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sexta-feira, 9 de agosto de 2024

CONCILIO DE NICEIA UM RASTRO DESAFIADOR


    A Influência de Baal até o Concílio de Nicéia: Um Rastro Desafiador

A influência do culto a Baal em um período que se estende até o Concílio de Nicéia é um tema complexo e repleto de nuances. A transição de crenças politeístas, como as associadas a Baal, para o monoteísmo cristão envolve um processo histórico longo e repleto de sincretismos.

Por que é desafiador traçar essa influência?

  Escrita e Registros: Muitas práticas religiosas antigas, especialmente as politeístas, eram transmitidas oralmente e não possuíam registros escritos detalhados, tornando a reconstrução histórica complexa.

  Sincretismo: A tendência das religiões de se adaptarem e absorverem elementos de outras culturas, especialmente em períodos de contato e dominação, dificulta a identificação precisa de influências específicas.

  Interpretação: A interpretação de textos antigos e símbolos religiosos é frequentemente sujeita a diversas perspectivas e debates acadêmicos.

Possíveis Influências e Resquícios:

   Apesar das dificuldades, alguns estudiosos sugerem que elementos do culto a Baal podem ter deixado vestígios em algumas práticas e crenças posteriores, inclusive no cristianismo primitivo. Entre as possíveis influências, podemos citar:

  Crenças na fertilidade: A associação de Baal à fertilidade da terra pode ter deixado resquícios em algumas práticas agrícolas e ritos de fertilidade, mesmo em comunidades que adotaram outras religiões. 

  Culto a deuses solares: A identificação de Baal com o sol pode ter influenciado a concepção de divindades solares em outras religiões, incluindo o cristianismo, onde Jesus é frequentemente associado à luz e ao sol.

  Rituais e símbolos: Alguns símbolos e rituais associados ao culto a Baal podem ter sido adaptados e incorporados a outras tradições religiosas, como o Politeismo.

O Concílio de Nicéia e a Padronização Cristã:

O Concílio de Nicéia, ocorrido em 325 d.C., foi um marco fundamental na história do cristianismo. Seu objetivo principal era estabelecer uma doutrina cristã unificada, combatendo heresias e definindo a natureza de Deus e de Jesus Cristo. A partir desse concílio, o cristianismo passou por um processo de institucionalização e padronização, o que contribuiu para a marginalização e supressão de crenças e práticas religiosas anteriores.

Conclusão:

A influência de Baal e do culto a ele até o Concílio de Nicéia é um tema que ainda suscita muitos debates entre os estudiosos. Embora seja difícil traçar uma linha direta e identificar influências específicas, é possível que alguns elementos do culto a Baal tenham deixado marcas em práticas e crenças posteriores, inclusive no cristianismo primitivo. No entanto, o processo de cristianização e a padronização da doutrina cristã contribuíram para a supressão de muitas dessas crenças e práticas.

Gostaria de explorar algum aspecto específico dessa temática, como a relação entre Baal e outras divindades, ou a influência do culto a Baal em regiões específicas? Possíveis tópicos para futuras discussões: 

O Ciclo de Baal como Síntese Teológica do Espaço de Canaã

Afirmar que o Ciclo de Baal é uma síntese teológica do espaço de Canaã no segundo milênio a.C. implica em considerar vários elementos:

  Diversidade de Deuses: O panteão cananeu era rico e complexo, com Baal como uma figura central, mas não única. A interação entre diversas divindades, como El, Anat e Mot, refletia as preocupações e crenças da sociedade da época.

Explicar este periódo já no Novo testamento veja como segue o em Mateus 16:13-20 abaixo:

A visita de Cristo ao "panteão" com os discípulos não é um evento registrado nos Evangelhos. No entanto, é possível que você esteja se referindo ao episódio em Cesareia de Filipe, onde Jesus pergunta aos discípulos: "Quem dizem os homens que eu sou?" (Mateus 16:13-20; Marcos 8:27-30; Lucas 9:18-20). Vamos analisar este evento em Mateus 16:13-20.

  Mitologia e Cosmogonia: O Ciclo de Baal apresenta uma cosmogonia, ou seja, uma narrativa sobre a origem e organização do universo. Essa cosmogonia, repleta de mitos e lendas, moldava a visão de mundo dos cananeus e influenciava suas práticas religiosas e sociais.

  Relação Homem-Natureza: A natureza desempenhava um papel fundamental na religião cananeia. A fertilidade da terra, as estações do ano e os fenômenos naturais eram associados a divindades e influenciavam as práticas agrícolas e rituais.

  Sociedade e Política: As narrativas do Ciclo de Baal refletiam a estrutura social e política da época. A figura de Baal, como deus da tempestade e da fertilidade, estava ligada ao poder real e à ordem social.

  Influência em Outras Culturas: A religião cananeia, e o Ciclo de Baal em particular, exerceram influência em outras culturas da região, como os hebreus, deixando marcas na Bíblia e em outras fontes históricas.

Contexto Histórico e Cultural
Cesareia de Filipe era uma cidade situada ao norte de Israel, perto das fontes do rio Jordão. Era conhecida por seus templos pagãos e pela adoração ao deus grego Pã. A cidade foi renomeada por Herodes Filipe em homenagem ao imperador romano César Augusto e a si mesmo. Este local, portanto, tinha uma forte conotação de poder político e religioso. E uma prática discriminatória de vaidades e prostituições, uma lugar dos pecados e adoradores do praze da carne.

Para afirmar essa síntese, é preciso considerar as seguintes evidências:

  Textos Cuneiformes: Os textos cuneiformes encontrados em Ugarit oferecem uma rica fonte de informações sobre a mitologia cananeia e o culto a Baal.

  Arqueologia: Os achados arqueológicos em sítios cananeus, como templos e objetos cultuais, corroboram os relatos mitológicos e fornecem informações sobre as práticas religiosas.

  Comparação com Outras Culturas: A comparação com outras mitologias da região, como a egípcia e a mesopotâmica, permite identificar elementos comuns e diferenças, enriquecendo a compreensão do contexto cultural do Ciclo de Baal.

  Análise Linguística e Literária: A análise dos textos cuneiformes, tanto em termos linguísticos quanto literários, permite identificar as características e as funções dos diferentes elementos narrativos e teológicos.

 Em resumo, o Ciclo de Baal representa uma rica expressão da religiosidade cananeia, oferecendo uma visão complexa e multifacetada do mundo e da sociedade da época. Ao analisar essa obra, podemos compreender melhor as crenças, valores e práticas de um povo que deixou marcas profundas na história do Oriente Médio.

Gostaria de explorar algum aspecto específico do Ciclo de Baal ou da religião cananeia?



  A relação entre Baal e El, outra divindade importante no panteão cananeu.

  O sincretismo religioso na antiguidade e seus impactos.

  A influência do culto a Baal nas religiões abraâmicas.

  A importância do Concílio de Nicéia para a formação da identidade cristã.



 

segunda-feira, 4 de junho de 2018

O Carmelo os sacerdotes de Baal

11- O Carmelo

 Este capítulo é baseado em 1 Reis 18:19-40.

Uma vez perante Acabe, Elias propôs que todo o Israel fosse reunido juntamente com ele e os profetas de Baal e Astarote no Monte Carmelo. “Agora pois envia”, ordenou, “ajunta a mim todo o Israel no Monte Carmelo, como também os quatrocentos e cinqüenta profetas de Baal, e os quatrocentos profetas de Asera, que comem à mesa de Jezabel”. 1 Reis 18:19. 
A ordem fora dada por alguém que parecia estar na própria presença de Jeová, e Acabe obedeceu-a de pronto, como se o profeta fosse o monarca e o rei o súdito. Velozes mensageiros foram despachados por todo o reino, com a intimação de se reunirem com Elias e os profetas de Baal e Astarote. Em cada cidade e vila, o povo se preparou para se reunir no tempo indicado. Ao caminharem para o lugar, o coração de muitos se enchia de estranhos pressentimentos. 
Algo fora do comum estava para acontecer; senão, por que a ordem para se reunirem no Carmelo? Que nova calamidade estava para desabar sobre o povo e a terra? Antes da seca o Monte Carmelo era um lugar de beleza, seus ribeiros alimentando-se de fontes perenes e suas férteis escarpas cobertas de belas flores e luxuriantes bosques. Mas agora sua beleza empalideceu sob a fulminante maldição. Os altares erguidos para adoração de Baal e Astarote jaziam agora nos bosques desfolhados. Nas alturas de um dos mais elevados cumes, em marcante contraste com aqueles, estava o altar derribado de Jeová. 
O Carmelo dominava vasta extensão do país; suas elevações eram visíveis de muitos lugares do reino de Israel. Ao sopé do monte havia vantajosos pontos de onde se podia ver muito do que se passava em cima. Deus havia sido assinaladamente desonrado pelo culto idólatra que se realizava sob o dossel de suas escarpas arborizadas; e Elias escolheu essa elevação como o lugar mais visível para a manifestação do poder de Deus e a vindicação da honra de Seu nome. 
Logo na manhã do dia designado, as tribos do Israel reunido, em ansiosa expectativa aglomeraram-se próximo do cume do monte. Os profetas de Jezabel demandam o monte em marcha imponente. Com pompa real aparece o rei e toma posição à frente dos sacerdotes, e os idólatras saúdam-no com um grito de exclamação. Mas há apreensão no coração dos sacerdotes ao se lembrarem de que pela palavra do profeta a terra de Israel por três anos e meio fora privada de orvalho e chuva. Sentem com certeza que alguma terrível crise está iminente. 
Os deuses nos quais eles têm confiado não foram capazes de provar ser Elias um profeta falso. A seus gritos frenéticos, suas orações, suas lágrimas e humilhações, suas revoltantes cerimônias e sacrifícios custosos e constantes, os objetos de seu culto têm-se mostrado estranhamente indiferentes. Diante do rei Acabe e dos falsos profetas, e rodeado das tribos reunidas de Israel está Elias, o único que apareceu para reivindicar a honra de Jeová. 
Aquele a quem todo o reino tinha responsabilizado por sua carga de flagelo, está agora perante eles, aparentemente sem defesa na presença do soberano de Israel, dos profetas de Baal, dos homens de guerra e dos milhares que o rodeavam. Mas Elias não está sozinho. Acima e ao redor dele estão as forças protetoras do Céu — anjos magníficos em poder. Sem se envergonhar nem temer, o profeta está perante a multidão, inteiramente consciente de sua comissão, para executar a ordem divina. Seu rosto está iluminado com impressionante solenidade. Em ansiosa expectativa o povo aguarda que ele fale. 
Olhando primeiramente para o altar derribado de Jeová, e depois para a multidão, Elias exclama de maneira clara, em voz como de trombeta: “Até quando coxeareis entre dois pensamentos? Se o Senhor é Deus, segui-O; e se Baal, segui-o”. 1 Reis 18:21. O povo nada respondeu. Ninguém nesse vasto auditório ousou manifestar lealdade a Jeová. Como densa nuvem, o engano e cegueira se espalhara sobre Israel. Não fora de uma vez que esta fatal apostasia se fechara em torno deles, mas gradualmente, à medida que de tempos em tempos tinham deixado de ouvir as palavras de advertência e reprovação que o Senhor lhes enviara. 
Cada desvio do reto proceder, cada recusa de arrependimento, tinham aprofundado sua culpa e os afastaram mais do Céu. E agora, nesta crise, eles persistiam na recusa de se colocarem ao lado de Deus. O Senhor aborrece a indiferença e deslealdade em tempo de crise em Sua obra. Todo o Universo está observando com inexprimível interesse as cenas finais da grande controvérsia entre o bem e o mal. O povo de Deus está-se aproximando do limiar do mundo eterno; que pode haver de mais importante para eles do que ser leais ao Deus do Céu? Em todos os séculos Deus tem tido heróis morais; e tem-nos agora — os que como José, Elias e Daniel, não se envergonham de se reconhecerem como Seu povo peculiar. 
Suas bênçãos especiais acompanham os esforços de homens de ação; homens que não se desviarão da linha reta do dever, mas que perguntarão com divina energia: “Quem é do Senhor”? (Êxodo 32:26), homens que não se deterão apenas no perguntar, mas exigirão que os que escolherem identificar-se com o povo de Deus prossigam e demonstrem sem sombra de dúvida sua obediência ao Rei dos reis e Senhor dos senhores. Tais homens subordinam sua vontade e planos à lei de Deus. Por amor a Ele, não têm a sua vida por preciosa. Seu trabalho é captar a luz da Palavra e deixá-la brilhar para o mundo em raios claros e firmes. 
Fidelidade a Deus é sua divisa. Enquanto Israel no Carmelo duvidava e hesitava, a voz de Elias de novo quebra o silêncio: “Eu só fiquei por profeta do Senhor, e os profetas de Baal são quatrocentos e cinqüenta homens. Dêem-se-nos, pois, dois bezerros; e eles escolham para si um dos bezerros, e o dividam em pedaços, e o ponham sobre a lenha, porém não lhe metam fogo; e eu prepararei o outro bezerro, e o porei sobre a lenha, e não lhe meterei fogo. Então invocai o nome do vosso deus e eu invocarei o nome do Senhor; e há de ser que o deus que responder por fogo esse será Deus”. 1 Reis 18:22-24. A proposta de Elias era tão razoável que o povo não pôde mesmo fugir a ela; encontraram pois coragem para responder: “É boa esta palavra”. 
Os profetas de Baal não ousaram erguer a voz para discordar; e dirigindo-se a eles, Elias lhes ordena: “Escolhei para vós um dos bezerros, e preparai-o primeiro, porque sois muitos, e invocai o nome do vosso deus, e não lhe metais fogo”. 1 Reis 18:24, 25. Aparentemente ousados e desafiadores, mas com o terror no coração culpado, os falsos sacerdotes preparam seu altar, pondo sobre ele a lenha e a vítima; e tem início suas fórmulas de encantamento. Seus estridentes gritos ecoam e reboam através das florestas e dos promontórios, enquanto invocam o nome do seu deus, dizendo: “Ah, Baal, responde-nos!” 1 Reis 18:26. 
Os sacerdotes se aglomeram em torno de seu altar, e com saltos e contorções e gritos histéricos, arrancando os cabelos e retalhando as próprias carnes, suplicam a seu deus que os ajude. Passa-se a manhã, aproxima-se o meio-dia, e contudo não há evidência de que Baal ouça o clamor de seus enganados seguidores. Não há voz, nem resposta a suas frenéticas orações. O sacrifício permanece inconsumado. Enquanto continuam com suas exaltadas devoções, os astutos sacerdotes estão continuamente procurando imaginar algum meio pelo qual possam acender o fogo sobre o altar e levar o povo a crer que o fogo viera diretamente de Baal. Mas Elias lhes vigia cada movimento; e os sacerdotes, esperando contra a esperança de alguma oportunidade para a fraude, prosseguem com suas insensatas cerimônias. 
“E sucedeu que ao meio-dia Elias zombava deles, e dizia: Clamai em altas vozes, porque ele é um deus; pode ser que esteja falando, ou que tenha alguma coisa que fazer, ou que intente alguma viagem; porventura dorme, e despertará. E eles clamavam a grandes vozes, e se retalhavam com facas e com lanças, conforme ao seu costume, até derramarem sangue sobre si. E sucedeu que, passado o meio-dia, profetizaram eles, até que a oferta de manjares se oferecesse; porém não houve voz nem resposta, nem atenção alguma”. 1 Reis 18:27-29. Alegremente Satanás teria vindo em socorro desses a quem havia enganado, e que eram devotados a seu serviço. Alegremente ele teria enviado o fogo para queimar o sacrifício. 
Mas Jeová havia fixado limites a Satanás — restringira seu poder — e nem todos os artifícios do inimigo podiam lançar sobre o altar de Baal uma única centelha. Afinal, roucos de tanto gritar, as vestes maculadas com o sangue das feridas que a si mesmos se haviam infligido, os sacerdotes ficam desesperados. 
Com furor inquebrantável, misturam a suas súplicas terríveis maldições de seu deus-sol; e Elias continua a observar atentamente; ele sabe que se por qualquer artifício os sacerdotes lograrem lançar fogo sobre o altar, ele será feito em pedaços num momento. É chegada a tarde. Os profetas de Baal estão fatigados, abatidos, confusos. Um sugere uma coisa, outro outra coisa, até que finalmente cessam seus esforços. Suas maldições e gritos estridentes não mais ressoam sobre o Carmelo. Em desespero retiram-se da luta. Durante todo o longo dia, o povo havia testemunhado as demonstrações dos frustrados sacerdotes. 
Haviam contemplado seus saltos selvagens sobre o altar, como se desejassem captar os raios do Sol para que servissem a seus propósitos. Eles haviam olhado com horror para as bárbaras mutilações infligidas a si mesmos pelos sacerdotes, e tinham tido a oportunidade de refletir sobre a loucura da adoração de ídolos. Muitos dentre a multidão estão fartos das exibições de demonismo, e aguardam agora com o mais profundo interesse os movimentos de Elias. É a hora do sacrifício da tarde, e Elias convida o povo: “Chegai-vos a mim”. 
Aproximando-se eles a tremer, ele se volta para o altar derribado onde uma vez os homens haviam adorado ao Deus do Céu, e repara-o. Para ele esse montão de ruínas é mais precioso que todos os magnificentes altares do paganismo. Na reconstrução deste antigo altar, Elias revelava seu respeito pelo concerto que o Senhor havia feito com Israel quando este transpôs o Jordão para a terra prometida. Escolhendo “doze pedras, conforme o número das tribos dos filhos de Jacó, [...] edificou o altar em nome do Senhor”. 1 Reis 18:30-32. Os desapontados sacerdotes de Baal, exaustos pelos inúteis esforços, esperam para ver o que Elias fará. 
Eles odeiam o profeta por haver proposto uma prova que expusera as fraquezas e ineficiência de seus deuses; contudo temem o seu poder. O povo, igualmente temeroso, e com a respiração quase suspensa ante a expectativa, observa enquanto Elias continua seus preparativos. O porte calmo do profeta ergue-se em agudo contraste com o frenesi fanático e insensato dos seguidores de Baal. Reconstruído o altar, o profeta, abre um rego em torno dele, e havendo posto a lenha em ordem e preparado o bezerro, coloca a vítima sobre o altar, e ordena ao povo que inunde com água o sacrifício e o altar. “Enchei de água quatro cântaros”, ordenou, “e derramai-a sobre o holocausto e sobre a lenha. E disse: Fazei-o segunda vez; e o fizeram segunda vez. Disse ainda: Fazei-o terceira vez; e o fizeram terceira vez. De maneira que a água corria ao redor do altar; e ainda até o rego encheu de água”. 1 Reis 18:34, 35. 
Trazendo à lembrança do povo a longa e continuada apostasia que havia despertado a ira de Jeová, Elias convida-os a humilhar seus corações e tornar para o Deus de seus pais, para que fosse removida a maldição de sobre a terra de Israel. Então inclinando-se reverente ante o invisível Deus, ele ergue as mãos para o céu, e oferece uma singela oração. Os sacerdotes de Baal haviam gritado e espumado e dado saltos desde a manhã até à tarde; mas com a oração de Elias, nenhum clamor insensato ecoa nas alturas do Carmelo. Ele ora como se soubesse que Jeová está ali, testemunhando a cena, atento a seu apelo. Os profetas de Baal haviam orado selvagemente, incoerentemente. Elias ora com simplicidade e fervor, pedindo que Deus mostre Sua superioridade sobre Baal, para que Israel pudesse ser reconduzido a Ele. “Ó Senhor, Deus de Abraão, de Isaque e de Jacó”, o profeta suplica, “manifeste-se hoje que Tu és Deus em Israel, e que eu sou Teu servo, e que conforme a Tua palavra fiz todas estas coisas. 
Responde-me, Senhor, responde-me para que este povo conheça que Tu, Senhor, és Deus, e que Tu fizeste tornar o seu coração para trás”. 1 Reis 18:36, 37. Um silêncio opressivo em sua solenidade cai sobre todos. Os sacerdotes de Baal tremem de terror. Cônscios de sua culpa, temem imediata retribuição. Mal havia a oração de Elias terminado, e chamas de fogo, como brilhantes relâmpagos, descem do céu sobre o altar erguido, consumindo o sacrifício, lambendo a água do rego e devorando as próprias pedras do altar. 
O brilho das chamas ilumina o monte e ofusca os olhos da multidão. Nos vales abaixo, onde muitos estão observando em ansiosa expectativa os movimentos dos que estão em cima, a descida do fogo é claramente vista, e todos ficam maravilhados com o espetáculo. Ele lembra a coluna de fogo que no Mar Vermelho separou das tropas egípcias os filhos de Israel. O povo sobre o monte prostra-se em reverência perante o Deus invisível. 
Não se atrevem a olhar para o céu a enviar fogo. Temem ser eles próprios consumidos; e, convictos de seu dever em reconhecer o Deus de Elias como o Deus de seus pais, a quem devem obediência, clamam a uma voz: “Só o Senhor é Deus! Só o Senhor é Deus!” 1 Reis 18:39. Com impressionante distinção o grito ressoa sobre o monte e ecoa pela planície. Afinal Israel está desperto, esclarecido, penitente. O povo vê por fim quão grandemente havia desonrado a Deus. 
O caráter do culto de Baal, em contraste com a sensata adoração requerida pelo verdadeiro Deus, está plenamente revelado. O povo reconhece a justiça e misericórdia de Deus em haver retido o orvalho e a chuva até que tivessem sido levados a confessar o Seu nome. Agora estão prontos a admitir que o Deus de Elias está acima de qualquer ídolo. 
Os sacerdotes de Baal testemunham consternados a maravilhosa revelação do poder de Jeová. Não obstante em sua frustração e na presença da divina glória, recusam arrepender-se de suas obras más. Desejam ainda permanecer como profetas de Baal. Mostravam assim estar amadurecidos para a destruição. Para que o arrependido Israel possa ser protegido do engodo daqueles que lhe ensinaram a adoração a Baal, Elias recebe ordem de Deus para destruir esses falsos ensinadores. 
A ira do povo havia sido já ativada contra os líderes em transgressão; e quando Elias lhes deu a ordem: “Lançai mão dos profetas de Baal; que nenhum deles escape” (1 Reis 18:40), foram prontos em obedecer. Eles se apoderaram dos sacerdotes, e levaram-nos ao ribeiro de Quisom, e ali, antes que findasse o dia que havia marcado o início de decidida reforma, os sacerdotes de Baal são mortos. A nenhum é permitido viver.

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

O CASAL DIVINO


A primeira porta de acesso ao mundo teológico em que se moveriam Baal e Anat é, logicamente, o grupo de textos mitológicos onde a sua ação conjunta é mais significativa, isto é, o Ciclo de Baal, constituído por 3 mitos: A Luta entre Baal e Yammu; O Palácio de Baal; e A Luta entre Baal e Motu, que datarão de c. 1500- 1370 a.C.
É exactamente neste conjunto mitológico que encontramos, não só a acção que nos interessa para caracterizar a relação entre Baal e Anat, como também encontramos o centro da definição, do que se entenderia por Baal.
O vocábulo «baal», tal como o correspondente ao deus Ilu, já aqui referido, para além de constituírem os nomes dos deuses homónimos, eram também usados como palavras normais no discurso corrente. O que queriam dizer? Simples e, ao mesmo tempo, significativamente avassalador: «baal» era uma das palavras normalmente usadas para dizer «rei» ou «senhor», ao passo que «ilu» era o vocábulo comummente usado para dizer «divino», «divindade» ou «deus».
Ora, pelos mitos em causa, verificamos exactamente, quer seja pelas formas de nomeação usadas, quer pelo texto em si, pela leitura da narrativa, que estes dois deuses são exactamente o que os seus nomes indicam: um é a própria noção de divindade, de «deus», por natureza, o outro a ideia de senhoria, de realeza, o «senhor» por definição.
Desta forma, neste dois deuses, como que temos um depurar de tudo o que seria acessório. Apenas o essencial, expresso nos seus nomes, aqui se encontra. Podemos afirmar que, no Ciclo de Baal, encontramos uma síntese teológica do espaço de Canaã em meados do segundo milénio a. C.
Remetendo-nos para uma muito longa duração, esta relação de horizontes de divino presente em Canaã, no segundo milénio antes da era de Cristo, será integrada aquando do processo de construção de uma divindade única em Israel: Iavé.
Nas formas de nomeação do Deus de Israel, Eloim e Adonai, as duas mais correntes no Antigo Testamento, verificamos a integração funcional desta herança milenar: «eloim» é o plural do mesmo sentido semântico de «ilu», ao passo que «adonai» é um sinónimo de «baal».
Mas, mais próximo de nós, também o mundo do nascente Cristianismo irá integrar esta noção dupla de divindade. Um milénio e meio depois, aquando do primeiro grande esforço de uniformização do cristianismo em Niceia (primeiro concílio de Niceia), o chamado Credo de Niceia mostrará, na formulação da distinção entre as entidades Pai e Filho, a duplicidade entre uma noção do divino profundamente enraizada na noção de senhoria, e outra que se confunde com o próprio vocábulo usado para exprimir a dimensão de divindade: a velha complementaridade entre «senhor» e «deus», vista com os casos de «Baal» e «Ilu», presente nos nomes do deus de Israel através de «Adonai» e «Eloim», aparece agora no nascente cristianismo.
fonte-Site triplov.com.org
Texto de maria Julieta Mendes Dias e outros.
Maria de Magdala a Mulher-a construção do culto o caminho do mito