ORDENAÇÃO DE MULHERES AO MINISTÉRIO PASTORAL
VALDECI FIDELIS
PRESIDENTE
PRUDENTE-SP
2018
VALDECI FIDELIS
ORDENAÇÃO DE
MULHERES AO MINISTÉRIO PASTORAL
TCC apresentado ao Curso de Mestrado em
Teologia Livre da
Faculdade e Seminário Teológico
Nacional, como
requisito parcial para a
obtenção do título de
Mestre.
PROF.
EDSON MARQUES
Orientador
PRESIDENTE
PRUDENTE-SP
2018
DEDICATÓRIA
Ao meu
orientador Prof. Edson Marques. Pelas orientações firmes e cultivadas a leitura
e incentivo à ampliação deste trabalho. Minhas orações ao bom Deus eterno e ao
Seu Filho Jesus Cristo que ele continue ricamente abençoando poderosamente e a
usá-lo na obra em todas as nações.
Ao Senhor Deus
pelas forças e capacidade para a conquista de mais um objetivo.
À minha família amada pelo carinho e
estímulos.
Aos meus amigos e irmãos em Cristo Jesus
em meu ministério pelo companheirismo, pelos os ânimos e contribuições.
Ao meu orientador que mesmo a distância
como amigo Prof. Edson Marques, pelos incentivos e tolerâncias em contribuição
ao meu aprendizado e pelo interesse em minha vida como cristão.
À Faculdade e Seminário Teológico
Nacional pela oportunidade em obter esta formação cuja contribuição foi imensa
para a qualidade da obra no Reino de Deus.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 07
2 A IMPORTÂNCIA DOS TEXTOS PAULINO NA ORDENAÇÃO DE MULHERES
AO AMINISTERIO PASTORAL..................................................................................... 07
2.1 GÁLATAS 3.26-29.................................................................................................... 08
2.2 I CORÍNTIOS 11-14
................................................................................................. 11
2.3 I TIMÓTEO 2.8-15................................................................................................... 18
3.1 ATEOLOGIA PAULINA DA DUAS ERAS .......................................................... .....20
3.2 A EXISTENCIA DA IGREJA AS DUAS ERAS................................................... .....22
3.3 A ESPERANÇA DA MULHER ORDENAÇÃO AO MINISTÉRIO
PASTORAL ... ..28
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................... 31
5 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 34
FIDELIS,
Valdeci. Ordenação de mulheres ao Ministério Pastoral. 2018 nº 36 folhas
TCC
Mestrado em Teologia Livre Faculdade Teológica Nacional, Presidente Prudente, 2018.
RESUMO
Inicia-se aqui uma linha
de investigação que tem por tema como objetivo pesquisar por meio de uma breve
avaliação da Bíblia na evangelização com bases nos textos e teologia
escriturísticas para entender o cumprimento do apóstolo Paulo e saber se ele
deu entender na Bíblia a evangelização de um futuro na ordenação de mulheres ao
santo ministério pastoral. Considera três textos de suma importância para o
assunto que são: Gálatas 3.26-29, I Coríntios 11-14 e I Timóteo 2.8-15.
Aprendemos ao comentar a teologia paulina que fala de duas eras: a
contemporânea, que se iniciou da queda de Adão e a nova era que foi inaugurada
por Jesus com sua morte e ressurreição. O povo da nova era de Jesus Cristo é a
Igreja, igreja não é prédio é grupo daqueles que creem nele. O que a
Sociologia chama de grupos sociais em uma cultura de ciências dos homens, a
Bíblia chama de Eclésia ou igreja. Saber que a Igreja vive através da
evangelização embasada na Bíblia em duas eras ao mesmo tempo e deve conciliar
estas vivências bíblicas, de um novo interesse em uma nova abordagem dos Dons
Ministeriais, especificamente da Evangelização do ministério pastoral feminino,
igreja na Escritura Sagrada significa “os chamados para fora” Diz a Escritura
que Cristo voltará para buscar aqueles que pertencerão a esse reino. Viver na
nova era de Cristo significa que através da Bíblia a evangelização e alcançar
os princípios desta nova vida, que é a de Deus vivo. Viver na era antiga
significa enxergar, dentro de cada sociedade e cultura, o que é bom e o que é
mal. Esta percepção leva a Igreja a concordar com os costumes das localidades e
temporais, porém fundamentado no propósito de modificá-los, os chamados para
fora, as Escrituras dizem que Jesus voltará, para buscar aqueles que
pertencerão a este reino que a igreja sempre de acordo com a evangelização e os
princípios de superioridade da nova era em Cristo. Três tradições do período de
Paulo são apresentadas: o matrimônio de um com muitos, ou a poligamia, a
sujeição ou escravidão, e a submissão da mulher na sociedade e na Igreja. Para
cada um desses problemas, Paulo consegue habituar-se, porque são tradições
sociais da era em que vivia. Paulo faz isto baseado no princípio de não colocar
“pedras de tropeço” na Igreja a fim do evangelho ser pregado sem exceção e ao
mesmo tempo mais pessoas através da evangelização em massa sejam salvas. Ao
mesmo momento, sua orientação acenderá uma brecha nos meios filosóficos e
ideológicos que amparam estes costumes. Por conclusão, os princípios elevados
da teologia paulina na evangelização levam ao acordo de que a transformação da
cultura da sociedade cria uma nova atitude da Igreja no sentido de vivenciar
seus princípios elevados. Com a transformação cultural, abre-se a probabilidade
da mulher ter sua ordenação ao ministério feminino e ser pastora. Permanecem de
pé as aberturas paulinas de que não devemos botar “pedras de tropeço culturais”
e que as pessoas cheguem a Cristo e que nele “não há homem, nem mulher”.
Palavras-chaves: Ordenação Ministério pastoral. Textos
e princípios paulinos.
1 INTRODUÇÃO
O argumento bíblico para evangelização e a
importância dos textos paulinos na ordenação de mulheres ao ministério pastoral
feminino é indefinidamente uma atitude muito criticada no movimento evangélico
brasileiro. Na Assembleia da Convenção Batista Brasileiro, por exemplo,
permanece uma intransigente discussão hoje a respeito do argumento. Em 2012, em
sua assembleia anual, a Ordem dos Pastores Batistas do Brasil decidiu que
pastoras poderiam filiar-se à Ordem, e, em cada Secção Estadual os pastores
filiados eram quem decidiriam sobre a aceitação ou não de ordenação de mulheres
pastoras, onde muitas foram ordenadas “pastora” e nas suas regionais são
chamadas de missionárias (CINTRA, 2015). As mesmas contendas acontecem nas
igrejas históricas, pentecostais e neopentecostais. A diferença entre
tradicionais (os que não aceitam pastoras) e igualdades (os que aceitam) está
muito exaltada, tanto na área bíblica como no ético-social. Teólogos têm se
despontado sobre o assunto e, como é de costume, divididos (neste TCC, Culver,
Foh, Lopes e Grudem são contrários; Liefeld e Mickelsen são favoráveis).
Para os que creem na criação divina
e a verdade da Bíblia, a derradeira palavra precisa vir dela. A análise das
Sagradas Escritura, nos escritos que aborda neste argumento, e a consequente
teologia decorrida precisam levar os cristãos a uma posição sobre a
probabilidade ou não deste tipo de ministério pastoral. Este Trabalho de
Conclusão de Curso (TCC) objeto da presunção de que toda a Bíblia é inspiração
de Deus, que as Escrituras precisam explanar a Escritura, continuamente com o
uso da causa e que o apóstolo Paulo é o escritor das treze cartas que levam seu
nome no Novo Testamento.
Na Sagrada Escritura, o apóstolo Paulo é o
autor bíblico que mais aparece sobre o argumento. Pelo volume de sua grafia e
pelo fundo teológico que confirmem de sua pena, Paulo é o escritor bíblico mais
mencionado, tanto ao benefício da Bíblia na evangelização pastoral é que mais
menciona a mulher não ao ministério feminino. Por esta razão, este TCC expõe
como finalidade estudar o adágio paulino aproximar-se do assunto. Num primeiro
momento, se cogitará as explanações e análises de extraordinários textos paulinos
a propósito de o assunto e, num segundo momento, uma proposta de teologia
paulina na abordagem da possibilidade da evangelização como ministério pastoral
feminino.
2 A IMPORTANCIA DOS TEXTOS PAULINOS
NA ORDENAÇÃO DE MULHERES AO MINISTÉRIO PASTORAL
Tudo leva crer que Paulo é o
formulador teológico do Novo Testamento. Numa aparição habitual, ele escreveu
treze cartas. Por meio destes escritos, é provável perceber muito do pensamento
cristão, pois descobrimos neles o alicerce da fé. No entanto, Paulo a escreveu
igreja e não tratados de teologia.
Ele puramente escreveu Eclésia –
(igreja) e as pessoas aplicaram como instituição religiosa hierarquizada, tão
facilmente para aproximar-se de dificuldades que eles estavam abarbando. Ele
levanta sua teologia a partir de dificuldades, estágios e dá respostas a estes
problemas em seu período e sua época, mas ainda ordena, além do ensinamento,
princípios teológicos que ajudarão para toda ocasião e época.
Em afinidade ao assunto “Bíblia e a
ordenação de mulheres ao ministério pastoral feminino”, o apóstolo Paulo
estabelece princípios gerais e universais que aplanam homem e mulher na nova
camada de salvação criada por Jesus e vivenciada na igreja; nesta nova
autorização, os dons são dados pelo Espírito Santo a todos os crentes, livre do
gênero. Em originados assuntos, ele teve que afeiçoarem-se estes princípios às
classes culturais de sua época. Três destes argumentos são: a monogamia/poligamia,
a escravidão e a liderança pastoral feminina na igreja. Nesta definição, Paulo
de tal maneira reafirmou a prática cultural de sua época quanto deu margem para
uma transformação de postura em benefício de alteração de cultura, rumo aos
princípios gerais e universais expostos em outros textos.
Existem três textos proeminentes
sobre a matéria que convém analisar: Gálatas 3.26-29, I Coríntios 11-14 e I
Timóteo 2.8-15. Diferentes textos paulinos serão citados, porém estes três
formam o alicerce para chegar-se uma definição do assunto.
2.1 GÁLATAS 3.26-29
Paulo escreveu carta aos gálatas com a
finalidade de instruir que a salvação é somente pela fé em Jesus Cristo.
Oradores judaizantes ficavam doutrinando que, além da fé em Jesus, era
indispensável também a submissão da lei de Moisés. A alegação de Paulo do seu
evangelho é enérgica. No capítulo 3, ele expõe que a promessa foi dada a
Abraão, pois ele creu em Deus (v. 6) e os que são da fé em Jesus, esses são
filhos de Abraão (v. 7). Isto só tornou-se admissível porque Cristo nos
resgatou da maldição da lei ao morrer no madeiro, segundo determinação da lei
(v. 13,14). Pela fé, os gentios recebem a Cristo e a promessa do Espírito. Quem
deu a lei foi Deus para servir como um aio, protetor, até que a advento de
Jesus pudesse levar os homens a acreditar nele. Neste contexto, ele desenvolve
o texto de 3.26-29.
Nos v 26,27, ele diz: “pois todos sois filhos
de Deus pela fé em Cristo Jesus. Porque todos quantos fostes batizados em
Cristo, vos revestistes de Cristo” (Versão Revisada, Imprensa Bíblica
Brasileira, em todo o trabalho). Através da fé, todos são filhos de
Deus. A palavra “todos” não deixa dúvida de que qualquer pessoa, livre de
qualquer condição humana, pode ser salva e deleitar-se deste privilégio. O
batismo o simboliza o sinal da nova situação e sugere que juntos se vestiram de
Cristo, ou seja, são novas criaturas afeiçoar-se segundo seu Senhor. A fé em
Cristo produziu um novo modo de ser e viver, embora permaneçam habitando na
velha era. A doutrina da salvação pela fé não ficava reservada ao campo
doutrinário, metafísico, mas acontecia a fazer parte da vida prática, do dia a
dia, pois “se alguém está em Cristo, nova criatura é” (II Coríntios 5.17)
No v 28, há a declaração de
Paulo dizendo que: “não há judeu nem grego; não há escravo nem livre; não há
homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus”. Paulo põe alguns
pares divididos por raça, meio social e natureza. O primeiro par indica a isolamento
racial que existiu em toda a história do povo de Israel de se considerar o
“povo eleito” e, desta forma, distinguir de todos os outros povos. Na fé em
Cristo, não há mais raça (nacionalidade) escolhida. O principal par é formado
pelas normas da sociedade: escravos e livres. Esta separação social nada
constitui na fé. Para o seu tempo, esta era um conceito revolucionário já que a
prática da escravidão estava arraigada em todo o mundo antigo. “O terceiro par
deriva da natureza: “macho” e fêmeo”, palavras que se assinalam por definir a
sexualidade de cada indivíduo humano. Homens e mulheres ocupam o mesmo patamar
na presença de Cristo. Não há mudança humana e exterioriza na existência destas
pessoas: o homem continua sendo homem, novamente a mulher, o escravo continua
sendo escravo. Tudo permanece sendo absolutamente igual na sociedade. Isto faz
objeto da teologia paradoxal de Paulo do “já” e do “ainda não” em analogia à
salvação operada por Cristo que se nascia numa era atual e na era futura simultaneamente.
Porém, no que envolve a fé em Cristo, e isto envolve a Igreja, estas distinções
humanas se rompem e estas pessoas são completamente niveladas em Cristo. Todas
elas tornam-se um em Cristo. Ou seja, não somente são niveladas como igualmente
são unidas a ponto de serem um só povo na pessoa de Cristo. A unidade da
humanidade é conseguida e vivenciada em Cristo.
Ainda em
relação ao v. 28, Lopes (2015, p. 5-7) não vê neste texto a eliminação da
submissão feminina e de coincidência de funções no ministério pastoral. O
assunto tem quatro oposições ao emprego deste texto para o ministério pastoral
feminino. A primeira oposição diz importância ao objetivo do texto que é tratar
da maneira perante de Deus porque cremos em Cristo e não dos cargos que homens
e mulheres cumprem na Igreja. A segunda é que Paulo aprofunda a submissão
feminina, não na queda, mas na competente criação. A terceira oposição diz
respeito à palavra “um” no texto que constitui unidade de todos em Cristo e não
identidade de funções. A quarta oposição é que Cristo não aboliu, na presente
era, os efeitos do pecado e as punições quando pecaram. A primeira e a terceira
oposições são textuais. De fato, o texto fala da nossa posição em Cristo que a
gente foi recebedora mediante nossa fé nele. O assunto é se esta nova posição
não traz insinuações de caráter prático para a afinidade homem-mulher. Se, em
Cristo, não existe homem nem mulher, significará que, em Cristo, a mulher
permanece submissa ao homem? Será que, em Cristo, o escravo segue subordinado
ao livre? Ou o grego ao judeu? Paulo está difundindo uma abertura nova
decorrente da atitude que os crentes têm em Cristo, a qual signifique esta nova
posição aboliu com as diferenças e os igualou. A aplicação disto nas diversas
sociedades se dará segundo as culturas de cada uma delas, mas o princípio está
oferecido e afetará a questão do ministério pastoral feminino nas culturas onde
isto couber. Não podem o viver numa condição de eras passadas quando a
instituição terrena da igreja romana que ordena Padre e não a mulher no seu
sacerdócio será que queremos representar em alguns ministérios o mesmo feito
eklésio de não formação pastoral feminino. Em relação à unidade, segue-se o
mesmo pensamento, pois não pode existir unidade com sujeição entre as pessoas
envolvidas. A segunda e a quarta oposições não são textuais. O conceito de que
a submissão da mulher ao homem principiou no Éden ou na queda é muito
controvertida na teologia e não existe pensamento único acerca desta questão
entre os teólogos que creem na concepção das Escrituras. Se, de fato, Cristo
não revogou, na atual era, os resultados do pecado, também é certo que ele
iniciou uma nova era cujas intenções podem, dentro das possibilidades
culturais, ser havidos nesta era presente. Se a cultura aceita à Igreja
vivenciar na prática o “nem homem nem mulher em Cristo” nesta era, por que não
se conviveria?
No v. 29, se as pessoas
são de Cristo, imediatamente é a semente prometida por Deus a Abraão e
sucessores de todas as bênçãos deste juramento. Não existe distinção nestas
regalias entre uns e outros, entre homens e mulheres.
O escrito de Gálatas
3.26-29, por ser doutrinário e apresentar princípios referentes à salvação em
Jesus Cristo é um escrito que deve conduzir outros escritos que recomendem
aparentes contradições com este ou provem fatos locais e culturais, pois:
Esta é uma passagem crucial que tende a citar
como a que governa a interpretação de todos os demais textos relevantes, ou ao
contrário, a ser minimizada quanto às suas implicações. [...] Gálatas 3:28 deve
ser visto como um contraste com o status inferior geralmente dado às mulheres
nos dias de Paulo. É uma afirmação dramática que não deve ser desprezada, nem
diluída com o objetivo de manter uma posição restritiva. Gálatas 3.28
aplicam-se a relacionamentos sociais dentro da igreja, e não meramente ao
âmbito espiritual da soteriologia. Ao mesmo tempo, não significa que todas as
distinções estão eliminadas. Nem uma declaração positiva como Gálatas 3.28, nem
uma restritiva, como I Timóteo 2.12, devem ser consideradas à parte da
revelação bíblica total sobre o assunto (LIEFELD, 1996, p. 166,168).
Mickelsen (1996, p. 250), acompanhando nesta própria linha de
pensamento, escreve que
erudito do Novo Testamento, F. F. Bruce declarou em seu comentário de
Gálatas 3.28: “Paulo estabelece aqui o princípio básico: se as restrições sobre
esta questão se encontrarem noutras passagens das cartas paulinas
2.2 I CORÍNTIOS 11-14
Os
capítulos 11-14 de I Coríntios abordam de questões referentes ao culto cristão.
Visto que existiam problemas em relação a uns aspectos, Paulo escreve no
significado de guiar a igreja. Em 11.2-16, ele trata da ação do costume do véu
para as mulheres usarem no culto público. Em 11.17-34, da celebração da Santa
Ceia do Senhor. No capítulo 12, Paulo fala dos dons espirituais. I Coríntios 13
é um extenso capítulo sobre o amor. Em 14.1-25, ele debate sobre o dom de
línguas e profecias durante o culto. E, por fim, em 14.26-40 sobre a ordem e
decoro no culto cristão. Existem dois textos que falam mais sobre a atitude da
mulher na igreja: 11.2-16 e 14.26-40.
O contexto cultural que obriga entender este texto é o seguinte: as
mulheres não tomavam parte nos cultos das sinagogas, ao porque elas tinham
ampla atividade nos cultos pagãos, mas sempre associadas a ritos de
prostituição cultual. No culto cristão, a mulher fazia parte ativa, tanto
quanto o homem porque as congregações eram mistas. Em público, a mulher carecia
usar um véu, em consideração a seu marido e à cultura da época. Existe um
cuidado social de Paulo para com a figura da mulher, mas
o trecho relativo a 1 Cor 11,2-11 levanta algumas situações complexas
concernentes à situação de Paulo envolvendo a disputa por autoridade. O
velamento das mulheres, contudo, não foi somente uma questão de falta de decoro
ou oriunda dos fatos de alguns membros da comunidade de Corinto se sentirem
constrangida pela atuação das mulheres, mas o próprio ato de profetizar era
visto como uma experiência direta com o divino, o que concedia autoridade a
quem o fizesse (SILVA, 2013, p. 16).
O texto de 11.2-16,
Paulo dar início falando que os louva bem como eles nutrem as tradições
conforme ele as deu. Combina recomendar que, naquele período, eles não exibiam
ainda o Novo Testamento, que permanecia em desenvolvimento. O ensino das
tradições compreendia os costumes éticos e sociais incididas do próprio
Evangelho. No v. 3, ele diz: “quero, porém, que saibais que Cristo é a cabeça
de todo homem, o homem a cabeça da mulher e Deus a cabeça de Cristo”. A palavra
“kephale,” cabeça é interpretada em dois sentidos: a de
“autoridade, liderança” ou como “fonte”. Liefeld (1996, p. 161), aborda destes
dois sentidos possíveis diz que
os tradicionalistas tendem a presumir que cabeça sempre quer dizer
“governo” ou “autoridade”, e interpretam Efésios 5.22-23, a respeito de esposas
e maridos e 1 Coríntios 11.2-16, a respeito da cobertura da cabeça. Outros
eruditos têm demonstrado que cabeça é termo empregado para significar “fonte”.
Embora os eruditos estejam tratando das mesmas evidências, a diferença na
seleção e avaliação delas levam-nos a soluções fortemente conflitantes. Um
estudo que selecionou certo número de usos da palavra “cabeça”, em sentido
figurado, num total de 2.000 ocorrências, de início pareceu apoiar os
significados de “governo” e “chefia”, mas a metodologia usada tem sido
fortemente criticada. [...] No contexto mais amplo de Efésios kephalf significa
tanto “governo” (1.22) como “fonte” (1.15-16).
Ainda que o significado de “cabeça”
seja a de domínio deve-se notar que ela é funcional, pois Deus sendo o cabeça
de Cristo não indica superioridade ontológica. Ainda sobre o significado do
termo “cabeça”, Mickelsen (1996, p. 235) afirma que
o dicionário mais abrangente da língua grega daquele
período de que dispomos hoje, em inglês, é o compilado por Liddell, Scott,
Jones e McKenzie, cobre a língua grega clássica e o coiné (Koiné), de
1.000 a.C. até cerca de 600 d.C. – portanto, um período de quase mil e
seiscentos anos, incluindo a Septuaginta (tradução grega do Antigo Testamento).
O dicionário relaciona cerca de vinte e cinco possíveis significados figurados
para kephale (“cabeça”) os quais eram usados na literatura
grega antiga. Entre estes significados estão: “topo”, “beirada”, “ápice”,
“origem”, “fonte”, “boca”, “ponto inicial”, “coroa”, “término”, “consumação”,
“soma” e “total”. Essa lista não inclui nosso emprego comum em
inglês com o sentido de “que tem autoridade sobre”, “líder”, “diretor”,
“graduação superior” e outros sentidos semelhantes. (grifo do autor).
Nos v. 4-6, Paulo
aconselha que todo homem que orar ou profetizar, que o faça com a cabeça
descoberta, caso adverso envergonharia a si próprio. Este é uma maneira
cultural da época. Acerca das mulheres, Paulo diz que toda mulher que ora ou
profetiza com a cabeça descoberta desonra a si própria, pois
os dias de Paulo, mulher sem véu, com cabelos
soltos ou curtos, era considerada infame. O uso do véu perpassava várias
culturas, entre elas a judaica e a greco-romana, que dominavam o ambiente à
época. Por isto, as honradas deviam ter o cabelo longo, preso e bem penteado. O
cabelo solto era visto como um estímulo erótico, por isso, usá-lo solto em
público era um ultraje ao pudor, pois era considerada uma parte privada do
corpo, que só o esposo podia olhar [...] é provável que as mulheres-profetas
achassem que podiam desempenhar seu papel na liturgia com a cabeça descoberta,
pois a casa, lugar onde também se celebrava o culto cristão, não era um lugar
público (FOULKES apud MATOS, 2004, p. 91-92).
Analisar que as mulheres
faziam uso o livre-arbítrio de orar e profetizar no culto cristão (v. 5),
todavia que deveriam fazê-los segundo os costumes sociais de sua época. No v.
7, Paulo diz: “pois o homem, na verdade, não deve cobrir a cabeça, pois é a imagem
e glória de Deus, mas a mulher é a glória do homem”. É um comprometimento do
ser humano não baralhar os papéis culturais de homem/mulher. Não necessita ter
nem conflito nem mudança. Paulo ver neste modo de cultura de cobrir ou não a
cabeça uma forma boa e verdadeira de expressar um fato bíblico da criação: Deus
criou o homem e deste fez a mulher. É esta verdade que ele enfatiza-nos v.
8-10. Paulo acha adequada a atitude cultural na qual a mulher evidencia
“submissão” tanto a seu marido como aos homens em geral ao aceitar o princípio
de divisão masculino/feminino incluso na sociedade patriarcal na qual viviam.
No entanto, esta “submissão” não evita que a mulher ore e profetize no culto
público, que são sinais de autoridade.
Nos v. 2-10, Paulo está discorrendo da
necessidade de se seguir as tradições culturais para que não exista vergonha no
culto cristão. Entretanto, nos v. 11 e 12, ele dá uma virada no texto:
“todavia, no Senhor, nem a mulher é livre do homem, nem o homem livre da
mulher, pois assim como a mulher veio do homem, assim também o homem nasce da
mulher, mas tudo vem de Deus”. Paulo estava comentando da cultura, mas agora
ele começa proferindo: “todavia, no Senhor”, o que indica que ele fala da nova
ordem criada em Cristo liberta das amarras culturais de cada povo. Nesta nova
ordem, homens e mulheres são iguais: um não vive sem o outro; homem e mulher se
concluem e por isso devem viver juntos em unidade. Na criação, a mulher é
gerada de uma costela e tirada para fora do homem, mas no nascimento, é o homem
que é tirado para fora da mulher. Isto restaura o equilíbrio e a unidade. Então
ele diz: “mas tudo vem de Deus”. Tanto o homem como a mulher foram criados com
sexualidades diferentes por Deus e este convívio de interdependência e
igualdade é o desejo e a proposta dele para a Igreja.
Nos v. 13-16, Paulo contorna ao dia-a-dia e
diz que há tradições na sociedade dos coríntios acerca do que é decoroso e
honesto na inclusão homem/mulher e que a igreja cristã precisa se submeter a
fim de não molestar a sua boa presença na comunidade. A abertura que Paulo
segue está bem especificada em I Coríntios 10.32-33: “não vos torneis causa de
tropeço nem a judeus, nem a gregos, nem a igreja de Deus; assim como também eu
em tudo procuro agradar a todos, não buscando o meu próprio proveito, mas o de
muitos, para que sejam salvos”
Tem algumas
conclusões acerca do texto do “véu das mulheres” (I Coríntios 11.2-16). A
primeira é que há uma forma de envolvimento homem/mulher definida pela
sociedade em que toda igreja cristã se encontra. Esta forma de envolvimento
define os papéis culturais de masculino e feminino dentro da sociedade. O alvo
da sociedade e, convergentemente, de Paulo, é que estes papéis não sejam
misturados, mas permaneçam distintos. Onde estes papéis são deliberadamente
confrontados não pode ter oração, profecia ou mesmo culto público que comunique
a mensagem do evangelho para a sociedade. Daí a ordem paulina de cobertura da
cabeça com o véu para a mulher no culto e da não cobertura para o homem. A
segunda conclusão é que, paradoxalmente, no Senhor, sem os costumes específicos
das sociedades, o relacionamento homem/mulher é de igualdade e
complementariedade. As mulheres podem orar e profetizar do mesmo feitio que os
homens e têm parte ativa nos cultos tanto quanto os homens. Eles são iguais na
criação e na redenção. Esta é a nova sociedade que está sendo formada por Deus.
No capítulo 12, Paulo fala dos dons
espirituais. Dentre os vários exemplos que o apóstolo dá, é destacado o v. 11:
“mas um só e o mesmo Espírito opera todas estas coisas distribuindo
particularmente a cada um como quer”. Ou seja, na repartição dos dons, o
Espírito é quem decide que dom dará a cada um. A determinação é dele e não
humana. Não tem, no texto, qualquer menção de que ele restrinja dons pelo ao
sexo da pessoa. Apóstolo Paulo refere o dom de profecia (v. 10) e já tinha dito
que mulheres profetizavam (11.5). No v. 25, ele diz que a separação dos dons é
“para que não tenha separação no corpo, mas que os membros tenham igual cuidado
uns dos outros”. A igreja era composta de homens e mulheres. O que ele quer
falar é com “igual cuidado uns dos outros”? Não imaginava ele em uma igreja de
iguais ao invés de uma igreja hierarquizada aonde a mulher chegasse sempre
ocupa um lugar subalterno? O v. 27 diz: “ora, vós sois o corpo de Cristo, e
individualmente seus membros”. Na Bíblia o Evangelho e a visão paulina, a
igualdade entre homens e mulheres na igreja é superior a qualquer
hierarquização apresentada pelos costumes sociais.
No capítulo 13, Paulo acende o amor como a
maneira principal que deve apontar a igreja e o indivíduo cristão. Discorrendo
acerca da inclusão entre os dons e o amor, ele diz: “e ainda que eu tivesse o
dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que
tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse
amor, nada seria” (13.2). Pode-se conter qualquer dom, até mesmo o pastoral,
porém sem amor, ele nada vale. Discorrendo acerca das muitas qualidades que tem
o amor, Paulo diz no v. 5: “não se porta inconvenientemente, não busca os seus
próprios interesses”. A ideia é que a pessoa que ama não envergonha os outros.
Era uma ação de amor que as mulheres de Corinto não envergonhassem socialmente
os homens, cultuando com a cabeça descoberta. Mas, era também admirável, que os
homens amassem as mulheres de sua comunidade, não procurando somente os
interesses masculinos, entretanto igualmente os delas.
No capítulo 14.1-25, Paulo
confirma que o dom de profetizar (trazer uma mensagem de Deus compreensível e
racional) é superior ao dom de línguas (trazer uma mensagem de Deus de forma
incompreensível). Quando fala da profecia, ele diz: “mas o que profetiza fala
aos homens para edificação, exortação e consolação” (v.3). Profetizar, entre
outras coisas, era uma forma de ensino. Nos v. 23,24, ele diz: “se, pois, toda
a igreja se reunir num mesmo lugar, e todos falarem
em línguas, e entrarem indoutos e incrédulos, não dirão porventura que estais
loucos? Mas se todos profetizarem, e algum incrédulo ou indouto
entrar, por todos é convencido e por todos é
julgado” (essa e minha interpretação). Observa-se que toda a igreja pode
profetizar, o que inclui homens e mulheres
No texto de 14.2-40, Paulo da orientação como
deve ser um culto público. Tem muito princípios elencados: o culto deve ser
alegre variado e com a participação de todos; tudo deve ser feito para
edificação; deve ter uma dinâmica com ordem e compostura. Vejamos os v. 33b a
35 demonstra restringir às mulheres o direito de falar e ensinar na igreja
como em todas as igrejas dos santos, as mulheres estejam caladas nas
igrejas; porque não lhes é permitido falar; mas estejam submissas como também
ordena a lei. E, se querem aprender alguma coisa, perguntem em casa a seus
próprios maridos; porque é indecoroso para a mulher o falar na igreja.
Existem três ordens
dadas nos versículos, todas apontadas às mulheres: “silenciai”, “subordinem-se”
(voz reflexiva) e “perguntai”. Numa primeira leitura, Paulo ordena que, nos
cultos públicos, a mulher permaneça em silêncio e não fale nada. O aprendizado
delas, quando tivesse dúvidas, seria em casa perguntando a seus maridos. Como
interpretar este texto, se nos textos anteriores de I Coríntios 11-14, ele deu
direito de liberdade às mulheres de orar e profetizar em público e de
participar ativamente no culto? Segundo Mickelsen (1996; 242-243).
há pelo menos duas possibilidades. É possível que Paulo esteja dizendo às
esposas que parem de interromper o culto ao fazer perguntas a seus maridos,
querendo saber o significado de tudo. Antes, deveriam perguntar-lhes em casa.
Talvez Paulo estivesse fazendo menção a ensinos falsos dos judaizantes, que
desejavam que as mulheres ficassem em silêncio na igreja, como tinham de ficar
na sinagoga. [...] Usualmente, quando Paulo fala “da lei”, refere-se ao Antigo
Testamento. Todavia, não existe uma passagem no Antigo Testamento que digam que
as mulheres devem estar subordinadas ou que não podem falar em público. Então a
que lei se refere esta passagem? Pode se referir a uma das numerosas leis
locais, que proibia às mulheres falar em reuniões públicas. Ou pode referir-se
à interpretação rabínica do Antigo Testamento. Se esta passagem for uma citação
dos judaizantes, é provável que se refira a uma interpretação rabínica. Há
outras possibilidades, ainda, mas ninguém pode dogmatizar com autoridade, sobre
o sentido exato desses versículos, porque não conhecemos a situação
sociocultural exata. Paulo o sabia, os coríntios o sabiam. Nós não o sabemos.
[...] Visto que esses dois versículos parecem contradizer o que Paulo dissera
anteriormente nesta carta, bem como o próprio costume de Paulo, concernente a
Priscila e suas outras “colaboradoras” (“meus cooperadores em Cristo Jesus”),
não ousamos usá-los com o objetivo de anular tudo o mais que Paulo escreveu e
praticou.
Outra estudiosa, Foh
(1996, p. 101-102) assim se exprime sobre este texto
o verbo usado junto com “silêncio” nesta passagem tem a conotação de
ausência de fala. Então seria absoluto o silencio exigido das mulheres? Se isso
for verdade, as mulheres não poderiam cantar participar de jograis, de leituras
responsivas, orar em voz alta, nem mesmo pronunciar a oração dominical. Se
assim for, tudo quanto foi dito antes, que envolve falar em línguas, profetizar
e compartilhar verbalmente na igreja, não diz respeito à mulher e deveria ter
um carimbo: “só para homens”. A expressão “vós todos” de 14.5 deveria excluir
as mulheres. [...] Além disso, Paulo emprega o termo “conservem-se as mulheres
caladas” em 1 Coríntios 14, mas não sugere um silêncio absoluto, pois o
contexto define que tipo de silêncio o apóstolo tem em vista. “Mas, não havendo
intérprete, fique calado na igreja, falando consigo mesmo e com Deus” (1 Co
14.28), e, “se, porém, vier revelação a outrem que esteja assentado, cale-se o
primeiro” (1 Co 14:30). Em nenhum dos casos, presume-se que o silêncio deva ser
absoluto; a pessoa que tiver o dom de falar em línguas pode certamente
participar de cânticos, de orações e assim por diante, ainda que esse crente
não possa falar em línguas sem que haja intérprete. [...] O apelo de Paulo à
lei em geral é sentido como um golpe tremendo para manter as mulheres sob
controle. Mas há outra maneira de ver a questão. A lei pode ser vista como um
limite. A mulher não precisa submeter-se naquilo que a lei não exige; a mulher
só deve submeter-se segundo as exigências da lei. O Antigo Testamento permitia
que a mulher profetizasse; portanto, 1 Co 14.34 não proíbe às mulheres o dom de
profetizar. O que a lei exige é a submissão, e não o silêncio. O mandamento no
v. 34 pode ser traduzido assim: “mas devem submeter-se”. “Esteja subordinada”
ou “fique sujeita” são formas passivas que ressoam uma nota de servilismo. Mas
o verbo grego é reflexivo. Trata-se de um ato que a própria pessoa executa por
si mesma, ou de si mesma. A mulher, sendo ontologicamente igual ao homem, de
vontade própria submete-se em reconhecimento de sua posição de mulher. O v. 35
também define o sentido de silêncio, ou de deixar de falar, que Paulo tem em
mente. Falar seria entendido então como fazer perguntas. O diálogo, com
perguntas e respostas, era a forma comum de estudo acadêmico do primeiro
século. Não se permitia à mulher que levantasse perguntas em diálogo, porque
esta era uma forma de ensino.
Visto acima, estudiosos discordam sobre a
explicação do texto, mas também não confirmam que o silêncio da mulher é
absoluto, como parece ser a explanação e interpretação do texto à primeira
vista. Culver, que advoga a ideia conservadora de que a mulher deve permanecer
em silêncio na igreja, interpreta este texto assim: “parece que a ideia é no
que concerne ao ato de ensino público na igreja, as mulheres
deveriam estar em silêncio” (1996, p. 38) (grifo do autor). Outra
observação é que o “silêncio” da mulher sempre é acompanhado de explicações
possíveis sobre o que acontecia na época em que o texto foi escrito, quer seja
intérprete conservador, quer seja igualitário.
Outro problema na interpretação destes textos
é se o culto e sua liturgia no primeiro século eram exatamente iguais aos
cultos atuais com uma liderança e liturgias formais. Ridderbos (2014, p. 534),
um teólogo perito em Paulo, afirma acerca dos cultos públicos
agora, no que ser refere a estas reuniões da Igreja, de forma alguma é o
caso que em Paulo tenhamos recebido informações detalhadas ou prescrições. Nas
epístolas que foram preservadas e chegaram até nós, ele fala dessas reuniões
incidentalmente, na maioria das vezes, com relação a certos abusos e
pressupondo muitas coisas que, com frequência, não ficam claras para nós e
sobre as quais gostaríamos de saber mais. Assim, desde o início, é difícil,
tomando por base as epístolas paulinas, determinar se e até que ponto estas
reuniões estavam sob a orientação específica de pessoas designadas para este
propósito. Esta questão está, obviamente, ligada de maneira muito próxima
àquela da presença de pessoas com cargos na Igreja de um modo geral. Tomando-se
como ponto de partida uma passagem como 1 Coríntios 11.17ss, há muito pouco que
deixe evidente uma ordem fixa; antes parece haver uma escassez de liderança. O
mesmo aplica-se a 1 Coríntios 14, onde Paulo vê-se obrigado a colocar
claramente para a Igreja que Deus não é, afinal de contas, Deus de confusão (v.
33). Por outro lado, tudo isso certamente não é prova de que nas reuniões da
igreja não havia, geralmente, uma liderança [...] Com tudo isso, podemos
considerar que muito mais coisas foram pressupostas do que aquilo que é
expressado com todas as letras. No entanto, fica evidente pela maneira como,
também a esse respeito, Paulo dirige-se continuamente à Igreja e não a uns
poucos que ocupam posições de liderança ou cargos, o quanto os encontros da
Igreja não são uma reunião hierárquicos, ou oferecidos por umas poucas pessoas
“santas”, mas têm um caráter plenamente congregacional.
Nas contendas atuais
sobre os textos paulinos, há uma tendência de conduzir a hierarquia e liturgia
dos cultos atuais para interpretar os cultos do I século. Aqueles eram cultos
bastante informais, realizados nas casas de pessoas da comunidade como acontecem
ainda hoje, e contando com a participação ativa de muitos como se infere de I
Coríntios 14.26. Os cultos tinham a presença e participação ativa de mulheres
(I Co 11.5).
2.3 I TIMÓTEO 2.8-15
Outro texto que houve controvérsia sobre o
assunto é I Timóteo 2.8-15. A primeira carta de Paulo a Timóteo deixa claro
como objetivo orientar o jovem pastor na sua empreitada de aparelhar a igreja.
Essa é uma das razões que preocupa muito a Paulo era em relação aos falsos ensinos
que estimulavam em Éfeso nesta época: “como te roguei, quando partia para a
Macedônia, que ficasse em Éfeso, para advertires a alguns, que não ensinem
outra doutrina” (1.3). Éfeso era uma cidade com suas características voltada ao
templo à deusa Diana (Ártemis) e onde Paulo conheceu e viveu grande perigo de
vida quando pregou o evangelho (Atos 19.23-41). A adoração desta deusa envolvia
a prostituição cultual
É provável que
neste ambiente de heresias e promiscuidade que temos de perceber o que diz o
texto de I Timóteo 2.8-15. No v. 8, Paulo evidencia sua vontade de que os
homens em todo lugar levantem mãos santas, sem ira e sem contenda. O que
diferencia o homem cristão não é a dominação, mas o pleno viver de uma
santidade prática que busca Deus e seu anseio e não disputas humanas carregadas
de ira. “A ansiedade de Paulo para com os homens e as mulheres não se focaliza
nas aparências externas, mas na qualidade do coração que causa os sinais
externos” (FOH, 1996, p. 96).
Os versos 9-15, o apóstolo confessa às
mulheres. No v. 9, ele começa com a expressão “do mesmo modo”. Isto denota que
o objetivo do ensino que foi oferecido ao homem, agora é oferecido à mulher:
uma existência de santidade prática. Nos v. 9 e 10, ele faz um contraste entre
o exterior e o interior da mulher
quero, do mesmo modo, que as mulheres se ataviem com traje decoroso, com
modéstia e sobriedade, não com tranças ou com ouro, ou pérolas ou vestidos
custosos, mas (como convém a mulheres que fazem profissão de servir a Deus) com
boas obras.
Os cabelos trançados,
ouro, pérolas e roupas caras faziam parte tanto das mulheres da alta sociedade
como também das prostitutas, inclusive as cultuais. Mickelsen (1996, p. 246)
fala deste contexto
a maior parte das mulheres gregas casadas usava uma catastola,
um roupão que descia até os pés, preso por um cinto. Um traje muito modesto.
A respeito de quem Paulo estava escrevendo? Aqui devemos levar em
consideração o contexto histórico e cultural, bem como o contexto literário. Em
Éfeso, com seu templo enorme erguido à deusa Artemis, havia centenas de
sacerdotisas sagradas que provavelmente também serviam como prostitutas
cultuais. Também havia centenas de hetaerae, mulheres gregas mais
educadas, acompanhantes regulares e com frequência parceira sexuais
extramaritais de homens gregos das classes superiores. É possível que algumas
dessas mulheres se tenham convertido e estivessem usando suas roupas caras,
indecorosas na igreja. Visto que as hetaerae com frequência
eram professoras respeitáveis de homens na Grécia (muitas delas são mencionadas
na literatura grega), com toda probabilidade estavam tornando-se professoras
depois de ingressar na igreja. Aparentemente, a falta de castidade e modéstia
era um problema real entre algumas mulheres da igreja de Éfeso, pois Paulo
menciona duas vezes nesta seção (I Tm 2.9,15) ser necessária a castidade (no
grego, sophrosyne).
A solicitação de Paulo é
as mulheres cristãs sejam contrarias delas. Em primeiro lugar, não apreciando
tanto valor ao que é externo embora faça declarações que as suas roupas tenham
que ser bem arrumadas e caracterizadas pelo decoro social e autocontrole. Este
procedimento com relação ao vestuário é conveniente para mulheres piedosas
(tementes a Deus). Mas, acima de tudo, o que deve ter a característica como
socialmente é a prática do tipo de boas obras. A preocupação delas deve ser
fazer o bem às pessoas.
O contexto demonstra que poderia incidir que
as mulheres admitissem a direção e o ensino da igreja cristã. Paulo se está
preocupado com o preceito de sua época, que é patriarcal, Paulo prossegue sua
orientação no v. 11: “a mulher aprenda em silêncio com toda a submissão”. Aqui
há um aspecto positivo e um problema de tradução. O aspecto positivo é que a
mulher cristã pode “aprender”. O que era negado em outras religiões da época,
onde as mulheres eram usadas como objetos ou completamente desconhecidas, no cristianismo
dar valor a mulher como pessoa que pode aprender e crescer intelectualmente.
Aprender não é só para os homens, é para todos. O problema de tradução
encontra-se na palavra explanada como “silêncio”. No texto grego, “esukia”
pode denotar “silêncio”, mas o melhor sentido é “tranquilidade, calma”: “a
palavra expressa a tranquilidade em geral” (RIENECKER; ROGERS, 1985, p. 460). A
mulher deveria aprender, não em silêncio, mas com tranquilidade, ou seja, com
toda a submissão. Não cabia a ela, pelo seu comportamento, usar a igreja para
fazer a mudança de sua sociedade patriarcal. Até porque Paulo sabia que este
comportamento traria enorme prejuízo para a igreja na sua tarefa de evangelizar
o mundo de então.
Prosseguindo em sua
orientação, Paulo vai fazer duas advertências às mulheres no v. 12: “pois não
permito que a mulher ensine, nem tenha domínio sobre o homem, mas que esteja em
silêncio”. A primeira exceção é que ele não permitia que a mulher ensinasse. A
segunda exceção é que a mulher não poderia dominar homem. O verbo habitual da
língua grega para exercer autoridade é “exousiazo”. Aqui Paulo não usa
esta palavra, mas usa o verbo “authenteo”. Este verbo é usado somente
aqui em todo o Novo Testamento. É traduzido como “exercer autoridade, dominar,
ser um autocrata, ser dominador” (RIENECKER; ROGERS, 1985, p. 460).
“Essencialmente, authentein significa ‘atirar-se’ e em geral tem um
sentido negativo [...] outro conceito primitivo era ‘originar’ algo ou
‘ser responsável’ por alguma coisa” (MICKELSEN, 1996, P. 247). Por que Paulo
usa uma palavra tão diferente ao invés de usar a palavra corriqueira para o
exercício da autoridade? O restante da frase, ao invés de “mas que esteja em
silêncio” poderia ser “mas ser (viver) em tranquilidade”, pois se trata da
mesma palavra “esukia” do versículo anterior. As duas restrições: não
ensinar e não comandar homens são típicas de sua sociedade.
Para dar
fundamento escriturística para estas duas exceções atribuídas à mulher, o
apóstolo refere o exemplo de Adão e Eva. Os v. 13-14 dizem assim: “porque
primeiro foi formado Adão, depois Eva. E Adão não foi enganado, mas a mulher,
sendo engada, caiu em transgressão”. As razões para a mulher não ensinar e nem
dominar sobre homens vem de dois exemplos históricos: 1º) Adão foi formado
primeiro e depois Eva, que veio dele; 2º) Adão não foi enganado, mas Eva foi e
bem enganada, tornando-se transgressora das ordens de Deus. Com estes exemplos
são bastam para esclarecer que, em sua cultura, a mulher se submetia ao homem.
Paulo poderia ter concluído sua alegação no v.
14 e seu objetivo teria sido abrangido. No entanto, ele escreve o v. 15 com um
sentido visivelmente misterioso: “salvar-se-á, todavia, dando à luz filhos, se
permanecer com sobriedade na fé, no amor e na santificação”. Obviamente, esta
salvação do v. 15 não é um ensino geral porque se assim fosse, mulheres que não
gerassem filhos não poderiam ser salvas e, além disso, a salvação seria pelas
obras. A salvação do v. 15 está descrita deste modo para se redarguir aos v. 13
e 14. Em I Coríntios 11.2-10, quando também falou da submissão social da mulher
ao homem, Paulo “compensou” esta situação da mulher registrando os v. 11 e 12,
onde narrava que “no Senhor, nem a mulher é independente do homem, nem o homem
independente da mulher; pois assim como a mulher veio do homem, assim também o
homem” “nasce da mulher, mas tudo vem de Deus “. Outro exemplo do apóstolo
perpetrando esta “compensação” estar em I Coríntios 7.1-6, como ele fala das
afinidades sexuais no matrimônio. No v. 1, ele recomenda “bom seria que o homem
não tocasse em mulher”, olhando do ponto de vista do homem. Porque se aguardava
que ele falasse da dominação masculina mesmo nas relações sexuais, ele descreve
o v. 4: “a mulher não tem autoridade sobre o seu próprio corpo, mas sim o
marido; e também da mesma sorte, o marido não tem autoridade sobre o seu
próprio corpo, mas sim a mulher”. Paulo faz o mesmo tipo de “equilíbrio” aqui.
O v. 15 é um contraponto aos v. 13-14. Os motivos de a mulher ser dependente na
sociedade e, por conseguinte, na igreja, apresentam como primeiro argumento que
Eva foi formada de Adão (v. 13). O contraponto significa que a mulher origina
filhos, em meio a os quais homens. Eles vêm delas. O segundo argumento é que
Eva foi enganada; a resposta no v. 15 é que o engano se rescinde quando a
mulher, na salvação de Jesus Cristo, conservar-se na fé, no amor e na
santificação (todas estas são qualidades necessárias na salvação) e isto com
sobriedade (grego: sofrosyne) que “significa basicamente o
autodomínio nos anseios físicos é aquele autocontrole interior habitual, com
seu domínio constante sobre todas as paixões e desejos” (RIENECKER; ROGERS,
1985, p. 460). Uma mulher que vive a salvação com fé, amor e santificação,
controlando seus desejos e paixões é o exato contrário de uma Eva enganada. O
ensino aqui é que a nova vida em Cristo, a salvação do v. 15, concede à mulher
um lugar reabilitado que havia perdido na queda e pela qual sofre a
consequência de subordinar-se na sociedade. A salvação de Jesus devolve-lhe a
mesma igualdade com o homem e, neste âmbito (a Igreja), não existe mais a
superioridade masculina e nem a subordinação da mulher, pois “em Cristo Jesus,
não há homem nem mulher”.
3.1 A TEOLOGIA PAULINA DAS DUAS ERAS
A teologia paulina analisa o acontecimento
“Cristo”, sobretudo sua morte e ressurreição, como o centro da ação de Deus na
história (I Coríntios 15:3,4; 2.2; Romanos 6.4-10; Gálatas 2:20; 4:4-6). Assim
como rabino judeu, Paulo percebia que a período atual era controlada pela
maldade, mas que surgiria uma época futura que ofereceria início com o Dia do
Senhor e na qual Deus instalaria o seu Reino em definitivo na Terra, vencendo
toda a maldade. “Saulo, o judeu, participava da esperança judia da vinda do
Messias, de uma forma ou de outra, para aniquilar seus inimigos, redimir Israel
e colocar o Reino de Deus” (LADD, 1985, p. 343). Quando Paulo converte-se a
Jesus no caminho de Damasco (Atos 9.1-19) o seu pensamento acerca das eras
atuais e vindouras mudaram, em especial, porque ele passa a crer em Jesus como
o Messias. Logo, a era messiânica já havia iniciado. Segundo Ladd (1985, p.
343-352), para Paulo, a atual era/século (grego: aion) era
assinalada pelo domínio do pecado e estava em rebelião contra Deus, sendo
dominado pelo seu deus, Satanás (II Coríntios 4.4). Com a vinda de Jesus, o
Messias, seu Reino já estava na Terra e foi trazido ao seu povo, mesmo que o
mundo não o pudesse perceber (Colossenses 1.13). O reinado de Jesus não
começaria na parousia (vinda) e se ampliaria ao telos (fim),
mas principiou na sua ressurreição e iria até o telos. Desta forma,
a partir de Jesus Cristo, a era (aion) futura entrou na história humana.
Embora a era vindoura ainda continue por vir, sua eficácia e suas bênçãos
envolveram a atual era das trevas. Os que creem em Jesus passam a conviver em
duas eras respectivamente. Necessitam existir neste mundo, dentro de suas
culturas com suas responsabilidades e, ao mesmo momento, é a comunidade do
Senhor que goza da nova existência em Cristo: “pelo que, se alguém está em
Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez
novo” (II Coríntios 5.17). Uma nova vida está aberta aos homens: a existência
“em Cristo”.
Ele agora sabia que Jesus é o Messias, o Filho de
Deus, que inaugurou uma nova era, que requeria de Paulo uma nova atitude diante
dos homens. Ele não os via mais como judeus e gregos, escravos e livres. Tais distinções,
embora reais, não mais interessavam. Todos eles são homens amados por Deus, por
quem Cristo morreu a quem ele tem que levar as boas novas da novidade da vida
em Cristo (1985, p. 351).
Qual então é centro da teologia
paulina?
A teologia de Paulo é a exposição dos novos
fatos redentores; a característica comum, em todas as suas ideias teológicas é
o seu relacionamento com o ato histórico de Deus da salvação em Cristo. O
significado de Cristo é a inauguração de uma nova era de salvação. Na morte e
ressurreição de Cristo, as promessas da salvação messiânica do Velho É nesta nova era, ou o Reino de Deus, que Jesus originou a Igreja
como a comunidade do Reino. A Igreja está inserida nas comunidades da velha era
e com elas teremos de conviver. Mas a Igreja, em si, é uma comunidade
totalmente irregular porque ela é escatológica. Ela diz respeito ao futuro; na
verdade, é a comunidade dos remidos que morarão no céu: “mas a nossa pátria
está nos céus, onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo”
(Filipenses 3.20). É neste conflito que a Igreja vive: ela tornou-se a
comunidade da nova era que Cristo começou, mas, ao próprio tempo, ela tem que
conviver na velha era com suas culturas, tradições e condutas decorridas tanto
da imagem de Deus que ele colocou na humanidade (Atos 17.25-29) quanto da queda
(Romanos 1.28-32).
Muita
igreja e ministério também existem certos preconceituosos a respeito da
teologia por parte de muitas pessoas nas igrejas, principalmente entre o
povo que é evangélico, de que "estudar demais torna as pessoas críticas
ou céticas" existem muitos casos de colegas que abandonaram o estudo
por não conseguirem aceitar as diferentes visões nas quais excluem as mulheres
como pastoras somente ao homem é permitido este direito. Paulo ver o caminho
para o pastorado não no singular, mas como plural, mas pode variar conforme a
vertente de alguma igreja.
Testamento se cumpriram, mas dentro
da era antiga. O novo veio dentro do alicerce do antigo; mas o novo também está
destinado a transformar o antigo. Portanto, a mensagem de Paulo é tanto de uma
escatologia realizada como futurística (1985, p. 352).
3.2 A EXISTÊNCIA DA IGREJA NAS DUAS ERAS
A Igreja, esta comunidade que vive uma tensão
confusa, terá duas empreitadas em sua peregrinação nesta terra. A primeira é
viver o início da nova era que Cristo veio com as importâncias da ética do
Reino de Deus. Um dos princípios é que o fundamental benefício da ética e
predominante que Jesus ensinou e que Paulo salienta é o amor (I Coríntios 13;
Romanos 12.9-10; 13.10; Gálatas 5.6; Efésios 5.2; Filipenses 2.2; Colossenses
3.14; I Tessalonicenses 3.12; I Timóteo 1.5; Tito 2.2; Filemom 5). O amor
conduz as outras virtudes, mas este amor é fielmente considerado, como em I
Coríntios 13.4-7. Há ainda outros
princípios pertencentes à nova era: Gálatas 3.28 que em Cristo, não há homem,
nem há mulher; nem escravo nem livre; nem judeu, nem grego.
Diz Paulo em I
Tessalonicenses 5.21-22: “mas ponde tudo à prova. Retende o que é bom;
abstende-vos de toda espécie de mal” e em Filipenses 4.8: “quanto ao mais,
irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo que é honesto, tudo que é justo, tudo que
é puro, tudo que é amável, tudo que é de boa fama, se há alguma virtude, se há
algum louvor, nisso pensai”. Estes dois textos, entre outros, servem para
confirmar que Paulo entendia que há coisas boas e más nas culturas e incumbia
aos cristãos usar as Escrituras e a razão para assinalar e, tanto abonar como
abandonar, pois “não vos conformeis a este mundo, mas transformai-vos pela
renovação da vossa mente” (Romanos 12.2).
Certo problema difícil
para a Igreja na realização destas duas tarefas é que o evangelho habitualmente
chega após a cultura. As sociedades estão arrumadas com seus valores próprios,
apartadas de Deus e de seu anseio. O evangelho cria mudanças naquelas pessoas
que creem (Efésios 2.11-13; Filipenses 1.5,6; I Tessalonicenses 1.5,6), como em
muitos aspectos, a noção de certo e errado, bem e mal, está ligada àquilo que são os costumes de cada
sociedade. Argumentos como alimento, roupa, formas de tratamento, distinção
social, papéis do homem e da mulher, relacionamento doméstico, entre outros,
são parte da concepção cultural de cada povo e o enigma em preencher as duas
tarefas da Igreja (conviver com os princípios bíblicos principais e separar, na
cultura, o que é bem e mal) pode ser analisado em três argumentos culturais
sobre os quais Paulo fala: submissão da mulher ao homem na igreja e na
sociedade, a monogamia/poligamia e a escravidão. Todos estes assuntos faziam
parte da vida das sociedades greco-romanas e judaicas da época do apóstolo
Paulo.
Em cada época
específica. O homem forma a cultura e é formado por ela. Também, muito do que
seja bem ou mal para um cristão continuará atrelado ao que a sociedade lhe
educou. Em contato com os princípios da nova era em Cristo, conflitos surgirão
e a Igreja carece da direção inspirada dos autores da Bíblia. Nem
continuamente, em toda a civilização, a Igreja conseguirá viver de modo global
as aberturas básicas da fé, entretanto terá de se amoldar-se até que a circunstância
deixe acostuma.
Acerca do assunto da
monogamia/poligamia, Rega (2009, p. 66-70) expõe o que ele chama de “situações
críticas fronteiriças” (2009, p. 66). São situações cujo comportamento da
sociedade destoa da ética do evangelho e, temporariamente, se aceita aquele
processo, mas adotando ações que visem uma futura transformação. Ele refere
como casos assim, da época de Paulo, a poligamia e a escravidão. Acerca da
poligamia, Rega afirma que os princípios bíblicos instruem as
famílias a ficarem atreladas pelo amor (Colossenses 3:12-14). A palavra de
Deus também protege as famílias por instruir outro princípio orientador: que o
casamento deve ser inalterável (Gn 2:24). Por exemplo, os padrões normalmente
preferem empregados que seguem os princípios bíblicos da honestidade
e da diligencia (Provérbios 10:4, 26; Hebreus 13:18). Na Palavra de Deus,
devemos ser educados a ficar contentes quando as necessidades básicas em
nossas vidas são satisfatórias, Paulo nunca quis ser dependente dos outros, ele
dava valor a amizade com Deus, das coisas materiais.
Paulo, por exemplo, teve que lidar com situações
complexas para a cultura da época. Ao tratar da questão do incesto (I Coríntios
5.1-5), sua resposta foi radical: expulsão do incestuoso da comunhão da igreja.
Em outra ocasião, no entanto, Paulo teve de encontrar uma alternativa
diferente. Foi o caso dos homens que, embora casados, tinham outra mulher. Essa
situação era tolerável na cultura da época, mas esses homens estavam se
convertendo e se integrando às igrejas. [...] No primeiro caso, Paulo procurou
estabelecer uma liderança que servisse de modelo para as gerações futuras. A
situação dos que se convertiam não podia ser imediata e radicalmente alterada –
ainda que de natureza complexa à luz da compreensão matrimonial e familiar
bíblica – sob pena de gerar sérias dificuldades à sobrevivência familiar. A
abordagem de Paulo para esta situação está descrita nos critérios para a
escolha dos presbíteros e diáconos da igreja. Paulo enfatiza que o líder
deveria ser marido de uma só mulher (v. 1 Tm 3.2,12; Tt 1.6). [...] Por que
Paulo teria mencionado este critério ao descrever o perfil para os líderes das
igrejas? Será que a igreja abrigava entre os membros pessoas que praticavam a
poligamia ou que viviam a forma disfarçada de concubinato? Embora não haja
registros de situações como essas, D. A. Carson lembra que a poligamia era
praticada especialmente pela aristocracia, e em algumas províncias. [...] Outra
possibilidade dentro deste raciocínio é que a proposta de Paulo visava formar
uma liderança que seguisse o padrão bíblico de vida, inclusive nas relações
matrimoniais, ou seja, a liderança abandonaria práticas culturais que
conflitassem com padrões bíblicos. Isso quer dizer que os convertidos em estado
matrimonial aceito social e legalmente (poligamia ou concubinato, p. ex.)
poderiam mantê-lo (1 Co 7.17-24), mas não lhes seria permitido ocupar função de
liderança. Com isso podemos deduzir que Paulo possuía um ideal ético a ser
perseguido: monogamia como padrão para o matrimônio. No entanto, havia uma
situação real vivida (ou pelo menos hipotética): a poligamia (real ou
disfarçada em concubinato), que se desejava eliminar, objetivando atingir, mais
tarde, o ideal ético. Paulo levanta uma liderança modelo para ser
seguida pelas gerações futuras. Ou seja, tolerou-se provisoriamente uma
situação enquanto as bases para conquistar o ideal ético bíblico eram lançadas.
(2009, p. 66-70) (grifos do autor).
O texto de Rega admite
que Paulo fosse bem ao tolerar a possibilidade da poligamia para os novos
cristãos por causa à cultura deles, cogitando para que, no futuro, a monogamia
fosse o ideal matrimonial de todos.
Vários autores, quando
discorrem da submissão da mulher ao homem, procuram nos textos da criação
(Gênesis 1 e 2) a motivo para que seja deste modo para sempre. Nestes textos,
existe a ordem de Deus para a monogamia (Gn 2.24). Este continuamente foi o ideal
de Deus para o matrimônio. Os homens estabeleceram sociedades onde a poligamia
imperava (basta ler o livro de Gênesis). No entanto, apesar de ter dado seu
ideal no Éden, Deus tolerou este “desrespeito” ao seu padrão, respeitou as
culturas e, ainda por cima, usou para sua revelação homens polígamos, como foi
o caso de Abraão, Jacó, Davi e Salomão, entre outros. É de se destacar que o
povo eleito de Israel foi formado de um homem chamado Jacó que tinha duas
esposas e duas concubinas e, com elas, formou as 12 tribos da nação através da
qual Deus se revelaria ao mundo (Gênesis 35.23-26). Na época de Paulo, havia a
poligamia como algo natural em algumas sociedades. Paulo trabalhou para mudar
esta situação em favor da monogamia (I Coríntios 7.2; Efésios 5.22,24; I
Timóteo 3.2), mas sabia que estava “lançando as bases para conquistar o ideal
ético bíblico para evangelização”.
Diferente ponto cultural que gerava conflito
com o ensino da Bíblia e a evangelização era a escravidão. Ao passo que a
poligamia era exceção no mundo greco-romano e judaico, a escravidão era
endêmica, pois “a escravidão era universal e própria da textura da sociedade.
Tem-se considerado que, no tempo de Paulo, existiam tantos escravos, quanto
homem livre em Roma e a proporção de escravos para homens livres, na Itália,
eram de três para um” (LADD, 1985, p. 490). Qual o princípio da Bíblia
pressuposto nos textos da criação? A de que todo ser humano é livre porque cada
um foi criado à imagem de Deus (Gênesis 1.27). Além disso, a ordem divina é que
homem e mulher deveriam dominar a natureza e os demais seres: “enchei a terra e
sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves do céu e sobre todos
os animais que se arrastam sobre a terra” (Gênesis 1.28). Em nem um lugar é
dito que eles precisariam dominar outros seres humanos. As sociedades
constituídas pelos homens lançaram culturas favoráveis à escravidão. Portanto,
a escravidão tornou-se uma maneira cultural do mundo antigo e o era na época de
Paulo.
Em I Coríntios 7.21-24,
Paulo assim se manifesta com respeito ao assunto.
Foste chamado sendo escravo? Não te dê cuidado; mas se ainda podes
tornar-te livre, aproveita a oportunidade. Pois aquele que foi chamado no
Senhor, mesmo sendo escravo, é um liberto do Senhor; e assim também o que foi
chamado sendo livre escravo é de Cristo. Por preço fostes comprados; não vos
façais escravos de homens. Irmãos, cada um fique diante de Deus no estado em
que foi chamado.
O chamado ao qual Paulo
se refere é a conversão a Jesus Cristo. O que a pessoa era na sociedade, devia
permanecer a ser. Embora de sabendo que a liberdade é um valor superior
provindo do próprio Deus, Paulo nunca falou contra a escravidão e nunca
estimulou os escravos cristãos a se revoltarem. Pelo contrário, lembrando o
escravo fugitivo Onésimo se converteu através de sua pregação, Paulo o mandou
de volta para o seu senhor (Filemom v. 12). A ordem é: se você se converteu
sendo escravo, continue escravo e não se preocupe com isto (v. 21). No entanto,
como a livre-arbítrio é uma forma elevado e melhor de vida, ele diz que, se o
escravo tem uma chance, legal e cultural, de tornar-se livre, deve valer-se
dela (v. 21). Para Paulo, um cristão virar um escravo de homens, era
inadmissível, pois já tinha sido comprado por preço (v. 23): careceria
continuar livre. No v. 22, Paulo faz a compensação ao escravo cristão que se
mantém como tal: “pois aquele que foi chamado no Senhor, mesmo sendo escravo, é
um liberto do Senhor; e assim também o que foi chamado sendo livre escravo é de
Cristo”. No Senhor, o escravo não é mais escravo, é um homem livre. A sociedade
ainda o prende, mas em Cristo tudo é conforme os mais altos princípios de Deus.
Mesmo não rompendo, naquele momento, com a escravidão, Paulo lança uma base
queria fermentar a Igreja e a sociedade em relação a este fenômeno.
Outra ocasião em que
Paulo fala também detidamente sobre o assunto é em sua carta a Filemom. Paulo
estava em uma prisão em Roma (v. 9,13). Paulo evangelizou e converteu um
escravo fugitivo chamado Onésimo (v. 10). Paulo soube que o senhor de Onésimo
era Filemom, outro discípulo que ele havia ganhado para Cristo (v. 19). Escreve
uma carta a Filemom para dizer que envia Onésimo de volta, agora como um
escravo útil (v. 11). São valiosas as palavras que Paulo usa acerca da forma
como Filemom deve receber seu escravo Onésimo
porque bem pode ser que ele se tenha separado de ti por algum tempo, para
que o recobrasses para sempre, não já como escravo, antes, mais do que escravo,
como irmão amado, particularmente de mim, e quanto mais de ti, tanto na carne
como também no Senhor (v. 15,16).
É sensato que Paulo não
quis falar contra a escravidão, mas o que Paulo estava cometendo quando manda
dizer a um senhor de escravos como deveria tratar um escravo fugitivo “não já
como escravo, antes, mais do que escravo, como irmão amado” senão destruir toda
a base ideológica cultural da escravidão? No entanto, ao apelar neste sentido a
Filemom, o argumento de Paulo é que Onésimo é agora um “irmão amado”, ou esteja
todos eles estão “em Cristo”. “A salvação de Jesus trouxe um nivelamento de
todas as pessoas como irmãos (a nova era de Cristo), embora eles continuassem a
ser senhor e escravo na sociedade (a velha era), pois”
a fé cristã é para ser vivida dentro dos contextos das estruturas sociais
existentes, pois elas pertencem à forma deste mundo, que passará (I Cor. 7.31) [...]
não há nenhuma palavra para libertar o escravo. No entanto, dentro do
relacionamento da Igreja, tais distinções sociais foram ultrapassadas (I Cor.
12.13; Gál. 3.28), embora não pudessem ser evitadas na sociedade (LADD, 1985,
p. 491).
Para quem lê
literalmente o Novo Testamento, Paulo é do benefício da escravidão isso é ele é
a favor quer que os escravos permaneçam nesta classe: “foste chamado sendo
escravo? Não te dê cuidado” (I Coríntios 7.21); “porque bem pode ser que ele se
tenha separado de ti por algum tempo, para
que o recobrasses para sempre” (Filemom 15); “vós, servos, obedecei a vossos
senhores segundo a carne, com temor e tremor, na sinceridade de vosso coração, como a Cristo” (Efésios 6.5); “vós, servos, obedecei em tudo a
vossos senhores segundo a carne” (Colossenses 3.23). Orienta que é um risco de
se ler literalmente as Escrituras sem penetrar nos conceitos que ela propaga.
Aquele que compreende que Jesus Cristo veio para consagrar o seu Reino (que é
uma nova era aonde vive a justiça, o amor, a paz, a misericórdia, a
solidariedade, o respeito, a liberdade), e que este se aplica às culturas
humanas, entenderá que determinados mandamentos bíblicos estão acoplados a suas
épocas e sociedades e carecem ser interpretados de acordo com os princípios
maiores do Reino. Ridderbos assim se manifesta sobre o tratamento que Paulo dá
à escravidão
por certo, fica aparente aqui que Paulo não pensava na abolição da
escravatura como instituição por motivos cristãos. [...] Pode-se observar pelo
simples fato de Paulo dirigir-se sucessivamente aos escravos e senhores como
membros iguais da igreja e descrever o relacionamento entre eles como sendo de
responsabilidade mútua, o quanto esta postura significou uma revolução. De
maneira alguma ela podia ser conciliada com a posição do escravo no mundo
daquela época e nem dentro do judaísmo. [...] Não se pode negar que, ao mesmo
tempo, foi introduzida uma enorme tensão na escravidão como sistema social, mas
ainda assim, isso deve ser visto, tanto quantos podem entender, mais como uma
consequência do que como um objetivo deliberado das admoestações de Paulo (RIDDERBOS,
2014, p. 348).
A tese da sujeição da
mulher nos escritos de Paulo adota a mesma linha do que foi dito acerca da
poligamia e da escravidão. Ele acompanha a ideia principal de que os cristãos
(a Igreja) vivem em duas eras ao próprio tempo: a nova era inaugurada por Cristo,
o seu Reino, e a antiga era dominada pelos resultados da queda no Éden. Em
Romanos 5.12-21, ele denomina esta posição entre os que estão “em Cristo” e os
que estão “em Adão”. Adão aqui não é apresentado bem como o homem da criação no
Éden, mas aquele de quem o pecado entrou no mundo e ocorreu esta condição a
todos os homens (v. 12). Estar em Adão é ser pecador e estar debaixo dos
efeitos da queda. Estar em Cristo é ser constituído justo por ele (v. 19) e
reinar em vida por meio dele (v. 17).
Em primeiro lugar, Paulo
coloca o princípio de igualdade das mulheres em semelhança aos homens,
decorrente da nova era da salvação. Textos como Gálatas 3.28 e I Coríntios 13,
são típicos neste sentido. Da própria forma como Jesus constituiu uma hierarquia
de valores botando o amor e o respeito ao próximo em primeiro lugar (Mateus
22.35-40; 7.12), Paulo exibir os valores do Reino de Deus com grande
importância para a vivência da Igreja. Ela já vive na salvação de Deus e julga
a cultura de acordo com estes padrões. Por conta de também viver na presente
era, a Igreja tanto se adaptará à sociedade onde se encontra como também
promoverá mudanças dentro dela.
O rompimento de todas as diferenças sociais em
Cristo tem uma intensidade de impacto nesta mesma sociedade. Como já foi dito,
os papéis sociais de Gálatas 3.28 permanecem os mesmos, mas sucedeu uma
modificação interna, tantas vezes nas pessoas que participam desta fé, quanto
no grupo que elas passam a agregar dentro da sociedade, que é a Igreja cristã.
A fé em Jesus vai dizer que judeus e gentios são iguais neste Reino que
pertence ao Senhor. Vai falar que, em Cristo, todos são livres, mesmo que
temporalmente, alguns continuem escravos. Vai falar que, ainda continuem com a
sexualidade que a natureza lhes deu, são hoje iguais e não há mais
superioridade de uns em relação a outras. Com o aumento da Igreja cristã e sua
influência, chegou o momento em que as próprias sociedades humanas se apegariam
aos princípios advindos desta doutrina e declararia uma afirmação universal dos
direitos humanos, aboliriam a escravatura, instituiriam o voto universal e a
democracia, aplainariam a mulher ao homem com todos os direitos inerentes, e
muito mais. Não é à toa que todas estas conquistas se deram em países de
tradição cristã. O princípio de Paulo diz importância à Igreja, mas sem dúvida
seria um progresso também para as sociedades por ela com a sua influência. Esta
visão de Paulo mudaria as sociedades. A ampla tragédia para o cristianismo é
que sua Igreja, na prática, receberia as implicações destes princípios de Paulo
depois da sociedade, como foi o caso da escravidão e agora, da igualdade de
homens e mulheres.
Em segundo lugar, Paulo
respeita as culturas onde os cristãos estão inseridos. A cultura da época
paulina é patriarcal. O marido/pai tinha todo o poder dentro da família, pois
“as relações familiares eram de dominação pelo chefe da casa e de sujeição por
parte da esposa, dos filhos e escravos e isso constituía a célula fundamental
da construção do Estado, uma estrutura que se refletia nas classes e no status
social” (MATOS, 2004, p. 79). Quando fala em I Coríntios 14 e em I Timóteo 2,
acerca das reuniões da igreja, qual não seria a acanhamento, dentro de uma
sociedade deste tipo, que as mulheres não trariam para a igreja e seus maridos
se começassem a exercer autoridade sobre os homens e tomassem a liderança em
todas as reuniões. A igreja seria depressa mal vista por toda a sociedade e
isto poderia provocar em perseguição contra ela por parte da sociedade e do
Estado. A abertura que Paulo tem em mente é o não dificuldade, por conta de
desrespeitos à cultura do lugar, da salvação de todos conforme I Coríntios 10.32-33,
não vos
torneis causa de tropeço nem a judeus, nem a gregos, nem a igreja de Deus;
assim como também eu em tudo procuro agradar a todos, não buscando o meu
próprio proveito, mas o de muitos, para que sejam salvos.
Ao dizer não tornar causa de tropeço diz não
afrontar os costumes que a sociedade da época pratica. Como o hábito da
submissão da mulher era generalizado em todo o Império Romano, essa era uma
regra que precisaria ser seguida. Por esta razão, Paulo não aceitava que a
mulher ensinasse na igreja ou exercesse autoridade sobre os homens e dizia que
ficassem caladas na igreja. Por este pretexto ainda, ele diz que os bispos
precisam ser maridos de uma só mulher e “que governe bem a sua própria casa,
tendo seus filhos em sujeição, com todo o respeito” (I Timóteo 3.2,4). Na
compreensão paulina, a Igreja ainda está nesta velha era, e participa da
situação humana decorrente da queda.
No entanto, todas as ocasiões que Paulo
subordina a mulher ao homem por questão cultural, ele equilibra instruindo os
princípios da nova era em Cristo. No texto de I Coríntios 11, acerca do véu das
mulheres, ele coloca os v. 11,12. Ele principia o v. 11 dizendo: “no Senhor”, a
sugerir que antes ficava articulando da questão cultural local, mas atualmente
fala da nova era. Sua argumentação é que homens e mulheres não são autônomos e
os dois vêm de Deus. Em I Coríntios 14.34,35, as mulheres devem ficar caladas
na igreja não podendo ensinar, mas podem profetizar e orar (11.5; 14.29-31). Em
I Timóteo 2.9-15, onde a mulher não pode ensinar e nem exercer autoridade sobre
homem, ele insere o v. 15 que diz respeito à “salvação” da mulher, ou seja,
acerca da nova era em Cristo e que a faz ser protagonista no Reino de Deus. Até
mesmo no texto acerca da família (Efésios 5.22-33), onde Paulo advoga
abertamente o comando masculino, há compensações às mulheres. Se elas devem
submissão aos maridos (v. 22), eles devem amá-las como Cristo amou a Igreja, ou
seja, a ponto de se auto sacrificar em favor dela. Os maridos devem ter igual
cuidado por elas como os seus próprios corpos (v. 28,29) por qual motivo?
“Porque somos membros do seu corpo” (v. 30). Paulo apresenta estas compensações
em relação à mulher e diz que a inclusão marido/mulher deve ser diferente
daquele que é o costume habitual praticado pela sua sociedade somente porque
fazemos parte do Corpo de Cristo, a Igreja. Significa no âmbito da nova era do
Senhor que as condutas culturais vão sendo mudados.
Outra advertência
é que Paulo, sempre que não houvesse “pedra de tropeço”, caçava, na prática da
vida, combinar homens e mulheres. Em Romanos 16.1, bem como saúda muitos irmãos
que estão em Roma, ele fala de várias mulheres que trabalharam tanto quanto os
homens no Reino de Deus e algumas em posição de liderança. Temos Febe (v. 1,2)
que é diaconisa (grego: diáconos) e patrona, líder (grego: prostatis,
v. 2),
Febe é também a única em Romanos 16
a quem a palavra prostatis é empregada. Prostatis é
a forma feminina de um substantivo que significa “líder, pessoa que preside que
fica à frente, patrono”. Este substantivo provém da raiz verbal proistemi,
que significa “governar e cuidar” como vemos em quatro passagens (I Timóteo
3.4,5,12; 5.17) (MICKELSEN, 1996, p. 231-232).
Achamos o casal Priscila
e Áquila (v. 3) que ele qualifica de “meus cooperadores” (importante é o
acontecimento de Paulo citar a mulher antes do marido, incomum a época). Maria
(v. 6) “muito trabalhou por vós”. No v. 12: “saudai a Trifena e a Trifosa, que
trabalham no Senhor. Saudai a amada Pérside, que muito trabalhou no Senhor”. No
v. 7, ele diz: “saudai a Andrônico e a Júnias, meus parentes e meus
companheiros de prisão, os quais são bem prestigiados entre os apóstolos, e que
estavam em Cristo antes de mim”. Andrônico e Júnias são chamados de
“apóstolos”. Há uma grande discussão se “Júnia” é um nome feminino ou masculino
(ver para nome feminino: MICKELSEN, 1996, p. 232-233; SILVA, 2013, p. 139;
autores que aparecem incerteza: BRUCE, 1979, p. 219; LOPES, 2015, p. 4).
Segundo Silva, “vale ressaltar que 9 mulheres são mencionadas ao lado de 17
homens na lista de saudação de Romanos 16.1-16 volume numérica espantoso para o
contexto das relações patriarcais” (2013, p. 139). Richardson (apud MICKELSEN,
1996, p. 233) afirma: “o que esta relação evidencia é que num simples ambiente
(Rm 16), numa lista coesa de saudações, as mulheres ganham mais honrarias do
que os homens, a despeito do número destes ser superior e a elas se conferem
papéis mais importantes!”. Em Filipenses 4.2,3, Paulo cita Evódia e Síntique e
diz que “trabalharam comigo no evangelho”. Em I Timóteo 3.8-13 ao falar acerca
dos diáconos, Paulo diz no v. 11: “da mesma sorte as mulheres sejam sérias, não
maldizentes, temperantes e fiéis em tudo”. As mulheres eram diaconisas na
Igreja Primitiva, posição de destaque e liderança, mesmo num mundo patriarcal.
3.3 A ESPERANÇA DA ORDENAÇÃO DA MULHER COMO PASTORA FEMININA
Assim como se trata designadamente que a
mulher possa assumir o pastoreio da igreja nos períodos atuais, a que
conclusões encontrarem nos escritos de Paulo? Será provável afastar-se
princípios que, aproveitados ao tempo e à cultura atual, acolham o exercício do
ministério pastoral feminino? Teólogos discordam acerca desta possibilidade no
ensino de Paulo.
Lopes, comentando os
textos de Coríntios e Timóteo, manifesta-se contrário, argumentando que,
O princípio por
detrás desta ordem (mulheres usarem o véu), conforme vimos acima, é o de
apresentarem no culto em plena submissão à liderança masculina cristã. O uso do
véu é a forma contextualizada pelo qual esse princípio se
expressava. Hoje em dia, nas culturas ocidentais, o uso do véu não é uma
expressão apropriada deste princípio. O princípio permanente que
está subjacente em 1 Coríntios 11.2-16, 14.34-35 e 1 Tm 2.11,12 é o de que se
mantenham as distinções e os papéis intrínsecos ao homem e à mulher na igreja e
na família. Assim, a mulher não deve inverter os papéis, e ocupar posição de
autoridade sobre os homens, quer seja para governá-los ou para ensiná-los.
(2015, p. 20-21) (grifos do autor).
Grudem também se
manifesta contrário a essa possibilidade
essas (ensino e exercício de
autoridade) eram as funções dos presbíteros da igreja e especialmente dos que
conhecemos como pastor na igreja atual. São especificamente estas funções
singulares de um presbítero que Paulo proíbe que as mulheres exerçam na igreja
(1999, p. 787).
Foi também se prepara
contrariamente: “com respeito aos cargos da igreja, as mulheres não podem ser
presbíteras (nem pastoras-mestras, nem evangelistas, nem ministras, como às
vezes são designadas), porque esses cargos envolvem o ensino e o governo”
(1996, p. 122).
Por outro lado,
Mickelsen mostra-se favorável, pois
homens e mulheres cristãos não
devem enredar-se e prender-se sob um jugo escravizador. Homens e mulheres devem
pregar. Mulheres e homens devem fazer discípulos. Devem ministrar com os dons
do Espírito. Cristo libertou homens e mulheres para que sirvam, amem,
fortaleçam e apoiem as pessoas e delas cuidem. [...] O ensino de Gênesis, a
vida e os ensinos de Jesus, o escopo e dos escritos e da prática de Paulo –
tudo isso aponta para a completa dignidade das mulheres que têm sido chamadas e
dotadas de talentos pelo próprio Deus, a fim de que sirvam à igreja
e ao mundo (1996, p. 250) (grifo do autor).
Liefeld aponta para
princípios, tirados dos textos de Paulo, que deixam, hoje em dia, acolher a
liderança da mulher na igreja
Paulo tinha um princípio básico que
requeria a subordinação temporária dos demais princípios. Em Gálatas, Paulo
estabeleceu o princípio de que o crente está “morto” para a lei. A salvação não
é obtida mediante fazerem-se as obras da lei do Antigo Testamento. Paulo
permanece em sua autoridade de apóstolo. Como vimos, ele também instituiu um
princípio relativo ao homem e à mulher em Cristo. Mas em I Coríntios, Paulo diz
que ele, o apóstolo da liberdade da lei, está disposto a tornar-se “como sob a
lei” a fim de ganhar os que estão sob a lei. O fato de assumir esta notável
posição como que para remover as barreiras do evangelho, sem mudar sua posição
sobre a salvação, à parte das obras da lei, deveria alertar-nos para a
realidade de que ele também pode acomodar as normas sociais dos judeus e
outras, concernentes às atividades públicas das mulheres, sem mudar sua
posição, que é a da igualdade entre homens e mulheres. Se algumas pessoas do
período de Paulo pensavam ser vergonhoso que a mulher falasse em público, ou
aparecesse em público sem um véu facial, ou usasse o cabelo solto caindo sobre
os ombros, quais são as implicações do fato de que, em nossos dias, e em nossa
sociedade, é vergonhoso restringir as mulheres, tirando-lhes a igualdade com os
homens, e a total oportunidade de expressão? (1996, p. 172-173).
Ladd, discutindo a
aplicação da ética social de Paulo, conclui
a situação
cultural e a estrutura da Igreja são bem diferentes do cristianismo do primeiro
século, e o crente moderno não pode aplicar os ensinamentos da Escritura num
relacionamento de igual para igual, mas deve buscar a verdade básica que subjaz
às formulações particulares em o Novo Testamento (1985, p. 489).
Tempos passaram-se e as
culturas e sociedades se se alteraram. O Ocidente sofreu grandes alterações
nestes 21 séculos que o separam do Novo Testamento. Nas três questões éticas
discutidas, o Ocidente firmou a monogamia, eliminou a escravidão e deu todos direitos
às mulheres ao ponto de quaisquer delas virarem chefes de Estado. Com estes
progressos sociais foram conquistados justamente pela tradição cristã de suas
sociedades. Estes progressos não aconteceram nos países de tradição hinduísta,
budista, muçulmana, e de outras religiões. Se quaisquer países destas tradições
adotaram estes avanços foi por conta da influência do Ocidente. É neste novo
contexto que se deve entender os ensinos de Paulo e de toda a Bíblia acerca do
ministério pastoral feminino.
Precisamos
entender que nos dias de Paulo o fato de uma mulher falar em público e ensinar
na igreja constituía um problema moral que trazia vergonha à igreja e ao
Senhor, impedindo as pessoas de virem a Cristo. Mas isto não constitui um
problema na maior parte das sociedades de hoje, pelo menos no mundo ocidental.
Na verdade, a situação sofreu uma reversão: proibir uma mulher de ter a mesma
dignidade e oportunidade na Igreja de que ela desfruta na sociedade constitui
uma pedra de tropeço para muitas pessoas. Portanto, ao tentar honestamente
fazer a mesma aplicação (o silêncio das mulheres) em vez de seguir o mesmo
princípio (evitar a vergonha e a desonra sobre o marido), cometemos hoje o
mesmo erro que Paulo procurou evitar, isto é, ofender as sensibilidades morais
das pessoas e impedi-las de aceitar o Evangelho (LIEFELD, 1996, p. 170-171).
As restrições bíblicas
que barrava a mulher de ser pastora no período do Novo Testamento aboliram com
a alteração das tradições das sociedades. As exceções das cartas paulinas eram
prendidas a mulher não cursar escolas como eram de tradição aos homens, que
somente a eles eram permitidos, ou seja, a mulher não tinha informação igual ao
homem, na cultura e na sociedade daquela época.
Ainda sendo flexível aos costumes culturais
Paulo não quisesse ser pedras de tropeços Paulo, aos costumes culturais de sua
época para não “por tropeço” à pregação do evangelho, compreendia que, em
Cristo, o novo tempo de Deus havia começado a nova era e então perdera a velha
era de Adão. Seus ensinos e sua prática de vida igualaram homens e mulheres no
Reino de Deus. Atualmente, quando as práticas culturais foram mudadas e as
mulheres assumiram seus direitos igualitários mulheres e homens, caíram por
terra às exceções paulinas para o ministério pastoral feminino, mas
permanecerão, para sempre, os princípios do Reino de Deus, a nova era de
Cristo, pelo qual ele sempre lutou: “não há judeu nem grego; não há escravo nem
livre; não há homem nem mulher; porque todos vós sois um em Cristo Jesus”.
Então nesta nova era de Cristo, apesar de aqui e agora tenha invadido a
presente era má, não chegou à consumar-se. Próximo de sua morte, ao escrever
sua segunda carta ao pastor Timóteo, ele, portanto se expressa sobre esta
consumação e sobre a vivência aqui e agora: “e o Senhor me livrará de toda má
obra, e me levará salvo para o seu reino celestial; a quem seja glória para
todo o sempre. Amém. Saúda a Priscila e a Áquila e à casa de Onesíforo” (II
Timóteo 4.18-19)
4 CONCLUSÃO
A inquirição nos
escritos e teologia do apóstolo Paulo aborda da probabilidade de ordenação de
mulheres ao ministério pastoral feminino abalizou aberturas para desvendar seu
pensamento.
Existem três textos
relevantes nos escritos paulinos: Gálatas 3.26-29, I Coríntios 11-14 e I
Timóteo 2.8-15. No primeiro texto (Gl. 3.26-29), Paulo apregoa um princípio
bíblico muito importante que supera a área da soteriologia: “em Cristo Jesus,
não há homem nem mulher”. Este é um princípio que, pelo seu valor, conduzirá as
demais orientações. Nos outros textos (I Co 11-14 e I Tm 2.8-15), ele abrevia a
atuação das mulheres na igreja, em particular na área da direção pastoral.
Assim ele o faz com base no que diz respeito à cultura da época que viveu
porque era fortemente patriarcal. Mas, mesmo assim nestes textos, ele equilibra
a situação subordinada da mulher, faz lembrar acerca dos princípios e posição
dos que estão “em Cristo”.
A teologia paulina faz
referência de duas eras: a atual que procede da queda de Adão e onde junto
estão e a nova era que foi inaugurada por Cristo com sua morte e ressurreição.
Esta nova era, que nós chamamos Reino de Deus, escatologicamente invadiu a
história e formou um povo: a Igreja, comunidade daqueles que creem em Jesus
Cristo. Acontece que a Igreja vive em duas eras ao mesmo tempo e deve concordar
estas vivências. Existir na nova era de Cristo significa obter os princípios
desta nova vida, que é a de Deus. Viver na era antiga significa discernir,
dentro de cada sociedade e cultura, o que é bom e o que é mal. Este
discernimento induz a Igreja a ficar conformada com os costumes locais e
temporais, mas com o firme desejo de modificá-los sempre de acordo com os
princípios superiores da nova era em Cristo. Três costumes da época de Paulo
são apresentados: a poligamia, a escravidão e a subordinação da mulher na
sociedade e na Igreja. Para cada um desses problemas, Paulo pode conviver, pois
são costumes sociais da presente era. Ele faz isto com o firme propósito de não
colocar “pedras de tropeço” na Igreja a fim de que o evangelho possa ser
pregado sem restrição e mais pessoas sejam salvas. Mas, ao mesmo tempo, sua
orientação provocará uma erosão das bases filosóficas e ideológicas que
sustentam estes costumes.
Por princípios
superiores da teologia paulina levam ao entendimento de que a mudança da
cultura da sociedade leva a uma nova postura da Igreja. Se, no primeiro século,
era vergonhoso para a mulher falar em público e liderar homens, tal vergonha
não existe mais. Pelo contrário, hoje é vergonhoso proibir a mulher de fazer
tais coisas. Continuam de pé os princípios paulinos de que não devemos colocar
“pedras de tropeço culturais” para que as pessoas venham a Cristo e que nele
“não há homem, nem mulher”.
Encontramos mais uma objeção frequente a esta interpretação do Apóstolo
Paulo sobre mulheres no ministério é em relação às mulheres que ocupavam
posições de liderança na Bíblia, principalmente Miriã, Débora e Hulda no Antigo
Testamento. Esta objeção falha em perceber alguns fatores relevantes. Primeira
Débora foi à única juíza entre 13 juízes homens. Hulda foi à única profetisa
mulher entre dúzias de profetas homens mencionados na Bíblia. Miriã era irmã do
profeta de Deus, com a liderança e era por ser irmã de Moisés e Arão. As duas
mulheres mais importantes do tempo dos reis foram Atalia e Jezabel – e foram
péssimos modelos de boa liderança feminina.
Seria com embasamento nesta personalidade que vieram a introduzir
no Novo Testamento? Mais ainda, porém, a autoridade das mulheres no Antigo
Testamento não é relevante para a questão, nenhuma mulher constituiu
sacerdotisa em Israel, ainda que as filhas de Jetro e Débora e outras
eram pastoras de ovelhas isso não significa que ovelha fosse o povo de Deus,
então o sacerdote era o cuidador do povo de Deus e não de animais que não tinham
almas nem espirito, Gn 29.9fala de Rute como pastora de ovelha. O livro de 1
Timóteo e as Epístolas Pastorais apresentam um novo paradigma para a igreja o
corpo de Cristo e esse paradigma envolve a forma relevante de autoridade para a
igreja, não para a nação de Israel ou de qualquer outra entidade do Antigo
Testamento.
Este TCC trabalhou a
visão paulina sobre o argumento ministério pastoral feminino investigar se
Paulo deixou alguma abertura ao ministério pastoral feminino. O prolongamento
dos estudos deste assunto é de grande relevância e pode adotar dois caminhos: o
primeiro é estudar como este assunto é tratado pelos outros escritores da
Bíblia, olhando, sobretudo o pensamento e a obra de Jesus. Um segundo caminho é
embrenhar-se a pesquisa para saber se, no pensamento paulino e bíblico, há
diferença na subordinação da mulher ao marido na família e a subordinação
feminina na Igreja e na sociedade nos dias atuais.
CONCLUSÃO DE GALATAS PARA PESQUISAR MELHOR COMO PALAVRA
A passagem de Gálatas 3.26-29 é um dos pilares da teologia paulina, enfatizando a unidade fundamental e a filiação divina que os crentes adquirem em Cristo, independentemente de sua origem étnica, status social ou gênero. Paulo confronta as divisões e a ênfase na lei mosaica que ameaçavam a jovem igreja da Galácia, oferecendo uma visão radicalmente inclusiva do povo de Deus.
Filhos de Deus pela Fé em Cristo Jesus (v. 26)
Paulo inicia afirmando que todos os que creem em Cristo Jesus se tornam filhos de Deus pela fé. O termo "filhos" (grego: huios) denota uma relação de pertencimento, herança e intimidade com Deus, em contraste com a ideia de escravos sob a lei. Essa filiação não é alcançada por ritos, obras ou ascendência, mas exclusivamente pela confiança em Jesus Cristo. É um status conferido pela graça divina, que transcende qualquer mérito humano.
Revestidos de Cristo pelo Batismo (v. 27)
O versículo 27 introduz a imagem poderosa de ser "revestido de Cristo" por meio do batismo. No contexto antigo, vestir uma nova roupa simbolizava uma mudança de status ou identidade. Assim, o batismo não é meramente um rito externo, mas uma incorporação profunda na pessoa de Cristo, uma união mística que transforma o indivíduo. Ao serem revestidos de Cristo, os crentes compartilham de Sua justiça, Sua identidade e Sua relação com o Pai. Essa nova vestimenta espiritual apaga as antigas marcas de diferenciação e estabelece uma nova realidade.
Abolição das Distinções Humanas (v. 28)
O ponto culminante da passagem é o versículo 28, que declara a abolição das principais distinções sociais e culturais que dividiam a humanidade na antiguidade:Judeu nem grego: Desfaz a barreira étnico-religiosa mais significativa da época. A salvação não é mais privilégio de um grupo racial ou religioso específico.Escravo nem livre: Rompe com as hierarquias sociais e econômicas. Em Cristo, tanto o cativo quanto o senhor têm o mesmo valor e acesso a Deus.Homem nem mulher:Elimina as distinções de gênero que historicamente resultavam em desigualdades e subordinação. Em Cristo, homens e mulheres desfrutam de igual dignidade e participação plena na comunidade da fé.
É crucial entender que Paulo não está negando as realidades biológicas ou sociais, mas afirmando que, "em Cristo Jesus", essas distinções são irrelevantes para a nossa identidade e valor diante de Deus, bem como para a nossa posição na nova comunidade da fé. A comunhão com Cristo supera e transcende as categorizações humanas, criando uma nova humanidade unificada.
Herdeiros da Promessa (v. 29)
Finalmente, o versículo 29 conclui que, se pertencemos a Cristo, então somos descendentes de Abraão e herdeiros segundo a promessa. Paulo reconecta os gentios crentes à história da salvação, argumentando que a verdadeira linhagem de Abraão não é definida por laços de sangue ou pela observância da lei, mas pela fé em Cristo. Através de Cristo, a promessa feita a Abraão – de que por meio dele todas as famílias da terra seriam abençoadas (Gálatas 3.8) – se cumpre plenamente. Essa herança inclui todas as bênçãos espirituais e a participação no reino de Deus.
Em suma, Gálatas 3.26-29 é uma poderosa declaração da graça inclusiva de Deus, que, por meio de Cristo, derruba todas as barreiras humanas para criar um povo unificado e igualitário. A fé e o batismo em Cristo Jesus conferem uma nova identidade de filiação divina e herança espiritual, estabelecendo uma comunidade onde as antigas divisões perdem seu poder e significado.
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