HISTÓRIA DA HUMANIDADE – DOCUMENTÁRIO Nº 403
O ESTUDO DAS
RELIGIÕES E AS VÁRIAS ESCOLAS DOCUMENTÁRIO. (Enciclopédia Ilustrada - Trópico pag 1369 Martins Vol VIII)
A religião
está na base da vida de cada povo; regula as relações sociais entre os homens e
lhes consagra os momentos da existência. O fenômeno religioso possui uma origem
psicológica única, determinado por aquele sentido que impele todo ser pensante
a estabelecer uma relação intima com um espirito superior, a divindade, da qual
reconhece o domínio e com a qual ama sentir-se unido.
Submetendo-se,
por instintiva sujeição, as leis do ser supremo, o homem procura estabelecer
com ele as melhores relações e procura, por meio de preces, promessas e
sacrifícios, esconjurar-lhe a cólera e obter-lhe a proteção. Todavia, se o
senso ou sentimento é fenômeno humano e social comum a todos os povos da terra,
os modos de imaginar a divindade, os ritos e as práticas individuais e
coletivas para propiciá-las, foram e são
diferentes entre civilização e civilização, entre povo e povo.
Em busca das
origens da fé e suas várias manifestações, pretende o Estudo das religiões
pesquisar, como sempre o fez em todos os tempos, com o maior interesse.
Poder-se-ia até dize que tal pesquisa segue o processo geral do pensamento
humano, mesmo se associando a outros estudos e completando-se com ele.
Entre os
historiadores da antiguidade, que se preocuparam com as religiões dos povos,
deve-se citar Heródoto (século V a. C.) que descreve estranhos cultos
praticados em longínquos países, assimilados, como afirmaria mais tarde
Plutarco, pelo mundo grego-romano. Outro historiador notável é Santo Agostinho
que, em “De Civitate Dei” ao defender a verdade cristã, examina, embora
brevemente, as demais religiões.
Com a
Renascença e com as grandes descobertas geográficas, aumento a curiosidade de
estudar as diferentes manifestações religiosas também em relação às populações
cuja existência recentemente se conhecera. Todavia, um verdadeiro e próprio
estudo das religiões cientificamente aprofundado, teve inicio somente no século
XIX, que viu a vitória da pesquisa científica em todos os campos do saber
humano.
Nos
oitocentos, graças às pesquisas e aos documentos fornecidos por filósofos,
teólogos, historiadores, arqueólogos e etnólogos, foi finalmente possível, com um processo ordenado e sistemático,
reconstruir o desenvolvimento dos fenômenos religiosos. No intuito de integrar tais pesquisas, os
estudiosos dirigiram sua atenção para aquilo que os missionários e os
exploradores vinham relatando sobre os costumes dos povos selvagens com quem
estiveram em contato, considerado que estes poderiam ser os continuadores de
concepções pré-históricas ainda existentes.
Surgiram
assim, várias escolas e teorias, cada uma delas procurando explicar a seu
próprio modo a origem das religiões. Para citarmos somente as mais importante,
mencionaremos a Escola Filológica, assim denominada porque seus representantes
se restringiam apenas a documentação literária (e por isso muito avançada em
confronto aos primitivos), relativa as religiões indo-europeus; segundo o maior
expoente dessa escola Müller, o sentimento religioso teria despertado no homem
sob a impressão dos fenômenos da natureza; a religião teria percebida, ao
inicio, de maneira vaga, sem uma precisa concepção de divindade (chamou de
(Henoteísmo) e somente sucessivamente se passaria a concepção de um Ser supremo de ilimitado
poder (Monoteísmo) ou de várias potências (Politeísmo) com florilégios
Mitológicos. Mas a teoria agüentou muito parcialmente a critica porque, se
podia ser considerada válida para os povos indo-europeus de cultura mais
adiantada, não se poderia aplicá-la às populações inferiores e primitiva do
mundo todo.
Em meados do
século dezenove, sob a influencia do Evolucionismo materialista (teoria
defendida por cientistas como Darwin e Von Naegeli) surgiu a Escola Antropológica,
que situou as religiões na base das observações sobre selvagens viventes. Segunda teorias expressa por essa escola,
algumas práticas religiosa em uso entre os selvagens encontram-se ainda hoje
(creio) povos que alcançaram alto grau de civilização.
Isso
significaria que religiões superiores teriam evoluído após passar por um
estágio inferior de que as citadas sobrevivências seriam a prova. Em nítido
contraste com a Escola Antropológica
está Escola Histórica, a qual não
admite pressupostos nem conclusões teóricas, mas exige que os estudiosos
enfrentem a pesquisa baseando-se exclusivamente na realidade histórica dos
documentos e sigam um processo lógico,
despido de preconceitos.
O mérito
dessa escola é ter trazido a luz o fato de que também em populações viventes,
em um estado ínfimo de civilização, se encontram concepções religiosas puras e
elevadas. Outra contribuição ao estudo geral das religiões foi dada pela escola
Sociológica, a qual pôs em relevo a influencia que a sociedade religiosa exerce
no individuo e reconheceu a tendencia de toda religião em se organizar-se em comunidade (ou igreja).
Foi, ao
invés, concordentemente combatida a outra teoria dessa escola, segundo a qual a
religião não seria mais do que um fenômeno social e, o “senso da divindade”,
uma necessidade das massas e não do indivíduo.
COMO SE
DISTINGUEM AS RELIGIÕES DO MUNDO (Caracteres comuns)
Quem queira
traçar um quadro das religiões do
passado e do presente deve, antes de tudo, classificá-las em duas grandes
categorias: religião inferiores, entendendo-se por “inferiores” aquelas mais
pobres de conteúdo espiritual, caracterizadas pelo seus ritos rudes e
superstições, e religiões superiores, inspiradas em conceitos morais e
sustentadas por elevados princípios dogmáticos.
Outra diferença
de capita importância é aquela que diz respeito à concepção do Ser divino, pelo
qual se distinguem as religiões monoteístas daquelas politeístas. No
Monoteísmo, realmente, a divindade é concebida não só como uma mas como
conclusiva. Somente de seu poder, que é ilimitado, depende a origem do mundo e
de sua existência; somente dela se aguarda o juízo final para todas as obras
terrenas.
Diferente é
a monolatria, que mesmo admitindo várias divindades, dirige o culto para uma
só. Oposto à concepção monoteísta é o Politeísmo, segundo o qual atributos
divinos e poderes são distribuídos entre vários deuses. Não menos importantes é
a diferença entre religiões reveladas isto é, patenteadas pela própria
divindade, e aquelas não reveladas, que surgem como o resultado de um processo
espontâneo, baseado nas inatas
disposições do homem perante a
fé.
Mas uma
concepção não exclui necessariamente a outra
e até se encontram, geralmente sem contraste algum. Entretanto, na base
de qualquer forma de culto, subsistem alguns elementos comuns, que se encontram
seja nas religiões do passado seja naquelas do presente e nas religiões
inferiores bem como naquelas superiores:
a) A concepção de uma ou mais
divindades, superiores e independentes de qualquer forma humana;
b) O conceito de sagrado, pela qual a
divindade é respeitada e venerada. A ela se deve completa submissão e com ela é
possível comunicar-se espiritualmente;
c) A função religiosa, pela qual se adora e se propicia a divindade;
d) O ofício de um sacerdote, que
superintende ao culto e ao qual é confiada a custódia e transmissão da fé;
e) O sacrifício, que pode ser material
ou simbólico, e que é efetuado tanto para expiar os pecados como para impetrar
graças;
f) O lugar sagrado, ligado ao culto, que
pode encontrar-se tanto ao ar livre como em local fechado (templo).
Fonte de pesquisa: Enciclopédia Ilustrada Trópico - Martins, volume 8 páginas Nº 1369/70
(Continuação da série...)
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