediência à vontade de Deus, e em Seu sofrimento, morte e ressurreição, Deus proveu o único meio de expiação do pecado humano, de modo que os que aceitam essa expiação, pela fé, possam ter vida eterna, e toda a Criação compreenda melhor o infinito e santo amor do Criador. (João 3:16; Isaías 53; 2 Coríntios 5:14, 15 e 19-21; Romanos 1:4; 3:25; 4:25; 8:3 e 4; Filipenses 2:6-11; 1 João 2:2; 4:10; Colossenses 2:15). 

 10. A Experiência da Salvação Em infinito amor e misericórdia, Deus fez com que Cristo Se tornasse pecado por nós, para que nEle fôssemos feitos justiça de Deus. Guiados pelo Espírito Santo reconhecemos nossa pecaminosidade, arrependemo-nos de nossas transgressões e temos fé em Jesus como Senhor e Cristo, como Substituto e Exemplo. Essa fé que aceita a salvação, advém do poder da Palavra e é o dom da graça de Deus. Por meio de Cristo somos justificados e libertados do domínio do pecado. Por meio do Espírito, nascemos de novo e somos justificados. Permanecendo nEle, tornamo-nos participantes da natureza divina e temos a certeza da salvação agora e no Juízo. (Salmos 27:1; Isaías 12:2; Jonas 2:9; João 3:16; 2 Coríntios 5:17-21; Gálatas 1:4; 2:19 e 20; 3:13; 4:4-7; Romanos 3:24-26; 4:25; 5:6-10; 8:1-4, 14, 15, 26 e 27; 10:7; 1 Coríntios 2:5; 15:3 e 4; 1 João 1:9; 2:1 e 2; Efésios 2:5-10; 3:16-19; Gálatas 3:26; João 3:3-8; Mateus 18:3; 1 Pedro 1:23; 2:21; Hebreus 8:7-12).

 11. Crescimento em Cristo Por sua morte na cruz, Jesus triunfou sobre as forças do mal. Ele que subjugou os espíritos demoníacos durante Seu ministério terrestre, quebrantou o poder deles e garantiu Sua condenação final. A vitória de Jesus nos dá a vitória sobre as forças do mal que ainda buscam controlar-nos, enquanto caminhamos com Cristo em paz, gozo e na segurança do Seu amor. Agora o Espírito Santo mora em nosso interior e nos dá poder. Continuamente consagrados a Jesus como nosso Salvador e Senhor, somos libertos do fardo de nossas ações passadas. 

Não mais vivemos nas trevas, sob o temor dos poderes do mal, da ignorância e a insensatez de nossa antiga maneira de viver. Nesta nova liberdade em Jesus, somos chamados a crescer à semelhança de Seu caráter, mantendo uma comunhão diária com Ele por meio da oração, alimentando-nos de Sua Palavra, meditando nela e na providência divina, cantando em Seu louvor, reunindo-nos para adorá-Lo e participando na missão da Igreja. Ao entregar-nos ao Seu amorável serviço por aqueles que nos rodeiam e ao testemunharmos de sua salvação, a presença constante do Senhor em nós, por meio do Espírito, transforma cada momento e cada tarefa em uma experiência espiritual. (Salmos 1:1,2; 23:4; 77:11,12; Colossenses 1:13, 14; 2:6, 14,15; Lucas 10:17-20; Efésios 5:19, 20; 6:12-18; 1 Tessalonicenses 5:23; 2 Pedro 2:9; 3:18; 2 Coríntios 3:17,18; Filipenses 3:7-14; 1 Tessalonicenses 5:16-18; Mateus 20:25-28; João 20:21; Gálatas 5:22-25; Romanos 8:38,39; 1 João 4:4; Hebreus 10:25). 
 12. A Igreja A Igreja é a comunidade de crentes que confessam a Jesus Cristo como Senhor e Salvador. Unimo-nos para prestar culto, para juntos nos instruirmos na Palavra, para celebrarmos a Ceia do Senhor, para realizarmos a proclamação mundial do Evangelho. A Igreja é a Família de Deus. A Igreja é o corpo de Cristo. (Gênesis 12:3; Atos 7:38; Mateus 21:43; 16:13-20; João 20:21 e 22; Atos 1:8; Romanos 8:15-17; 1 Coríntios 12:13-27; Efésios 1:15 e 23; 2:12; 3:8-11 e 15; 4:11-15). 

13. O Remanescente e sua Missão A Igreja universal compõe-se de todos os que verdadeiramente creem em Cristo; mas, nos últimos dias, um remanescente tem sido chamado para fora, a fim de guardar os mandamentos de Deus e a fé de Jesus. Esse remanescente anuncia a chegada da hora do Juízo, proclama a salvação por meio de Cristo e prediz a aproximação de Seu segundo advento. (Marcos 16:15; Mateus 28:18-20; 24:14; 2 Coríntios 5:10; Apocalipse 12:17; 14:6-12; 18:1-4; Efésios 5:22-27; Apocalipse 21:1-14). 

 14. Unidade no Corpo de Cristo A Igreja é um corpo com muitos membros, chamados de toda nação, tribo, língua e povo. Todos somos iguais em Cristo. Mediante a revelação de Jesus Cristo nas Escrituras, partilhamos a mesma fé e esperança e estendemos um só testemunho para todos. Essa unidade encontra sua fonte na unidade do Deus triúno, que nos adotou como Seus filhos. (Salmos 133:1; 1 Coríntios 12:12-14; Atos 17:26 e 27; 2 Coríntios 5:16 e 17; Gálatas 3:27-29; Colossenses 3:10-15; Efésios 4:1-6; João 17:20-23; Tiago 2:2-9; 1 João 5:1). 

 15. O Batismo Pelo batismo confessamos nossa fé na morte e na ressurreição de Jesus Cristo e atestamos nossa morte para o pecado e nosso propósito de andar em novidade de vida, sendo aceitos como membros por Sua Igreja. O batismo deve acontecer por imersão na água e seguir as instrução nas Escrituras Sagradas  (Mateus 3:13-16; 28:19 e 20; Atos 2:38; 16:30-33; 22:16; Romanos 6:1-6; Gálatas 3:27; 1 Coríntios 12:13; Colossenses 2:12 e 13; 1 Pedro 3:21). 

 16. A Ceia do Senhor A Ceia do Senhor é uma participação nos emblemas do corpo e do sangue de Jesus, como expressão de fé nEle, nosso Senhor e Salvador. A preparação envolve o exame de consciência, o arrependimento e a confissão. O Mestre instituiu a Cerimônia do lava-pés para representar renovada purificação, para expressar a disposição de servir um ao outro em humildade semelhante a de Cristo, e para unir nossos corações em amor. (Mateus 26:17-30; 1 Coríntios 11:23-30; 10:16 e 17; João 6:48-63; Apocalipse 3:20; João 13:1-17). 

 17. Dons e Ministérios Espirituais Deus concede a todos os membros de Sua Igreja, em todas as épocas, dons espirituais. Estes são outorgados pela atuação do Espírito Santo, o Qual distribui a cada membro como Lhe apraz, os dons provêm de todas as aptidões e ministérios de que a Igreja necessita para cumprir suas funções divinamente ordenadas. Alguns membros são chamados por Deus e dotados pelo Espírito para funções reconhecidas pela Igreja em ministérios pastorais, evangelísticos, apostólicos e de ensino. (Romanos 12:4-8; 1 Coríntios 12:9-11, 27 e 28; Efésios 4:8 e 11-16; 2 Coríntios 5:14-21; Atos 6:1-7; 1 Timóteo 2:1-3; 1 Pedro 4:10 e 11; Col. 2:19; Mateus 25:31-36).  

 18. O Dom de Profecia Um dos dons do Espírito Santo é a profecia. Esse dom é uma característica da Igreja remanescente e foi manifestado no ministério de Ellen G. White. Como a mensageira do Senhor, seus escritos são uma contínua e autorizada fonte de verdade e proporcionam conforto, orientação, instrução e correção à Igreja. (Joel 2:28 e 29; Atos 2:14-21; Hebreus 1:1-3; Apocalipse 12-17; 19:10). 

 19. A Lei de Deus Os grandes princípios da Lei de Deus são incorporados nos Dez Mandamentos e exemplificados na vida de Cristo; expressam o amor, a vontade e os propósitos de Deus acerca da conduta e das relações humanas, e são obrigatórios a todas as pessoas, em todas as épocas. Esses preceitos constituem a base do concerto de Deus com Seu povo e a norma do julgamento de Deus. (Êxodo 20:1-17; Mateus 5:17; Deuteronômio 28:1-14; Salmos 19:7-13; João 14:15; Romanos 8:1-4; 1 João 5:3; Mateus 22:36-40; Efésios 2:8). 

 20. O Sábado O bondoso Criador, após os seis dias da Criação descansou no sétimo e instituiu o Sábado para todas as pessoas, como memorial da Criação. O quarto mandamento da imutável Lei de Deus requer a observância desse Sábado do sétimo dia como dia de descanso, adoração e ministério, em harmonia com o ensino e prática de Jesus, o Senhor do Sábado. (Gênesis 2:1-3; Êxodo 20:8-11; 31:12-17; Lucas 4:16; Hebreus 4:1-11; Deuteronômio 5:12-15; Isaías 56:5 e 6; 58:13 e 14; Levíticos 23:32; Marcos 2:27 e 28). 

 21. Mordomia Somos despenseiros de Deus, responsáveis pelo uso apropriado do tempo e das oportunidades, capacidades e posses, e das bênçãos da Terra e seus recursos, que Ele colocou sob o nosso cuidado. Reconhecemos o direito de propriedade da parte de Deus, por meio de fiel serviço a Ele e a nossos semelhantes, e devolvendo os dízimos e dando ofertas para a proclamação de Seu Evangelho e para a manutenção e o crescimento de Sua igreja. (Gênesis 1:26-28; 2:15; Ageu 1:3-11; Malaquias 3:8-12; Mateus 23:23; 1 Coríntios 9:9-14).  

 22. Conduta Cristã Somos chamados para ser um povo piedoso, que pensa, sente e age de acordo com os princípios do Céu. Para que o Espírito recrie em nós o caráter de nosso Senhor, só nos envolvemos naquelas coisas que produzirão em nossa vida, pureza, saúde e alegria semelhantes às de Cristo. (I João 2:6; Efésios 5:1-13; Romanos 12:1 e 2; 1 Coríntios 6:19 e 20; 10:31; 1 Timóteo 2:9 e 10; Levíticos 11:1-47; 2 Coríntios 7:1; 1 Pedro 3:1-4; 2 Coríntios 10:5; Filipenses 4:8). 

 23. Matrimônio e Família O Casamento foi divinamente estabelecido no Éden e confirmado por Jesus como união vitalícia entre um homem e uma mulher, em amoroso companheirismo. Para o cristão, o compromisso matrimonial é com Deus, bem como com o cônjuge, e só deve ser assumido entre parceiros que partilham da mesma fé. No tocante ao divórcio, Jesus ensinou que a pessoa que se divorcia do cônjuge, a não ser por causa de fornicação, e se casa com outro, comete adultério. Deus abençoa a família e tenciona que seus membros ajudem uns aos outros a alcançarem completa maturidade. Os pais devem educar os seus filhos a amarem e obedecerem ao Senhor. (Gênesis 2:18-25; Deuteronômio 6:5-9; João 2:1-11; Efésios 5:21-33; Mateus 5:31 e 32; 19:3-9; Provérbios 22:6; Efésios 6:1-4; Malaquias 4:5 e 6; Marcos 10:11 e 12; Lucas 16:18; 1 Coríntios 7:10 e 11).  

 24. O Ministério de Cristo no Santuário Celestial Há um santuário no Céu. Nele Cristo ministra em nosso favor, tornando acessíveis aos crentes os benefícios do Seu sacrifício expiatório oferecido uma vez por todas, na cruz. Ele foi empossado como nosso grande Sumo Sacerdote e começou Seu ministério intercessório por ocasião da Sua ascensão. Em 1844, no fim do período profético dos 2.300 dias, Ele iniciou a segunda e última etapa de Seu ministério expiatório. O juízo investigativo revela aos seres celestiais quem dentre os mortos será digno de ter parte na primeira ressurreição. Também torna manifesto quem, dentre os vivos, está preparado para a trasladação ao Seu reino eterno. A terminação do ministério de Cristo assinalará o fim do tempo da graça para os seres humanos, antes do Segundo advento. (Hebreus 1:3; 8:1-5; 9:11-28; Daniel 7:9-27; 8:13 e 14; 9:24-27; Números 14:34; Ezequiel 4:6; Malaquias 3:1; Levíticos 16; Apocalipse 14:12; 20:12; 22:12).  

 25. A Segunda Vinda de Cristo A segunda vinda de Cristo é a bendita esperança da Igreja. A vinda do Salvador será literal, pessoal, visível e universal. (Tito 2:13; João 14:1-3; Atos 1:9-11; 1 Tessalonicenses 4:16 e 17; 1 Coríntios 15:51-54; 2 Tessalonicenses 2:8; Mateus 24; Marcos 13; Lucas 21; 2 Timóteo 3:1-5; Joel 3:9-16; Hebreus 9:28). 

 26. Morte e Ressurreição O salário do pecado é a morte. Mas Deus, o único que é imortal, concederá vida eterna a Seus remidos. Até aquele dia, a morte é um estado inconsciente para todas as pessoas. (1 Timóteo 6:15 e 16; Romanos 6:23; 1 Coríntios 15:51-54; Eclesiastes 9:5 e 6; Salmos 146:4; 1 Tessalonicenses 4:13-17; Romanos 8:35-39; João 5:28 e 29; Apocalipse 20:1-10; João 5:24). 

 27. O Milênio e o Fim do Pecado O milênio é o reinado de mil anos de Cristo com Seus santos, no Céu, entre a primeira e a segunda ressurreição. Durante esse tempo serão julgados os ímpios mortos. No fim desse período, Cristo com Seus Santos e a Cidade Santa descerão do Céu à Terra. Os ímpios mortos serão então ressuscitados e, com Satanás e seus anjos, cercarão a cidade; mas o fogo de Deus os consumirá e purificará a Terra. O Universo ficará assim eternamente livre do pecado e dos pecadores. (Apocalipse 20; Zacarias 14:1-4; Malaquias 4:1; Jeremias 4:23-26; 1 Coríntios 6; 2 Pedro 2:4; Ezequiel 28:18; 2 Tessalonicenses 1:7-9; Apocalipse 19:17, 18 e 21). 

 28. A Nova Terra Na Nova Terra,  em  que habita justiça, Deus proverá  um lar eterno  para  os  remidos  e um ambiente perfeito para vida, amor, alegria e aprendizado eternos em Sua presença. (2 Pedro 3:13; Gênesis 17:1-8; Isaías 35; 65:17-25; Mateus 5:5; Apocalipse 21:1-7; 22:1-5; 11:15).

Fonte: Bíblia Sagrada

quarta-feira, 13 de junho de 2018

14 Elias

14- “No espírito e virtude de Elias” Através dos longos séculos que têm passado desde o tempo de Elias, o registro da atividade de sua vida tem levado inspiração e coragem aos que têm sido chamados a permanecer pelo direito em meio de apostasia. E para nós, “para quem já são chegados os fins dos séculos” (1 Coríntios 10:11), ele tem especial significação. A História está-se repetindo. O mundo hoje tem seus Acabes e suas Jezabéis. O presente século é tão verdadeiramente um século de idolatria como aquele em que Elias viveu. Pode não haver nenhum altar externamente visível; pode não haver nenhuma imagem sobre que os olhos repousem, contudo, milhares estão seguindo após os deuses deste mundo — riquezas, fama, prazeres e as agradáveis fábulas que permitem ao homem seguir as inclinações do coração não regenerado. Multidões têm uma errônea concepção de Deus e Seus atributos, e estão servindo a um falso deus tão verdadeiramente como o estavam os adoradores de Baal. Muitos, mesmo entre os que se declaram cristãos, têm-se aliado com influências que são inalteravelmente opostas a Deus e Sua verdade. Assim, são levados a se afastarem do divino, e a exaltarem o humano. O espírito predominante em nosso tempo é de infidelidade e apostasia — espírito de professada iluminação por causa do conhecimento da verdade, mas na realidade da mais cega presunção. Teorias humanas são exaltadas, e postas onde deviam estar Deus e Sua lei. Satanás tenta homens e mulheres a desobedecerem, com a promessa de que na desobediência encontrarão liberdade e independência que os tornarão deuses. Há um visível espírito de oposição à clara Palavra de Deus, de idolátrica exaltação da sabedoria humana sobre a revelação divina. Os homens têm permitido que suas mentes se tornem tão entenebrecidas e confusas pela conformidade aos costumes e influências mundanos, que parecem haver perdido todo o poder de discriminação entre a luz e as trevas, a verdade e o erro. Tão longe têm-se afastado do caminho do direito a ponto de sustentarem as opiniões de uns poucos filósofos, assim chamados, como mais dignas de crédito do que as verdades da Bíblia. As instâncias e promessas da Palavra de Deus, suas ameaças contra a desobediência e a idolatria — tudo parece não ter poder para tocar-lhes o coração. Uma fé como a que operou em Paulo, Pedro e João, eles a consideram como coisa do passado, misticismo, e indigna da inteligência dos modernos pensadores. No princípio Deus deu Sua lei à humanidade como um meio de alcançar a felicidade e vida eterna. A única esperança de Satanás de poder frustrar o propósito de Deus é levar homens e mulheres à desobediência a essa lei; e seu constante esforço tem sido falsear seus ensinos e diminuir sua importância. Seu principal ataque tem sido a tentativa de mudar a própria lei, assim como levar os homens a violar seus preceitos enquanto professam obedecê-la. Um escritor comparou a tentativa de mudar a lei de Deus a um antigo e maldoso costume de mudar a direção da flecha indicativa numa importante junção de duas estradas. A perplexidade e contratempo que esta prática muitas vezes causava foi grande. Um marco indicativo foi construído por Deus para os que jornadeiam através deste mundo. Um braço desta tabuleta apontava espontânea obediência ao Criador como o caminho da felicidade e vida, enquanto o outro braço indicava a desobediência como a estrada da miséria e morte. O caminho da felicidade era tão claramente definido como o era o caminho da cidade de refúgio na dispensação judaica. Mas em má hora para a nossa raça, o grande inimigo de todo o bem virou a tabuleta, e multidões têm errado o caminho. Através de Moisés o Senhor instruiu os israelitas: “Certamente guardareis Meus sábados; porquanto isso é um sinal entre Mim e vós nas vossas gerações; para que saibais que Eu sou o Senhor, que vos santifica. Portanto guardareis o sábado, porque santo é para vós; aquele que o profanar certamente morrerá; porque qualquer que nele fizer alguma obra, aquela alma será extirpada do meio do povo [...] qualquer que no dia do sábado fizer obra, certamente morrerá. Guardarão pois o sábado os filhos de Israel, celebrando o sábado nas suas gerações por concerto perpétuo. Entre Mim e os filhos de Israel será um sinal para sempre; porque em seis dias fez o Senhor os céus e a Terra, e ao sétimo dia descansou, e restaurou-Se”. Êxodo 31:13-17. Nessas palavras o Senhor definiu claramente a obediência como o caminho para a cidade de Deus; mas o homem do pecado mudou o sinal indicativo, fazendo que indicasse direção errada. Ele estabeleceu o falso sábado, e levou homens e mulheres a pensar que repousando nesse falso sábado estavam obedecendo à ordem do Criador. Deus declarou que o sétimo dia é o sábado do Senhor. Quando “os céus e a Terra foram acabados”, Ele exaltou este dia como um memorial de Sua obra criadora. Repousando no sétimo dia “de toda a Sua obra que tinha feito”, “abençoou Deus o sétimo dia, e o santificou”. Gênesis 2:1-3. Por ocasião do Êxodo do Egito, a instituição sabática foi distintamente colocada perante o povo de Deus. Enquanto ainda no cativeiro, seus feitores tinham-nos tentado forçar ao trabalho no sábado, acrescentando trabalho ao requerido cada semana. Cada vez mais severas e mais inexoráveis tinham sido feitas as condições de trabalho. Mas os israelitas foram libertos do cativeiro, e levados a um lugar onde podiam observar todos os preceitos de Jeová sem serem molestados. No Sinai a lei foi proclamada; e uma cópia, em duas tábuas de pedra “escritas com o dedo de Deus” (Êxodo 31:18), foi entregue a Moisés. E através de quase quarenta anos de peregrinação, constantemente foi feito lembrar aos israelitas o dia de repouso de Deus, pela contenção da queda do maná cada sétimo dia, e a miraculosa preservação da porção dobrada que caía no dia da preparação. Antes de entrar na terra prometida, os israelitas foram admoestados por Moisés a “guardar o dia de sábado, para o santificar”. Deuteronômio 5:12. Era desígnio do Senhor que pela fiel observância do mandamento do sábado, Israel fosse continuamente lembrado de sua responsabilidade perante Ele como seu Criador e seu Redentor. Enquanto guardassem o sábado no devido espírito, a idolatria não poderia existir; mas fossem as exigências deste preceito do decálogo postas de lado como não mais vigentes, o Criador seria esquecido, e os homens adorariam a outros deuses. “Também lhes dei os Meus sábados”, declarou Deus, “para que servissem de sinal entre Mim e eles; para que soubessem que Eu sou o Senhor que os santifica”. Contudo “rejeitaram os Meus juízos, e não andaram nos Meus estatutos, e profanaram os Meus sábados; porque o seu coração andava após os seus ídolos”. Em Seu apelo para que tornassem a Ele, o Senhor lhes chamou a atenção outra vez para a importância da santificação do sábado. “Eu sou o Senhor vosso Deus”, disse Ele; “andai nos Meus estatutos, e guardai os Meus juízos, e executai-os. E santificai os Meus sábados, e servirão de sinal entre Mim e vós, para que saibais que Eu sou o Senhor vosso Deus”. Ezequiel 20:12, 16, 19, 20. Chamando a atenção de Judá para os pecados que finalmente acarretaram sobre eles o cativeiro babilônico, o Senhor declarou: “Os Meus sábados profanaste. [...] Por isso Eu derramei sobre eles a Minha indignação; com o fogo do Meu furor os consumi; fiz que o seu caminho recaísse sobre as suas cabeças”. Ezequiel 22:8, 31. Por ocasião da restauração de Jerusalém, nos dias de Neemias, a quebra do sábado foi confrontada com a severa inquirição: “Porventura não fizeram vossos pais assim, e nosso Deus não trouxe todo este mal sobre nós e sobre esta cidade? E vós ainda mais acrescentais o ardor de Sua ira sobre Israel, profanando o sábado”. Neemias 13:18. Cristo, durante Seu ministério terrestre, deu ênfase aos imperiosos reclamos do sábado; em todo o Seu ensino Ele mostrou reverência pela instituição que Ele mesmo dera. Em Seus dias o sábado tinha-se tornado tão pervertido que sua observância refletia o caráter de homens egoístas e arbitrários, antes que o caráter de Deus. Cristo pôs de lado o falso ensino pelo qual os que proclamavam conhecer a Deus O tinham deformado. Embora seguido com impiedosa hostilidade pelos rabis, Ele não pareceu sequer conformar-Se a suas exigências, mas prosseguiu retamente, guardando o sábado de acordo com a lei de Deus. Em linguagem que não pode deixar de ser compreendida, Ele testificou de Sua consideração pela lei de Jeová. “Não cuideis que Eu vim destruir a lei ou os profetas”, declarou; “não vim ab-rogar, mas cumprir. Porque em verdade vos digo que, até que o céu e a Terra passem, nem um jota ou um til se omitirá da lei, sem que tudo seja cumprido. Qualquer pois que violar um destes mais pequenos mandamentos, e assim ensinar aos homens, será chamado o menor no reino dos Céus; aquele, porém, que os cumprir e ensinar será chamado grande no reino dos Céus”. Mateus 5:17-19. Durante a dispensação cristã, o grande inimigo da felicidade do homem fez do sábado do quarto mandamento um objeto de ataque especial. Satanás diz: “Eu atravessarei os propósitos de Deus. Capacitarei meus seguidores a porem de lado o memorial de Deus, o sábado do sétimo dia. Assim, mostrarei ao mundo que o dia abençoado e santificado por Deus foi mudado. Esse dia não perdurará na mente do povo. Apagarei a lembrança dele. Porei em seu lugar um dia que não leve as credenciais de Deus, um dia que não seja um sinal entre Deus e Seu povo. Levarei os que aceitarem este dia a porem sobre ele a santidade que Deus pôs sobre o sétimo dia. “Através de meu representante, engrandecerei a mim mesmo. O primeiro dia será exaltado, e o mundo protestante receberá este sábado falso como genuíno. Através da não observância do sábado que Deus instituiu, levarei Sua lei ao menosprezo. As palavras: ‘Um sinal entre Mim e vós por todas as vossas gerações’, farei que se prestem para o meu sábado. “Assim o mundo tornar-se-á meu. Eu serei o governador da Terra, o príncipe do mundo. Controlarei assim as mentes sob meu poder para que o sábado de Deus seja um objeto especial de desprezo. Um sinal? — eu farei a observância do sétimo dia um sinal de deslealdade para com as autoridades da Terra. As leis humanas serão feitas tão rígidas que os homens e mulheres não ousarão observar o sábado do sétimo dia. Pelo temor de que lhes venha a faltar alimento e vestuário, eles se unirão com o mundo na transgressão da lei de Deus. A Terra estará inteiramente sob meu domínio”. Através do estabelecimento de um falso sábado o inimigo pensou mudar os tempos e as leis. Mas tem tido ele realmente êxito em mudar a lei de Deus? As palavras do capítulo 31 de Êxodo são a resposta. Aquele que é o mesmo ontem, hoje e eternamente declarou do sábado do sétimo dia: “É um sinal entre Mim e vós nas vossas gerações”. “Será um sinal para sempre”. Êxodo 31:13, 17. A placa virada está indicando um caminho caminho errado, mas Deus não mudou. Ele ainda é o poderoso Deus de Israel. “Eis que as nações são consideradas por Ele como a gota de um balde, e como o pó miúdo das balanças; eis que lança por aí as ilhas como a uma coisa pequeníssima. Nem todo o Líbano basta para o fogo, nem os seus animais bastam para holocaustos. Todas as nações são como nada perante Ele; Ele considera-as menos do que nada e como uma coisa vã”. Isaías 40:15-17. Ele é tão zeloso de Sua lei agora como o era nos dias de Acabe e de Elias. Mas como é esta lei desrespeitada! Vede o mundo hoje em aberta rebelião contra Deus. Esta é na verdade uma geração obstinada, carregada de ingratidão, de formalismo, de insinceridade, de orgulho e apostasia. Os homens negligenciam a Bíblia e odeiam a verdade. Jesus vê Sua lei rejeitada, Seu amor desprezado, Seus embaixadores tratados com indiferença. Ele tem falado por intermédio de Suas misericórdias, mas estas não têm sido reconhecidas; tem falado por meio de advertências, mas estas não têm sido ouvidas. O santuário da alma humana tem-se tornado lugar de não santificado intercâmbio. Egoísmo, inveja, orgulho, malícia — tudo é aí acariciado. Muitos não hesitam em escarnecer da Palavra de Deus. Os que crêem nesta Palavra logo que a lêem são postos em ridículo. Há um crescente menosprezo pela lei e a ordem, oriundo diretamente da violação das claras ordenações de Jeová. A violência e o crime são o resultado do afastamento do caminho da obediência. Vede o infortúnio e miséria de multidões que adoram no altar de ídolos, e que buscam em vão felicidade e paz. Considerai o quase universal desrespeito ao mandamento do sábado. Vede também a atrevida impiedade dos que, ao mesmo tempo que estão promulgando leis para a salvaguarda do supostamente santificado primeiro dia da semana, estão também legislando no sentido de legalizar o comércio do álcool. Revelando astuta sabedoria, eles procuram coagir a consciência dos homens, ao mesmo tempo que outorgam sua sanção a um mal que brutaliza e destrói os seres criados à imagem de Deus. É Satanás em pessoa que inspira tal legislação. Ele sabe muito bem que a maldição de Deus recairá sobre os que exaltam proposições humanas acima do divino; e faz tudo que está em seu poder para levar os homens à estrada larga que termina em destruição. Tanto tempo têm os homens cultuado opiniões humanas e humanas instituições, que o mundo inteiro, quase, está indo após os ídolos. E aquele que se tem esforçado por mudar a lei de Deus está usando todo enganoso artifício para induzir homens e mulheres a se formarem contra Deus e contra o sinal pelo qual os justos são conhecidos. Mas o Senhor não permitirá sempre que Sua lei seja quebrada e desprezada com impunidade. Tempo virá quando “os olhos altivos dos homens, serão abatidos, e a altivez dos varões será humilhada, e só o Senhor será exaltado naquele dia”. Isaías 2:11. O ceticismo pode ameaçar os reclamos da lei de Deus com zombaria e contestação. O espírito de mundanidade pode contaminar a muitos e controlar alguns; a causa de Deus pode conservar sua posição unicamente mediante grande esforço e contínuo sacrifício; mas no final a verdade triunfará gloriosamente. Na consumação da obra de Deus na Terra, a norma de Sua lei será de novo exaltada. A falsa religião pode prevalecer, a iniqüidade se generalizar, o amor de muitos esfriar, a cruz do Calvário pode ser perdida de vista, e as trevas, como um manto de morte, podem espalhar-se sobre o mundo; toda a força da corrente popular pode ser voltada contra a verdade; trama após trama pode ser formada para aniquilar o povo de Deus; mas na hora de maior perigo, o Deus de Elias levantará instrumentos humanos para dar uma mensagem que não será silenciada. Nas populosas cidades da Terra, e nos lugares onde os homens têm ido mais longe em falar contra o Altíssimo, a voz de severa repreensão será ouvida. Corajosamente, homens indicados por Deus denunciarão a união da igreja com o mundo. Com fervor chamarão a homens e mulheres para que voltem da observância de uma instituição de feitura humana para a guarda do verdadeiro sábado. “Temei a Deus e dai-Lhe glória”, proclamarão a toda nação, “porque vinda é a hora do Seu juízo. E adorai Aquele que fez o céu, e a Terra, e o mar, e as fontes das águas. [...] Se alguém adorar a besta, e a sua imagem, e receber o sinal na sua testa, ou na sua mão, também o tal beberá do vinho da ira de Deus, que se deitou, não misturado, no cálice da Sua ira”. Apocalipse 14:7-10. Deus não quebrará Seu concerto, nem alterará aquilo que saiu de Seus lábios. Sua Palavra permanecerá firme para sempre, tão inalterável como Seu trono. Por ocasião do juízo, este concerto será manifesto, claramente escrito com o dedo de Deus; e o mundo será citado perante a barra da Justiça Infinita para receber a sentença. Hoje, como nos dias de Elias, a linha de demarcação entre o povo que guarda os mandamentos de Deus e os adoradores de falsos deuses está claramente definida. “Até quando coxeareis entre dois pensamentos?” clamou Elias; “se o Senhor é Deus, segui-O; e se Baal, segui-o”. 1 Reis 18:21. E a mensagem para hoje é: “Caiu, caiu a grande Babilônia. [...] Sai dela, povo Meu, para que não sejas participante dos seus pecados, e para que não incorras nas suas pragas. Porque já os seus pecados se acumularam até ao Céu, e Deus Se lembrou das iniqüidades dela”. Apocalipse 18:2, 4, 5. Não está longe o tempo quando virá a prova a cada alma. A observância do falso sábado será imposta sobre todos. A controvérsia será entre os mandamentos de Deus e os mandamentos dos homens. Os que passo a passo têm-se rendido às exigências mundanas e se conformado a mundanos costumes, então render-se-ão aos poderes existentes, em vez de se sujeitarem ao escárnio, ao insulto, às ameaças de prisão e morte. Nesse tempo o ouro será separado da escória. A verdadeira piedade será claramente distinguida da piedade aparente e fictícia. Muitas estrelas que temos admirado por seu brilho tornar-se-ão trevas. Os que têm cingido os ornamentos do santuário, mas não estão vestidos com a justiça de Cristo, aparecerão então na vergonha de sua própria nudez. Entre os habitantes do mundo, espalhados por toda a Terra, há os que não têm dobrado os joelhos a Baal. Como as estrelas do céu, que aparecem à noite, esses fiéis brilharão quando as trevas cobrirem a Terra, e densa escuridão os povos. Na África pagã, nas terras católicas da Europa e da América do Sul, na China, na Índia, nas ilhas do mar e em todos os escuros recantos da Terra, Deus tem em reserva um firmamento de escolhidos que brilharão em meio às trevas, revelando claramente a um mundo apóstata o poder transformador da obediência a Sua lei. Mesmo agora eles estão aparecendo em toda nação, entre toda língua e povo; e na hora da mais profunda apostasia, quando o supremo esforço de Satanás for feito no sentido de que “todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e servos” (Apocalipse 13:16), recebam, sob pena de morte, o sinal de submissão a um falso dia de repouso, esses fiéis, “irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração corrompida e perversa”, resplandecerão “como astros no mundo”. Filipenses 2:15. Quanto mais escura a noite, com maior brilho eles refulgirão. Que estranha obra Elias teria feito enumerando Israel, quando os juízos de Deus estavam caindo sobre o povo apostatado Ele podia contar somente um do lado do Senhor. Mas quando disse: “Só eu fiquei, e buscam a minha vida para ma tirarem”, a palavra do Senhor o surpreendeu: “Fiz ficar em Israel sete mil: todos os joelhos que se não dobraram a Baal”. 1 Reis 19:14, 18. Que nenhum homem procure numerar Israel hoje, mas cada um tenha um coração de carne, um coração de branda simpatia, um coração que, à semelhança do coração de Cristo, se expanda para a salvação de um mundo perdido. 

terça-feira, 5 de junho de 2018

DÍZIMOS E OFERTAS O QUE VOCÊ ENTENDE

 Na economia hebreia um décimo da receita do povo era separado para o custeio do culto público de Deus. Assim Moisés declarou a Israel: “Todas as dízimas do campo, da semente do campo, do fruto das árvores, são do Senhor; santas são ao Senhor.” “Tocante a todas as dízimas de vacas e ovelhas, [...] o dízimo será santo ao Senhor”. Levítico 27:30, 32.

Mas o sistema dos dízimos não se originou com os hebreus. Desde os primitivos tempos o Senhor reivindicava como Seu o dízimo; e tal reivindicação era reconhecida e honrada. Abraão pagou dízimos a Melquisedeque, sacerdote do altíssimo Deus. Gênesis 14:20. Jacó, quando em Betel, exilado e errante, prometeu ao Senhor: “De tudo quanto me deres, certamente Te darei o dízimo”. Gênesis 28:22.

Quando os israelitas estavam prestes a estabelecer-se como nação, a lei dos dízimos foi confirmada, como um dos estatutos divinamente ordenados, da obediência ao qual dependia a sua prosperidade. O sistema dos dízimos e ofertas destinava-se a impressionar a mente dos homens com uma grande verdade — verdade de que Deus é a fonte de toda bênção a Suas criaturas, e de que a Ele é devida a gratidão do homem pelas boas dádivas de Sua providência.

Ele “dá a todos a vida, e a respiração, e todas as coisas”. Atos dos Apóstolos 17:25. O Senhor declara: “Meu é todo o animal da selva, e as alimárias sobre milhares de montanhas”. Salmos 50:10. “Minha é a prata, e Meu é o ouro.” E é Deus quem dá aos homens o poder de adquirir riquezas. Ageu 2:8. Como reconhecimento de que todas as coisas provêm dEle, o Senhor determinou que parte de Seus abundantes dons Lhe fosse devolvida em dádivas e ofertas para manterem o Seu culto.

 “As dízimas [...] são do Senhor”. Levítico 27:30. É empregada aqui a mesma forma de expressão que se encontra na lei do sábado. “O sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus”. Êxodo 20:10. Deus reservou para Si uma porção especificada do tempo do homem e de seus meios, e ninguém poderia impunemente apropriar-se de qualquer dessas coisas para seus próprios interesses.

O dízimo era dedicado exclusivamente ao uso dos levitas, a tribo que fora separada para o serviço do santuário. Mas este não era de nenhuma maneira o limite das contribuições para os fins religiosos. O tabernáculo, bem como mais tarde o templo, foi construído inteiramente pelas ofertas voluntárias; e, a fim de prover para os necessários reparos e outras despesas, Moisés determinou que todas as vezes que o povo fosse recenseado, cada um deveria contribuir com meio siclo para “o serviço do tabernáculo”.
No tempo de Neemias fazia-se anualmente uma contribuição para este fim. Êxodo 30:12-16; 2 Reis 12:4, 5; 2 Crônicas 24:4-13; Neemias 10:32, 33. De tempos em tempos eram trazidas a Deus ofertas pelo pecado e ofertas de gratidão. Estas eram apresentadas em grande número nas festas anuais. E fazia-se pelos pobres a mais liberal provisão. Mesmo antes que o dízimo pudesse ser reservado, tinha havido já um reconhecimento dos direitos de Deus.
Aquilo que em primeiro lugar amadurecia dentre todos os produtos da terra, era-Lhe consagrado. A primeira lã, quando as ovelhas eram tosquiadas; o primeiro trigo quando este era trilhado, o primeiro óleo e o primeiro vinho, eram separados para Deus. Assim também o eram os primogênitos de todos os animais; e pagava-se um resgate pelo filho primogênito.

As primícias deviam ser apresentadas diante do Senhor no santuário, e eram então dedicadas ao uso dos sacerdotes. Assim, lembrava-se constantemente ao povo que Deus era o verdadeiro proprietário de seus campos, rebanhos e gado; que Ele lhes enviava a luz do Sol e a chuva para a semeadura e a ceifa, e que tudo que possuíam era de Sua criação, e Ele os fizera mordomos de Seus bens. Reunindo-se no tabernáculo os homens de Israel, carregados com as primícias do campo, dos pomares e dos vinhedos, fazia-se um reconhecimento público da bondade de Deus.

Quando o sacerdote aceitava o donativo, o ofertante, falando como que na presença de Jeová, dizia: “Siro [Arameu] miserável foi meu pai” (Deuteronômio 26:5); e descrevia a permanência no Egito, e a aflição de que Deus livrara Israel “com braço estendido, e com grande espanto, e com sinais, e com milagres.” E dizia: “E nos trouxe a este lugar, e nos deu esta terra, terra que mana leite e mel. E eis que agora eu trouxe as primícias dos frutos da terra que Tu, ó Senhor, me deste”.
 Deuteronômio 26:5, 8-11. As contribuições exigidas dos hebreus para fins religiosos e caritativos, montavam a uma quarta parte completa de suas rendas. Uma taxa tão pesada sobre os recursos do povo poder-se-ia esperar que os reduzisse à pobreza; mas, ao contrário, a fiel observância destes estatutos era uma das condições de sua prosperidade. Sob a condição de sua obediência, Deus lhes fez esta promessa: “Por causa de vós repreenderei o devorador, para que não vos consuma o fruto da terra; e a vide no campo vos não será estéril. [...] E todas as nações vos chamarão bem-aventurados; porque vós sereis uma terra deleitosa, diz o Senhor dos exércitos”.

 Malaquias 3:11, 12. Uma notável ilustração dos resultados da retenção egoísta, mesmo das ofertas voluntárias, para não serem usadas na causa de Deus, foi dada nos dias do profeta Ageu. Depois de sua volta do cativeiro em Babilônia, os judeus empreenderam a reconstrução do templo do Senhor; mas, defrontando-se com decidida oposição por parte de seus inimigos, interromperam a obra; e uma seca rigorosa, pela qual ficaram reduzidos a real necessidade, convenceu-os de que era impossível completar a construção do templo. “Não veio ainda o tempo”, diziam, “o tempo em que a casa do Senhor deve ser edificada.” Mas uma mensagem lhes foi enviada pelo profeta do Senhor: “É para vós tempo de habitardes nas vossas casas estucadas, e esta casa há de ficar deserta? Ora pois, assim diz o Senhor dos exércitos: Aplicai os vossos corações aos vossos caminhos.

Semeais muito, e recolheis pouco; comeis, mas não vos fartais; bebeis, mas não vos saciais; vestis-vos, mas ninguém se aquece; e o que recebe salário, recebe salário num saco furado”. Ageu 1:6. E então é dada a razão: “Olhastes para muito, mas eis que alcançastes pouco; e esse pouco, quando o trouxestes para casa, Eu lhe assoprei. Por que causa? disse o Senhor dos exércitos; por causa da Minha casa, que está deserta, e cada um de vós corre à sua própria casa.

Por isso retêm os céus o seu orvalho, e a terra retém os seus frutos. E fiz vir a seca sobre a terra, e sobre os montes, e sobre o trigo, e sobre o mosto; e sobre o azeite, e sobre o que terra produz; como também sobre os homens, e sobre os animais, e sobre todo o trabalho das mãos.” “Depois daquele tempo, veio alguém a um monte de vinte medidas, e havia somente dez; vindo ao lagar para tirar cinqüenta, havia somente vinte. Feri-vos com queimadura, e com ferrugem, e com saraiva, em toda a obra das vossas mãos”. Ageu 2:16, 17.

Despertado por estas advertências, o povo se pôs a construir a casa de Deus. Então lhes veio a palavra do Senhor: “Ponde pois, Eu vos rogo, desde este dia em diante, desde o vigésimo quarto dia do mês nono, desde o dia em que se fundou o templo do Senhor, ponde o vosso coração nestas coisas. [...] Desde este dia vos abençoarei”. Ageu 2:18, 19. Diz o sábio: “Alguns há que espalham, e ainda se lhes acrescenta mais; e outros que retêm mais do que é justo, mas é para a sua perda”. Provérbios 11:24.

E a mesma lição é ensinada no Novo Testamento pelo apóstolo Paulo: “O que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia em abundância, em abundância também ceifará.” “Deus é poderoso para fazer abundar em vós toda a graça, a fim de que tendo sempre, em tudo, toda a suficiência, abundeis em toda a boa obra”. 2 Coríntios 9:6, 8.

Era intuito de Deus que Seu povo Israel fosse portador de luz a todos os habitantes da Terra. Mantendo seu culto público estavam a dar testemunho da existência e soberania do Deus vivo. E era privilégio deles sustentar este culto, como expressão de sua fidelidade e amor para com Ele. O Senhor ordenou que a difusão da luz e verdade na Terra dependesse dos esforços e das ofertas daqueles que são participantes do dom celestial.

Ele poderia ter feito dos anjos os embaixadores de Sua verdade; poderia tornar conhecida Sua vontade, assim como proclamara a lei do Sinai, com Sua própria voz; mas em Seu amor e sabedoria infinitos chamou os homens para se tornarem colaboradores Seus, escolhendo-os a fim de fazerem esta obra. Nos dias de Israel os dízimos e as ofertas voluntárias eram necessários para manterem as ordenanças do culto divino.

Deveria o povo de Deus dar menos neste tempo? O princípio estabelecido por Cristo é que nossas ofertas a Deus sejam em proporção à luz e privilégios recebidos. “A qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá, e ao que muito se lhe confiou muito mais se lhe pedirá”. Lucas 12:48. Disse o Salvador a Seus discípulos, quando os enviou: “De graça recebestes, de graça dai”. Mateus 10:8.

Aumentando-se as nossas bênçãos e privilégios — e, acima de tudo, tendo nós presente o sacrifício sem-par do glorioso Filho de Deus — não deveria a nossa gratidão ter expressão em dádivas mais abundantes a fim de levar a outros a mensagem da salvação? A obra do evangelho, ao ampliar-se, requer maior provisão para a sustentar do que era exigida antigamente; e isto torna agora a lei dos dízimos e ofertas de mais imperiosa necessidade mesmo do que sob a economia hebreia. Se o povo de Deus concorresse liberalmente para Sua causa pelas suas dádivas voluntárias, em vez de recorrer a métodos não cristãos e profanos a fim de encher o tesouro, Deus seria honrado, e muito mais pessoas seriam ganhas para Cristo. O plano de Moisés para angariar meios para a construção do tabernáculo teve grande êxito. Nenhuma insistência foi necessária. Tampouco empregou qualquer dos expedientes a que as igrejas em nosso tempo tantas vezes recorrem. Não fez uma grande festa.

Não convidou o povo para cenas de alegria, danças, diversões gerais; tampouco instituiu as loterias, nem qualquer coisa desta natureza profana, com o fim de obter meios para construir o tabernáculo de Deus. O Senhor ordenou a Moisés que convidasse os filhos de Israel a trazerem suas ofertas. Ele aceitava donativos de todos os que dessem voluntariamente, de coração. E as ofertas vieram em tão grande abundância que Moisés mandou o povo deixar de trazer, pois já haviam suprido mais do que poderia ser usado.

Deus fez dos homens os Seus administradores. A propriedade que Ele pôs em suas mãos são os meios que Ele proveu para a propagação do evangelho. Àqueles que se mostrarem mordomos fiéis Ele confiará maiores bens. Diz o Senhor: “Aos que Me honram honrarei”. 1 Samuel 2:30. “Deus ama ao que dá com alegria” (2 Coríntios 9:7), e, quando Seu povo, de coração grato, Lhe trazem seus dons e ofertas, “não com tristeza, ou por necessidade”, Sua bênção os acompanhará, conforme Ele prometeu. “Trazei todos os dízimos à casa do tesouro para que haja mantimento na Minha casa, e depois fazei prova de Mim, diz o Senhor dos exércitos, se Eu vos não abrir as janelas do Céu, e não derramar sobre vós uma bênção tal, que dela vos advenha a maior abastança”. Malaquias 3:10.  

Fonte: Profetas e Reis Velho Testamento

Os cuidados de Deus para com os pobres

O cuidado de Deus para com os pobres A fim de promover a reunião do povo para serviço religioso, bem como para se fazerem provisões aos pobres, exigia-se um segundo dízimo de todo o lucro. Com relação ao primeiro dízimo, declarou o Senhor: “Aos filhos de Levi tenho dado todos os dízimos em Israel”. Números 18:21. Mas em relação ao segundo Ele ordenou: “Perante o Senhor teu Deus, no lugar que escolher para ali fazer habitar o Seu nome, comereis os dízimos do teu grão, do teu mosto, e do teu azeite, e os primogênitos das tuas vacas e das tuas ovelhas; para que aprendas a temer ao Senhor teu Deus todos os dias”. Deuteronômio 14:23. Este dízimo, ou o seu equivalente em dinheiro, deviam por dois anos trazer ao lugar em que estava estabelecido o santuário. Depois de apresentarem uma oferta de agradecimento a Deus, e uma especificada porção ao sacerdote, os ofertantes deviam fazer uso do que restava para uma festa religiosa, da qual deviam participar os levitas, os estrangeiros, os órfãos e as viúvas. Assim, tomavam-se providências para as ações de graças e festas, nas solenidades anuais, e o povo era trazido à associação com os sacerdotes e levitas, para que pudesse receber instrução e animação no serviço de Deus. Em cada terceiro ano, entretanto, este segundo dízimo devia ser usado em casa, hospedando os levitas e os pobres, conforme Moisés dissera: “Para que comam dentro das tuas portas, e se fartem”. Deuteronômio 26:12. Este dízimo proveria um fundo para fins de caridade e hospitalidade. Outra providência, ainda, se tomou em favor dos pobres. Nada há, depois do reconhecimento dos direitos de Deus, que mais caracterize as leis dadas por Moisés do que o espírito liberal, afetuoso e hospitaleiro ordenado para com os pobres. Embora Deus houvesse prometido abençoar grandemente Seu povo, não era Seu desígnio que a pobreza fosse inteiramente desconhecida entre eles. Ele declarou que os pobres nunca se acabariam na Terra. Sempre haveria entre Seu povo os que poriam em ação a simpatia, ternura e benevolência deles. Então, como agora, as pessoas estavam sujeitas a contratempos, enfermidade e perda de propriedade; todavia, enquanto seguiram as instruções dadas por Deus, não houve mendigos entre eles, nem qualquer que sofresse fome. A lei de Deus dava aos pobres direito a certa parte dos produtos do solo. Estando com fome, tinha um homem liberdade de ir ao campo de seu vizinho, ou ao pomar ou à vinha, e comer do grão ou do fruto, para matar a fome. Foi de acordo com esta permissão que os discípulos de Jesus, ao passarem num dia de sábado por um campo de trigo, arrancaram espigas e comeram do grão. Toda respiga dos campos, pomares e vinhas, pertencia aos pobres. “Quando no teu campo segares a tua sega”, disse Moisés, “e esqueceres um molho no campo, não tornarás a tomá-lo. [...] Quando sacudires a tua oliveira, não tornarás atrás de ti a sacudir os ramos. [...] Quando vindimares a tua vinha, não tornarás atrás de ti a rebuscá-la; para o estrangeiro, para o órfão, e para a viúva será. E lembrar-te-ás de que foste servo na terra do Egito”. Deuteronômio 24:19-22; Levítico 19:9, 10. Cada sétimo ano eram tomadas providências especiais em favor dos pobres. O ano sabático, como era o mesmo chamado, começava no fim da ceifa. Na ocasião da sementeira, que se seguia à colheita, o povo não devia semear; não deviam podar a vinha na primavera; e não deviam estar na expectativa quer de ceifa quer de vindima. Daquilo que a terra produzisse espontaneamente, podiam comer enquanto novo; mas não deviam armazenar qualquer porção do mesmo em seus depósitos. A produção deste ano devia estar franqueada ao estrangeiro, ao órfão e à viúva, e mesmo aos animais do campo. Êxodo 23:10, 11; Levítico 25:5. Mas, se a terra produzia comumente apenas o bastante para suprir as necessidades do povo, como deveriam subsistir durante o ano em que nada colhessem? Para tal fim a promessa de Deus oferecia amplas provisões. “Mandarei Minha bênção sobre vós no sexto ano”, disse Ele, “para que dê fruto por três anos. E no oitavo ano semeareis, e comereis da colheita velha até ao ano nono; até que venha a sua novidade comereis a velha”. Levítico 25:21, 22. A observância do ano sabático devia ser um benefício tanto para a terra como para o povo. O solo, ficando sem ser cultivado durante um ano, produzia mais abundantemente depois. O povo estava livre dos trabalhos apertados do campo; e, conquanto houvesse vários ramos de trabalhos que podiam ser efetuados durante este tempo, todos podiam se dedicar a maior lazer, o qual oferecia oportunidade para a restauração de suas capacidades físicas para os esforços dos anos seguintes. Tinham mais tempo para a meditação e oração, para se familiarizarem com os ensinos e mandados do Senhor, e para a instrução de sua casa. No ano sabático, os escravos hebreus deviam ser postos em liberdade, e não deviam ser despedidos de mãos vazias. A instrução do Senhor foi: “Quando o despedires de ti forro, não o despedirás vazio. Liberalmente o fornecerás do teu rebanho, e da tua eira e do teu lagar; daquilo com que o Senhor teu Deus te tiver abençoado lhe darás”. Deuteronômio 15:13, 14. O salário do trabalhador devia ser pago prontamente: “Não oprimirás o jornaleiro pobre e necessitado de teus irmãos, ou de teus estrangeiros, que estão na tua terra. [...] No seu dia lhe darás o seu jornal, e o Sol se não porá sobre isso: porquanto pobre é, e sua alma se atém a isso”. Deuteronômio 24:14, 15. Instruções especiais também foram dadas concernentes ao tratamento para com os que fugiam do serviço: “Não entregarás a seu senhor o servo que se acolher a ti de seu senhor; contigo ficará no meio de ti, no lugar que escolher em alguma das tuas portas, onde lhe estiver bem; não o oprimirás”. Deuteronômio 23:15, 16. Para os pobres, o sétimo ano era um ano de livramento de dívidas. Ordenava-se aos hebreus em todo o tempo auxiliar seus irmãos necessitados, emprestando-lhes dinheiro sem juro. Tomar usura de um pobre era expressamente proibido: “Quando teu irmão empobrecer, e as suas forças decaírem, então sustentá-lo-ás, como estrangeiro e peregrino, para que viva contigo. Não tomarás dele usura nem ganho; mas do teu Deus terás temor, para que teu irmão viva contigo. Não lhe darás teu dinheiro com usura, nem darás o teu manjar por interesse”. Levítico 25:35-37. Se a dívida ficava sem ser paga até o ano da remissão, o próprio capital não podia ser recuperado. Expressamente advertia-se ao povo contra o privar os seus irmãos da necessária assistência, por causa disto: “Quando entre ti houver algum pobre de teus irmãos, [...] não endurecerás o teu coração, nem fecharás a tua mão a teu irmão que for pobre. [...] Guarda-te que não haja vil pensamento no teu coração, dizendo: Vai-se aproximando o sétimo ano, o ano da remissão; e que o teu olho seja maligno para com teu irmão pobre, e não lhe dês nada; e que ele clame contra ti ao Senhor, e que haja em ti pecado.” “Nunca cessará o pobre do meio da terra; pelo que te ordeno, dizendo: Livremente abrirás a tua mão para o teu irmão, para o teu necessitado, e para o teu pobre na tua terra”, “livremente emprestarás o que lhe falta, quanto baste para a sua necessidade”. Deuteronômio 15:7-9, 11, 8. Ninguém devia temer que sua liberalidade o levasse à necessidade. Da obediência aos mandamentos de Deus resultaria certamente prosperidade. “Emprestarás a muitas nações”, disse Ele; “mas não tomarás empréstimos; e dominarás sobre muitas nações, mas elas não dominarão sobre ti”. Deuteronômio 15:6. Depois de “sete semanas de anos”, “sete vezes sete anos”, vinha o grande ano da remissão — o jubileu. “Então [...] fareis passar a trombeta do jubileu [...] por toda a vossa terra. E santificareis o ano qüinquagésimo, e apregoareis a liberdade na terra a todos os seus moradores; ano de jubileu vos será, e tornareis, cada um à sua possessão, e tornareis, cada um à sua família”. Levítico 25:9, 10. “No mês sétimo, aos dez do mês, [...] no dia da expiação”, soava a trombeta do jubileu. Por toda a terra, onde quer que morasse o povo judeu, ouvia-se o som, convidando a todos os filhos de Jacó a darem as boas-vindas ao ano da remissão. No grande dia da expiação, oferecia-se reparação pelos pecados de Israel, e com verdadeira alegria o povo recebia o jubileu. Como no ano sabático, não se devia semear nem colher, e tudo que a terra produzisse devia ser considerado como propriedade lícita dos pobres. Certas classes de escravos hebreus — todos os que não recebiam liberdade no ano sabático — ficavam agora livres. Mas aquilo que especialmente distinguia o ano do jubileu era a reversão de toda a propriedade territorial à família do possuidor original. Por determinação especial de Deus, a terra fora dividida por sorte. Depois que a divisão fora feita, ninguém tinha a liberdade de negociar sua terra. Tampouco devia vendê-la, a menos que a pobreza o compelisse a tal; e, então, quando quer que ele ou qualquer de seus parentes desejasse resgatá-la, o comprador não devia recusar-se a vendê-la; e, não sendo remida, reverteria ao seu primeiro possuidor ou seus herdeiros, no ano do jubileu. O Senhor declarou a Israel: “A terra não se venderá em perpetuidade, porque a terra é Minha; pois vós sois estrangeiros e peregrinos comigo”. Levítico 25:23. O povo devia ser impressionado com o fato de que era a terra de Deus que se lhes permitia possuir por algum tempo; de que Ele era o legítimo possuidor, o proprietário original, e de que desejava se tivesse consideração especial pelos pobres e infelizes. A mente de todos devia ser impressionada com o fato de que os pobres têm tanto direito a um lugar no mundo de Deus como o têm os mais ricos. Tais foram as disposições tomadas por nosso misericordioso Criador a fim de diminuir o sofrimento, trazer algum raio de esperança, lampejar uma réstia de luz na vida dos que são destituídos de bens e se acham angustiados. O Senhor queria pôr obstáculo ao amor desordenado à propriedade e ao poderio. Grandes males resultariam da acumulação contínua da riqueza por uma classe, e da pobreza e degradação por outra. Sem alguma restrição, o poderio dos ricos se tornaria um monopólio, e os pobres, se bem que sob todos os aspectos perfeitamente tão dignos à vista de Deus, seriam considerados e tratados como inferiores aos seus irmãos mais prósperos. A consciência desta opressão despertaria as paixões das classes mais pobres. Haveria um sentimento de aflição e desespero que teria como tendência desmoralizar a sociedade e abrir as portas aos crimes de toda espécie. Os estatutos que Deus estabelecera destinavam-se a promover a igualdade social. As disposições do ano sabático e do jubileu em grande medida poriam em ordem aquilo que no intervalo anterior havia ido mal na economia social e política da nação. Aqueles estatutos destinavam-se a abençoar os ricos não menos que os pobres. Restringiriam a avareza e a disposição para a exaltação própria, e cultivariam um espírito nobre e de beneficência; e, alimentando a boa vontade e a confiança entre todas as classes, promoveriam a ordem social, a estabilidade do governo. Nós nos achamos todos entretecidos na grande trama da humanidade, e o que quer que possamos fazer para beneficiar e elevar a outrem, refletirá em bênçãos a nós mesmos. A lei da dependência recíproca vigora em todas as classes da sociedade. Os pobres não dependem dos ricos mais do que estes dependem daqueles. Enquanto uma classe pede participação nas bênçãos que Deus conferiu aos seus vizinhos mais ricos, a outra necessita do serviço fiel, e da força do cérebro, ossos e músculos, coisas que são o capital do pobre. Grandes bênçãos foram prometidas a Israel sob condição de obediência às instruções do Senhor. “Eu vos darei as vossas chuvas a seu tempo”, declarou Ele; “e a terra dará a sua novidade, e a árvore do campo dará o seu fruto; e a debulha se vos chegará à vindima, e a vindima se chegará à sementeira; e comereis o vosso pão a fartar, e habitareis seguros na vossa terra. Também darei paz na terra, e dormireis seguros, e não haverá quem vos espante; e farei cessar os animais nocivos da terra, e pela vossa terra não passará espada. [...] Andarei no meio de vós, e Eu vos serei por Deus, e vós Me sereis por povo. [...] Mas, se Me não ouvirdes, e não fizerdes todos estes mandamentos, [...] para invalidar o Meu concerto, [...] semeareis debalde a vossa semente, e os vossos inimigos a comerão. E porei a Minha face contra vós, e sereis feridos diante de vossos inimigos; e os que vos aborrecerem de vós se assenhorearão, e fugireis, sem ninguém vos perseguir”. Levítico 26:4-17. Muitos há que insistem com grande entusiasmo que todos os homens deviam ter participação igual nas bênçãos temporais de Deus. Mas isto não foi o propósito do Criador. A diversidade de condições é um dos meios pelos quais é desígnio de Deus provar e desenvolver o caráter. Contudo, é Seu intuito que aqueles que têm haveres terrestres se considerem simplesmente como mordomos de Seus bens, estando-lhes confiados os meios a serem empregados para o benefício dos sofredores e necessitados. Cristo disse que teremos os pobres sempre conosco; e Ele une Seu interesse com o de Seu povo sofredor. O coração de nosso Redentor compadece-se dos mais pobres e humildes de Seus filhos terrestres. Ele nos diz que são Seus representantes na Terra. Pô-los entre nós para despertar em nosso coração o amor que Ele sente pelos que sofrem e são oprimidos. A piedade e a benevolência a eles mostradas são aceitas por Cristo como se o fossem para com Ele mesmo. Um ato de crueldade ou negligência para com eles, é considerado como se fosse praticado a Ele. Se a lei dada por Deus para o benefício dos pobres houvesse continuado a ser executada, quão diferente seria a condição presente do mundo, moralmente, espiritualmente e materialmente! O egoísmo e a importância atribuída a si próprio não se manifestariam como hoje, antes cada qual alimentaria uma consideração benévola pela felicidade e bem-estar de outros; e não existiria tão extensa falta do necessário como se vê hoje em muitas terras. Os princípios que Deus ordenou impediriam os terríveis males que em todos os séculos têm resultado da opressão do rico ao pobre, e da suspeita e ódio do pobre para com o rico. Ao mesmo tempo em que poderiam impedir a acumulação de grandes riquezas, e a satisfação do luxo ilimitado, impediriam a conseqüente ignorância e degradação de dezenas de milhares, cuja servidão mal paga é exigida para acumular essas fortunas colossais. Trariam uma solução pacífica àqueles problemas que hoje ameaçam encher o mundo de anarquia e morticínio.

53 Os primeiros juízes

53- Os primeiros juízes
 Este capítulo é baseado em Juízes 6-8; 10. Depois de seu estabelecimento em Canaã, nenhum esforço vigoroso fizeram as tribos para completar a conquista da terra. Satisfeitas com o território já ganho, seu zelo se debilitou logo, e a guerra interrompeu-se. “Quando Israel cobrou mais forças, fez dos cananeus tributários; porém não os expeliu de todo”. Juízes 1:28. O Senhor havia cumprido fielmente, de Sua parte, as promessas feitas a Israel; Josué quebrara o poder dos cananeus, e distribuíra a terra às tribos. Apenas lhes restava, confiando na certeza do auxílio divino, completar a obra de desapossar os habitantes da terra. Mas isto eles deixaram de fazer. Entrando em aliança com os cananeus, transgrediram diretamente a ordem de Deus, e assim deixaram de cumprir a condição sob a qual Ele prometera colocá-los de posse de Canaã. Desde a primeira comunicação da parte de Deus a eles no Sinai, haviam sido advertidos contra a idolatria. Imediatamente depois da proclamação da lei, foi-lhes enviada esta mensagem por intermédio de Moisés, concernente às nações de Canaã: “Não te inclinarás diante dos seus deuses, nem os servirás, nem farás conforme às suas obras; antes os destruirás totalmente, e quebrarás de todo as suas estátuas. E servireis ao Senhor vosso Deus, e Ele abençoará o vosso pão e a vossa água; e Eu tirarei do meio de ti as enfermidades”. Êxodo 23:24, 25. Deu-se-lhes a certeza de que enquanto permanecessem obedientes, Deus subjugaria seus inimigos diante deles: “Enviarei o Meu terror diante de ti, desconcertando a todo o povo aonde entrares, e farei que todos os teus inimigos te virem as costas. Também enviarei vespões diante de ti, que lancem fora os heveus, os cananeus, os heteus, diante de ti. Num só ano os não lançarei fora diante de ti para que a terra se não torne em deserto, e as feras do campo se não multipliquem contra ti. Pouco a pouco os lançarei de diante de ti, até que sejas multiplicado, e possuas a terra por herança. [...] Darei nas tuas mãos os moradores da terra, para que os lances fora de diante de ti. Não farás concerto algum com eles, ou com os seus deuses. Na tua terra não habitarão, para que não te façam pecar contra Mim; se servires aos seus deuses, certamente será um laço para ti”. Êxodo 23:27-33. Estas instruções foram reiteradas da maneira mais solene por Moisés, antes de sua morte, e foram repetidas por Josué. Deus colocara Seu povo em Canaã como poderoso parapeito, para deter a onda do mal moral, a fim de que este não inundasse o mundo. Sendo fiel a Ele, era o intuito de Deus que Israel prosseguisse de vitória em vitória. Ele daria em suas mãos nações maiores e mais poderosas do que os cananeus. A promessa era: “Se diligentemente guardardes todos estes mandamentos que vos ordeno [...] também o Senhor de diante de vós lançará fora todas as nações, e possuireis nações maiores e mais poderosas do que vós. Todo o lugar que pisar a planta do vosso pé será vosso; desde o deserto, e desde o Líbano, desde o rio, o rio Eufrates, até o mar ocidental, será o vosso termo. Ninguém subsistirá diante de vós; o Senhor vosso Deus porá sobre toda a terra que pisardes o vosso terror e o vosso temor, como já vos tem dito”. Deuteronômio 11:22-25. Mas, sem consideração para com seu alto destino, preferiram o caminho da comodidade e da condescendência própria; deixaram escapar sua oportunidade para completarem a conquista da terra; e por muitas gerações foram afligidos pelos remanescentes desses povos idólatras, que, conforme predissera o profeta, eram como “espinhos nos vossos olhos”, e como “aguilhões nas vossas ilhargas”. Números 33:55. Os israelitas “se misturaram com as nações, e aprenderam as suas obras”. Ligaram-se matrimonialmente com os cananeus, e a idolatria espalhou-se como uma praga por toda a terra. “Serviram os seus ídolos, que vieram a ser-lhes um laço. Demais disso, sacrificaram seus filhos e suas filhas aos demônios. [...] E a terra foi manchada com sangue.” “Pelo que se acendeu a ira do Senhor contra Seu povo, de modo que abominou a Sua herança”. Salmos 106:34, 38, 40. Antes que se extinguisse a geração que recebera instruções de Josué, a idolatria fez pequeno avanço; mas os pais haviam preparado o caminho para a apostasia de seus filhos. O desacato às restrições do Senhor por parte daqueles que entraram na posse de Canaã, disseminou sementes de males, as quais continuaram a produzir amargos frutos por muitas gerações. Os hábitos simples dos hebreus lhes haviam assegurado saúde física; mas a associação com os gentios determinou a condescendência com o apetite e paixão, o que diminuiu gradualmente a força física e enfraqueceu as capacidades mentais e morais. Pelos seus pecados os israelitas foram separados de Deus; Sua força foi removida deles, e não mais podiam prevalecer contra seus inimigos. Assim foram levados sob a sujeição das mesmas nações que por intermédio de Deus haviam subjugado. “Deixaram ao Senhor Deus de seus pais, que os tirara da terra do Egito” (Juízes 2:12), “e os guiou pelo deserto como a um rebanho”. Salmos 78:52. “Pois Lhe provocaram a ira com os seus altos, e despertaram-Lhe o zelo com as suas imagens de escultura”. Salmos 78:58. Portanto o Senhor “desamparou o tabernáculo em Siló, a tenda que estabelecera como Sua morada entre os homens. E deu a Sua força em cativeiro; e a Sua glória à mão do inimigo”. Salmos 78:60, 61. Todavia Ele não desamparou completamente o Seu povo. Houve sempre uns remanescentes que eram fiéis a Jeová; e de tempos em tempos o Senhor suscitava homens fiéis e valentes para derribar a idolatria e livrar os israelitas de seus inimigos. Mas quando morria o libertador, e o povo ficava livre de sua autoridade, voltavam gradualmente aos seus ídolos. E assim a história de apostasias e castigos, de confissão e livramento, repetia-se reiteradas vezes. O rei da Mesopotâmia, o rei de Moabe, e depois destes os filisteus e os cananeus de Hazor, guiados por Sísera, tornaram-se por seu turno os opressores de Israel. Otniel, Sangar, Eúde, Débora e Baraque foram levantados como libertadores de seu povo. Mas, de novo, “os filhos de Israel fizeram o que parecia mal aos olhos do Senhor, e o Senhor os deu na mão dos midianitas”. Até ali a mão do opressor não havia caído senão levemente sobre as tribos que moravam ao este do Jordão; mas na presente calamidade foram os primeiros a sofrer. Os amalequitas ao sul de Canaã, bem como os midianitas na sua fronteira oriental e nos desertos além, eram ainda os implacáveis inimigos de Israel. Esta última nação havia sido quase destruída pelos israelitas nos dias de Moisés; mas desde então aumentaram grandemente, e se tornaram numerosos e poderosos. Tinham tido sede de vingança; e agora que a mão protetora de Deus se retirara de Israel, chegara a oportunidade. Não somente as tribos ao este do Jordão, mas todo o país sofreu com suas devastações. Os habitantes selvagens e cruéis do deserto, numerosos “como gafanhotos” (Juízes 6:5), vinham como enxame sobre a terra, com seus rebanhos e gado. Como uma praga devoradora, espalhavam-se pelo país, desde o rio Jordão até à planície filisteia. Vinham logo que as searas começavam a amadurecer e ficavam até que os últimos frutos da terra fossem colhidos. Despojavam os campos de seus produtos, e roubavam e maltratavam os habitantes; e então voltavam aos desertos. Assim os israelitas que moravam em território aberto eram obrigados a abandonar suas casas, e a congregar-se nas cidades muradas, a fim de procurar refúgio nas fortalezas, e mesmo a encontrar abrigo nas cavernas e no recesso das rochas, entre as montanhas. Por sete anos continuou esta opressão, e então, como o povo em sua angústia atendesse à reprovação do Senhor, e confessasse seus pecados, Deus levantou de novo um auxiliador para eles. Gideão era filho de Joás, da tribo de Manassés. A divisão a que esta família pertencia não mantinha posição de destaque, mas a casa de Joás distinguia-se pela coragem e integridade. Quanto a seus valorosos filhos é dito: “Cada um ao parecer, como filhos de um rei”. Juízes 8:18. Todos, com exceção de um, haviam tombado nas lutas contra os midianitas, e ele fizera com que seu nome fosse temido pelos invasores. A Gideão veio o chamado divino para libertar seu povo. Estava ocupado na ocasião a trilhar o trigo. Uma pequena quantidade deste cereal fora escondida, e, não ousando ele batê-lo na eira comum, recorrera a um local próximo do lagar; pois, estando ainda longe o tempo do amadurecimento das uvas, pouca observação se dava agora às vinhas. Enquanto Gideão trabalhava em segredo e silêncio, meditava com tristeza na condição de Israel, e considerava como o jugo do opressor poderia ser quebrado de seu povo. Subitamente o “Anjo do Senhor” apareceu, e a ele Se dirigiu com estas palavras: “O Senhor é contigo, varão valoroso.” “Ai, Senhor meu”, foi a resposta, “se o Senhor é conosco, por que tudo isto nos sobreveio? e que é feito de todas as Suas maravilhas que nossos pais nos contaram, dizendo: Não nos fez o Senhor subir do Egito? Porém agora o Senhor nos desamparou, e nos deu na mão dos midianitas.” O mensageiro do Céu replicou: “Vai nesta tua força, e livrarás Israel da mão dos midianitas; porventura não te enviei Eu?” Gideão desejou algum sinal de que Aquele que agora Se lhe dirigia era o Anjo do Concerto, que, nos tempos passados, havia agido em prol de Israel. Anjos de Deus, que tiveram comunhão com Abraão, demoraram-se certa vez em sua casa a fim de participar de sua hospitalidade; e Gideão agora roga ao Mensageiro divino que fique como o seu hóspede. Indo apressadamente à sua tenda, preparou de seu escasso suprimento um cabrito e bolos asmos, que trouxe e pôs diante dEle. Mas o Anjo ordenou-lhe: “Toma a carne e os bolos asmos, e põe-os sobre esta penha e verte o caldo.” Assim fez Gideão, e então foi dado o sinal que ele desejara: com o cajado que tinha na mão o Anjo tocou a carne e os bolos asmos, e uma chama que irrompeu da pedra consumiu o sacrifício. Então o Anjo desapareceu de sua vista. O pai de Gideão, Joás, que partilhava da apostasia de seus patrícios, construíra em Ofra, onde morava, um grande altar a Baal, junto ao qual o povo da cidade adorava. Foi ordenado a Gideão destruir este altar, e erguer um altar a Jeová, sobre a rocha em que a oferta fora consumida, e ali apresentar um sacrifício ao Senhor. A oferta de sacrifício a Deus fora confiada aos sacerdotes, e se restringira ao altar em Siló; mas Aquele que estabelecera o culto ritual e para quem todas as ofertas daquele culto apontavam, tinha poder para mudar as estipulações do mesmo. O livramento de Israel deveria ser precedido por um protesto solene contra o culto de Baal. Gideão devia declarar guerra contra a idolatria, antes de sair para batalhar com os inimigos de seu povo. A determinação divina foi fielmente posta em prática. Sabendo Gideão que encontraria oposição se aquilo fosse tentado abertamente, levou a efeito o trabalho em segredo; com auxílio de seus servos, fez tudo em uma noite. Grande foi a raiva dos homens de Ofra ao virem eles, na manhã seguinte, a prestar suas devoções a Baal. Teriam tirado a vida de Gideão, caso não houvesse Joás (a quem havia sido referida a visita do Anjo) tomado a defesa de seu filho. “Contendereis vós por Baal?” disse Joás. “Livrá-lo-eis vós? Qualquer que por ele contender ainda esta manhã será morto; se é deus, por si mesmo contenda; pois derribaram o seu altar.” Se Baal não podia defender seu próprio altar, como se poderia confiar que ele protegesse seus adoradores? Todos os pensamentos de violência para com Gideão se dissiparam; e, quando ele fez soar a trombeta de guerra, os homens de Ofra acharam-se entre os primeiros a reunir-se sob sua bandeira. Arautos foram expedidos à sua própria tribo de Manassés e também para Aser, Zebulom e Naftali, e todos corresponderam ao chamado. Gideão não ousou colocar-se à frente do exército sem ainda novas provas de que Deus o chamara para este trabalho, e de que seria com ele. Ele orou: “Se hás de livrar a Israel por minha mão, como tens dito, eis que eu porei um velo de lã na eira; se o orvalho estiver somente no velo, e secura sobre toda a terra, então conhecerei que hás de livrar a Israel por minha mão como tens dito.” Pela manhã, o velo estava úmido, enquanto a terra estava seca. Mas então surgiu uma dúvida, visto que a lã naturalmente absorve a umidade quando há alguma no ar; a prova não poderia ser decisiva. Daí o pedir ele que o sinal fosse invertido, rogando que sua extrema precaução não desagradasse ao Senhor. Seu pedido foi satisfeito. Assim encorajado, Gideão guiou suas forças a dar combate aos invasores. “Todos os midianitas e amalequitas, e os filhos do oriente se ajuntaram num corpo, e passaram, e puseram o seu campo no vale de Jezreel.” A força total sob o comando de Gideão contava apenas trinta e dois mil homens; mas, com o vasto exército dos inimigos estendendo-se diante dele, veio-lhe a palavra do Senhor: “Muito é o povo que está contigo, para Eu dar aos midianitas em sua mão; a fim de que Israel se não glorie contra Mim, dizendo: A minha mão me livrou. Agora pois apregoa aos ouvidos do povo, dizendo: Quem for covarde e medroso, volte, e vá-se apressadamente das montanhas de Gileade.” Aqueles que não estavam dispostos a enfrentar perigos e dificuldades, ou cujos interesses mundanos atraíam da obra de Deus seu coração, não acrescentariam força aos exércitos de Israel. Sua presença mostrar-se-ia apenas uma causa de fraqueza. Estabelecera-se como lei de Israel que, antes de irem à guerra, se fizesse a seguinte proclamação em todo o exército: “Qual é o homem que edificou casa nova e ainda a não consagrou? vá, e torne-se à sua casa, para que porventura não morra na peleja e algum outro a consagre. E qual é o homem que plantou uma vinha e ainda não logrou fruto dela? vá, e torne-se à sua casa, para que porventura não morra na peleja e algum outro o logre. E qual é o homem que está desposado com alguma mulher e ainda a não recebeu? vá, e torne-se à sua casa, para que porventura não morra na peleja e algum outro homem a receba.” E os oficiais deviam falar ainda ao povo, dizendo: “Qual é o homem medroso, e de coração tímido? vá, e torne-se à sua casa, para que o coração de seus irmãos se não derreta como o seu coração”. Deuteronômio 20:5-8. Pelo fato de seu exército ser tão pequeno em comparação com o do inimigo, Gideão se abstivera de fazer a proclamação usual. Ficou surpreso com a declaração de que seu exército era por demais grande. Mas o Senhor via o orgulho e a incredulidade que existiam no coração de Seu povo. Despertos pelos apelos estimulantes de Gideão, alistaram-se com prontidão; mas muitos ficaram cheios de medo quando viram as multidões dos midianitas. Entretanto, caso houvesse Israel triunfado, esses mesmos teriam tomado a glória para si próprios, em vez de atribuírem a vitória a Deus. Gideão obedeceu à determinação do Senhor, e com coração pesaroso viu vinte e dois mil, ou mais de dois terços de sua força total, partirem para casa. De novo veio a ele a palavra do Senhor: “Ainda muito povo há; faze-os descer às águas, e ali tos provarei; e será que, aquele de que Eu te disser: Este irá contigo, esse contigo irá; porém todo aquele, de que Eu te disser: Esse não irá contigo, esse não irá.” O povo foi levado ao lado da água, na expectativa de fazer um avanço imediato ao inimigo. Alguns apressadamente tomaram um pouco de água na mão e a beberam enquanto andavam; mas quase todos se curvaram sobre os joelhos e comodamente beberam da superfície da corrente. Os que tomaram água com as mãos foram apenas trezentos dentre os dez mil; todavia estes foram escolhidos; a todo o resto foi permitido voltar para casa. O caráter muitas vezes é provado pelo meio mais simples. Aqueles que em tempo de perigo estavam preocupados com suprir suas necessidades, não eram os homens em quem se poderia confiar em uma emergência. O Senhor não tem lugar em Sua obra para os indolentes e condescendentes consigo mesmos. Os homens de Sua escolha foram os poucos que não permitiram que suas necessidades os detivessem no desempenho do dever. Os trezentos homens escolhidos não somente possuíam coragem e domínio próprio, mas eram homens de fé. Não se haviam contaminado com a idolatria. Deus os poderia dirigir, e por meio deles operar o livramento para Israel. O êxito não depende do número. Deus pode livrar tanto com poucos como com muitos. Ele é honrado nem tanto pelo grande número como pelo caráter daqueles que O servem. Os israelitas estavam estacionados no cume de uma colina sobranceira ao vale em que se acampavam as hostes dos invasores. “E os midianitas, e amalequitas, e todos os filhos do oriente jaziam no vale como gafanhotos em multidão; e eram inumeráveis os seus camelos, como a areia que há na praia do mar em multidão”. Juízes 7:12. Gideão tremeu ao pensar no conflito do dia seguinte. Mas o Senhor falou-lhe à noite, e ordenou-lhe que, juntamente com Pura, seu auxiliar, descesse ao acampamento dos midianitas, dando a entender que ali ele ouviria algo para a sua animação. Ele foi, e esperando nas trevas e silêncio, ouviu um soldado relatar um sonho a seu companheiro: “Eis que um pão de cevada torrado rodava pelo arraial dos midianitas, e chegava até às tendas, e as feriu, e caíram, e as transtornou de cima para baixo; e ficaram abatidas.” O outro respondeu com palavras que agitaram o coração do ouvinte invisível: “Não é isto outra coisa, senão a espada de Gideão, filho de Joás, varão israelita. Deus tem dado na sua mão aos midianitas, e a todo este arraial.” Gideão reconheceu a voz de Deus falando-lhe por meio desses estrangeiros midianitas. Voltando aos poucos homens ao seu comando, disse: “Levantai-vos, porque o Senhor tem dado o arraial dos midianitas nas vossas mãos.” Por direção divina foi-lhe sugerido um plano de ataque, o qual imediatamente ele se pôs a executar. Os trezentos homens foram divididos em três companhias. A cada homem foi dada uma trombeta, e um archote escondido em um cântaro de barro. Os homens foram estacionados de tal maneira que se aproximassem do arraial midianita de diferentes direções. Tarde da noite, a um sinal da corneta de guerra de Gideão, as três companhias soaram suas trombetas; então, quebrando os cântaros, e ostentando os fachos luzentes, precipitaram-se sobre o inimigo com o terrível grito de guerra: “Espada do Senhor, e de Gideão.” O exército, que dormia, despertou subitamente. De todos os lados via-se a luz dos archotes em chamas. Em todas as direções ouvia-se o som das trombetas, com o clamor dos assaltantes. Julgando-se sob o ataque de uma força esmagadora, os midianitas ficaram tomados de pânico. Com gritos selvagens de espanto fugiram para salvar a vida, e, tomando seus próprios companheiros como inimigos, mataram-se uns aos outros. Espalhando-se a notícia da vitória, milhares de homens de Israel que haviam sido despedidos para suas casas, voltaram, e uniram-se em perseguição do inimigo que fugia. Os midianitas se encaminhavam para o Jordão, esperando atingir seu próprio território além do rio. Gideão enviou mensageiros à tribo de Efraim, incitando-os a interceptarem aos fugitivos a passagem para os vaus do sul. Nesse ínterim, com seus trezentos, “cansados, mas ainda perseguindo”, Gideão atravessou o rio, logo após aqueles que já haviam ganho a margem oposta. Os dois príncipes, Zeba e Salmuna, que haviam estado no comando de todo o exército, e que escaparam com uma força de quinze mil homens, foram surpreendidos por Gideão, sendo essa força completamente dispersa, e os chefes capturados e mortos. Nesta formidável derrota, pereceram nada menos de cento e vinte mil dos invasores. Quebrou-se o poder dos midianitas, de modo que nunca mais puderam fazer guerra contra Israel. As notícias espalharam-se rapidamente por longe e perto, de que o Deus de Israel de novo combatera por Seu povo. Palavra alguma pode descrever o terror das nações circunvizinhas, quando souberam quão simples meio prevalecera contra o poder de um povo ousado e guerreiro. O dirigente a quem Deus escolhera para subverter os midianitas, não ocupava posição preeminente em Israel. Não era príncipe, sacerdote, nem levita. Julgava-se o menor na casa de seu pai. Mas Deus viu nele um homem de coragem e integridade. Não confiava em si próprio, e queria seguir a direção do Senhor. Deus nem sempre escolhe para a Sua obra homens dos maiores talentos; antes escolhe os que melhor pode usar. “Diante da honra vai a humildade”. Provérbios 15:33. O Senhor pode operar com mais eficácia por meio daqueles que se acham mais cônscios de sua própria insuficiência, e que confiarão nEle como seu dirigente e fonte de poder. Ele os tornará fortes, unindo sua fraqueza ao Seu poder, e sábios ligando sua ignorância à Sua sabedoria. O Senhor poderia fazer muito mais por Seu povo, se este acalentasse a verdadeira humildade; mas poucos há a quem possa ser confiada grande medida de responsabilidade ou êxito, sem que se tornem confiantes em si mesmos e esquecidos de sua dependência de Deus. É por isto que, ao escolher os instrumentos para Sua obra, o Senhor despreza aqueles que o mundo honra como grandes, talentosos e brilhantes. Estes muitas vezes são orgulhosos e confiantes em sua própria competência. Acham-se capazes de agir sem o conselho de Deus. O simples ato de fazer soar a trombeta, pelo exército de Josué, à roda de Jericó, bem como pelo pequeno grupo de Gideão, em redor das hostes de Midiã, foi eficaz pelo poder de Deus para transtornar a força de seus inimigos. O plano mais completo que tenham os homens imaginado, independente do poder e sabedoria de Deus, mostrar-se-á um fracasso, ao passo que os métodos menos promissores terão êxito se forem divinamente indicados, e executados com humildade e fé. A confiança em Deus e a obediência à Sua vontade são tão necessárias ao cristão na luta espiritual como a Gideão e a Josué nos seus combates com os cananeus. Pelas repetidas manifestações de Seu poder em prol de Israel, queria Deus levá-los a ter fé nEle — a fim de buscarem Seu auxílio, com toda a confiança, em todas as emergências. Ele está precisamente tão disposto a agir pelos esforços de Seu povo, hoje, e realizar grandes coisas por meio de fracos agentes. O Céu todo aguarda o nosso pedido de Sua sabedoria e força. Deus é “poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos”. Efésios 3:20. Gideão voltou da perseguição aos inimigos da nação para encontrar censura e acusação por parte de seus próprios compatriotas. Quando ao seu chamado os homens de Israel foram arregimentados contra os midianitas, a tribo de Efraim ficara atrás. Consideravam aquele esforço como uma ação perigosa; e, como Gideão não lhes fizesse uma convocação especial, aproveitaram-se desta desculpa para não se unirem a seus irmãos. Mas, quando a notícia da vitória de Israel chegou a eles, os efraimitas ficaram com ciúmes, porque não haviam participado da mesma. Depois da derrota dos midianitas, os homens de Efraim haviam por determinação de Gideão se apoderado dos vaus do Jordão, impedindo assim a escapada dos fugitivos. Por este meio grande número de inimigos foram mortos, entre os quais estavam dois príncipes, Orebe e Zeebe. Assim, os homens de Efraim acompanharam o combate e auxiliaram na completa vitória. Não obstante, ficaram com inveja e irados, como se Gideão fora levado pela sua própria vontade e juízo. Não discerniram a mão de Deus na vitória de Israel, não apreciaram Seu poder e misericórdia no livramento deles; e este mesmo fato demonstrou-os indignos de serem escolhidos como Seus instrumentos especiais. Voltando com os troféus da vitória, raivosamente censuraram a Gideão: “Que é isto que nos fizeste, que não nos chamaste, quando foste pelejar contra os midianitas?” “Que mais fiz eu agora do que vós?” disse Gideão. “Não são porventura os rabiscos de Efraim melhores do que a vindima de Abiezer? Deus vos deu na vossa mão aos príncipes dos midianitas, Orebe e Zeebe; que mais pude eu logo fazer do que vós?” O espírito de inveja poderia facilmente ter provocado uma contenda que haveria causado lutas e morticínio; mas a resposta modesta de Gideão abrandou a ira dos homens de Efraim, e eles voltaram em paz para casa. Firme e intransigente onde havia uma questão de princípios, e na guerra “varão valoroso”, Gideão possuía também um espírito de cortesia que raramente se vê. O povo de Israel, em gratidão pelo seu livramento dos midianitas, propôs a Gideão que ele se tornasse seu rei, e que o trono se confirmasse aos seus descendentes. Essa proposta estava em direta violação dos princípios da teocracia. Deus era o rei de Israel, e para este a colocação de um homem no trono seria a rejeição de seu Soberano divino. Gideão reconheceu este fato; sua resposta mostra quão verdadeiros e nobres eram os seus intuitos. “Sobre vós eu não dominarei”, declarou ele, “nem tão pouco meu filho sobre vós dominará; o Senhor sobre vós dominará.” Mas Gideão caiu em outro erro, que acarretou desgraça à sua casa e a todo o Israel. O perigo de inatividade que se segue a uma grande luta acha-se muitas vezes repleto de maiores perigos do que o tempo de conflito. A este perigo estava Gideão agora exposto. Um espírito de inquietação o possuiu. Até ali se contentara com realizar o que Deus lhe determinava; mas agora, em vez de esperar guia divina, começou a fazer planos por si mesmo. Havendo os exércitos do Senhor ganho uma assinalada vitória, Satanás redobrara seus esforços para transtornar a obra de Deus. Assim, idéias e planos foram sugeridos à mente de Gideão, pelos quais o povo de Israel se transviou. Porque lhe houvesse sido mandado oferecer sacrifício sobre a pedra onde o anjo lhe aparecera, concluiu Gideão que ele fora designado para oficiar como sacerdote. Sem esperar a aprovação divina, decidiu-se a arranjar um lugar conveniente, e instituir um sistema de culto semelhante àquele que se levava a efeito no tabernáculo. Com o forte sentimento popular a seu favor, não encontrou dificuldade ao executar seus planos. A seu pedido, todos os pendentes de ouro tomados aos midianitas lhe foram dados como sua participação do despojo. O povo também reuniu muitos outros materiais custosos, juntamente com as vestes ricamente adornadas dos príncipes de Midiã. Com o material assim fornecido, Gideão confeccionou um éfode e um peitoral, imitando os que eram usados pelo sumo sacerdote. Sua conduta demonstrou-se uma cilada para ele próprio e sua família, bem como a Israel. Aquele culto não autorizado levou muitos do povo afinal a esquecerem-se inteiramente do Senhor e servir aos ídolos. Depois da morte de Gideão, grande número de pessoas, entre as quais estava a sua própria família, uniu-se a esta apostasia. O povo desviou-se de Deus pelo mesmo homem que uma ocasião vencera a idolatria. Poucos há que se compenetram de quão grande alcance é a influência de suas palavras e atos. Quantas vezes os erros dos pais produzem os mais desastrosos efeitos em seus filhos, e descendentes destes, muito tempo depois que os próprios autores foram postos nos túmulos! Cada um exerce uma influência sobre os outros, e será responsável pelo resultado dessa influência. Palavras e ações têm um poder eloqüente, e a longa vida do além mostrará o efeito de nossa vida aqui. A impressão produzida por nossas palavras e ações reagirá certamente sobre nós, trazendo bênção ou maldição. Tal pensamento confere uma terrível solenidade à vida, e deve atrair-nos a Deus, com humilde oração, a fim de que Ele nos guie pela Sua sabedoria. Aqueles que ocupam as mais elevadas posições podem transviar outros. Os mais sábios erram; os mais fortes podem vacilar e tropeçar. Há necessidade de que constantemente se derrame em nosso caminho a luz do alto. Nossa única segurança está em confiar nosso caminho implicitamente Àquele que disse: “Segue-Me.” Depois da morte de Gideão, “os filhos de Israel se não lembraram do Senhor seu Deus, que os livrara da mão de todos os seus inimigos em redor. Nem usaram de beneficência com a casa de Jerubaal, a saber, de Gideão, conforme a todo o bem que ele usara com Israel”. Esquecidos de tudo que deviam a Gideão, seu juiz e libertador, o povo de Israel aceitou seu filho Abimeleque, de nascimento vil, como seu rei, o qual, para sustentar seu poderio, assassinou todos os filhos legítimos de Gideão, com exceção de um. Quando os homens rejeitam o temor de Deus, não demora afastarem-se da honra e da integridade. Uma apreciação da misericórdia do Senhor determinará a apreciação daqueles que, como Gideão, foram usados como instrumentos para abençoar Seu povo. A conduta cruel por parte de Israel para com a casa de Gideão, foi o que se poderia esperar de um povo que manifestava tamanha ingratidão para com Deus. Depois da morte de Abimeleque, o governo dos juízes que temiam ao Senhor serviu durante algum tempo para impedir a idolatria; mas não muito tempo depois o povo voltou às práticas das comunidades gentílicas que em redor deles havia. Entre as tribos do norte, os deuses da Síria e Sidom tinham muitos adoradores. Ao sudoeste os ídolos dos filisteus, e a leste os de Moabe e Amom haviam desviado os corações de Israel do Deus de seus pais. A apostasia, porém, de imediato trouxe o seu castigo. Os amonitas subjugaram as tribos orientais, e, atravessando o Jordão, invadiram o território de Judá e Efraim. Ao oeste, os filisteus subiram de sua planície ao lado do mar, queimando e pilhando por toda parte. Novamente Israel pareceu achar-se abandonado ao poder de seus inimigos implacáveis. De novo o povo procurou auxílio dAquele a quem tanto haviam abandonado e insultado. “Os filhos de Israel clamaram ao Senhor, dizendo: Contra Ti havemos pecado, porque deixamos a nosso Deus, e servimos aos baalins”. Juízes 10:10-16. Mas a tristeza não operara o verdadeiro arrependimento. O povo lamentava porque seus pecados lhes haviam acarretado sofrimento, mas não porque tivessem desonrado a Deus pela transgressão de Sua santa lei. O verdadeiro arrependimento é mais que tristeza pelo pecado. É uma decidida renúncia ao mal. O Senhor lhes respondeu por um de Seus profetas: “Porventura dos egípcios, e dos amorreus, e dos filhos de Amom, e dos filisteus, e dos sidônios, e dos amalequitas e dos maonitas, que vos oprimiam, quando a Mim clamastes, não vos livrei Eu então da sua mão? Contudo vós Me deixastes a Mim, e servistes a outros deuses, pelo que não vos livrarei mais. Andai, e clamai aos deuses que escolhestes; que vos livrem eles no tempo do vosso aperto.” Essas solenes e terríveis palavras transportam o espírito para outra cena: o grande dia do juízo final, em que os que rejeitaram a misericórdia de Deus e desprezaram Sua graça serão trazidos em face de Sua justiça. Naquele tribunal devem prestar contas os que dedicaram os talentos que Deus lhes deu — de tempo, meios ou inteligência — ao serviço dos deuses deste mundo. Deixaram seu verdadeiro e amoroso Amigo, para seguirem o caminho da conveniência e dos prazeres mundanos. Tencionavam em algum tempo voltar a Deus; mas o mundo, com suas loucuras e enganos, absorveu-lhes a atenção. Os divertimentos frívolos, o orgulho no vestir, a satisfação do apetite, lhes endureceram o coração e embotaram a consciência, de maneira que não ouviram a voz da verdade. Foi desprezado o dever. Coisas de valor infinito foram estimadas levianamente, até que o coração perdeu todo o desejo de sacrificar-se por Aquele que tanto deu pelo homem. Mas no tempo da ceifa colherão o que semearam. Disse o Senhor: “Porque clamei, e vós recusastes; porque estendi a Minha mão, e não houve quem desse atenção; antes rejeitastes todo o Meu conselho, e não quisestes a Minha repreensão; [...] vindo como assolação o vosso temor, e vindo a vossa perdição como tormenta, sobrevindo-vos aperto e angústia, então a Mim clamarão, mas Eu não responderei; de madrugada Me buscarão, mas não Me acharão. Porquanto aborreceram o conhecimento, e não preferiram o temor do Senhor; não quiseram Meu conselho e desprezaram toda a Minha repreensão. Portanto, comerão do fruto do seu caminho, e fartar-se-ão dos seus próprios conselhos.” “Mas o que Me der ouvidos habitará seguramente, e estará descansado do temor do mal”. Provérbios 1:24-31, 33. Os israelitas humilharam-se agora perante o Senhor. “E tiraram os deuses alheios do meio de si, e serviram ao Senhor.” E o amoroso coração do Senhor “se angustiou” por causa da desgraça de Israel. Oh, que longânima misericórdia de nosso Deus! Quando Seu povo abandonou os pecados que haviam excluído Sua presença, Ele lhes ouviu as orações, e logo Se pôs a agir em prol deles. Levantou-se um libertador na pessoa de Jefté, gileadita, o qual fez guerra contra os amonitas, e destruiu eficazmente o seu poderio. Durante dezoito anos, por este tempo, Israel havia sofrido sob a opressão de seus adversários; todavia a lição ensinada pelo sofrimento foi de novo esquecida. Como o povo voltasse aos seus maus caminhos, o Senhor permitiu ainda que fossem oprimidos pelos seus poderosos inimigos, os filisteus. Por muitos anos foram constantemente perseguidos, e por vezes completamente subjugados, por aquela nação cruel e belicosa. Haviam-se misturado com esses idólatras, unindo-se com eles nos prazeres e no culto, até se confundirem com os mesmos, no espírito e nos interesses. Então esses professos amigos de Israel tornaram-se seus mais obstinados inimigos, e procuravam por todos os meios conseguir sua destruição. Semelhantes a Israel, mui freqüentemente os cristãos se rendem à influência do mundo, e conformam-se aos seus princípios e costumes, a fim de obter a amizade dos ímpios; mas no fim achar-se-á que tais professos amigos são os mais perigosos adversários. A Bíblia claramente ensina que não pode haver harmonia entre o povo de Deus e o mundo. “Meus irmãos, não vos maravilheis, se o mundo vos aborrece”. 1 João 3:13. Diz nosso Salvador: “Sabei que, primeiro do que a vós, Me aborreceu a Mim”. João 15:18. Satanás opera por intermédio dos ímpios, sob a capa de uma pretensa amizade, para seduzir o povo de Deus ao pecado, a fim de que os possa separar dEle; e, quando é removida a sua defesa, leva então seus agentes a se voltarem contra eles e procurar efetuar sua destruição.